14 julho, 2006

A santidade vem de Deus ou dos homens?

Tá certo que essa pergunta não deixa tão clara a resposta que deseja ter, mas entendi, ao ouvi-la do Paulo, um amigo, que a resposta esperada deveria ser dada em proporção.
Tipo: Santidade depende 49.99% dos homens e 50,01% de Deus. Ele queria saber matematicamente quanto o esforço humano somaria na sua busca pela santidade.
Confesso que quando fui questionado a minha resposta foi: “Que pergunta doida hein?”. A agora eu é que pergunto: “Porque doida?”. Não é esse um questionamento que todos tem?. E assim descobri que “eu” fazia essa pergunta há um bom tempo e que Deus já tinha uma resposta, mas eu não queria enxergá-la. Vamo lá!
A primeira coisa que pude perceber no meu coração, enquanto refletia sobre essa questão, é que sou extremamente tentado a responder que a santidade depende totalmente de Deus porque procuro uma justificativa para minha vontade de não fazer nada por ela.
Com esse incômodo ficou muito claro que a resposta não é 100% de Deus!
Mas quem é o homem? O que ele pode? O que ele consegue?
O Homem é pó! Não é nada e não consegue nada longe de Deus, a não ser fazer estratégias mesquinhas para se beneficiar egoisticamente. Essa é minha concepção de homem a partir de mim mesmo!
Mas como o Paulo fez a pergunta olhando nos meus olhos, penso que posso buscar dentro de mim uma resposta e que minhas experiências devem ser levadas em consideração.
Então ficou claro também que a resposta não seria 100% do Homem!
Já tenho duas respostas que, matematicamente, não se contradizem:
A santidade não “vem” 100% de Deus e nem 100% do Homem!
Então existe mesmo uma proporção? Mas o que é santidade?
Se eu me recorrer às minhas experiências responderia que a santidade é um fluir total de Deus no total do Homem.
E assim me parece que surge uma resposta.
Será que a santidade depende 100% de Deus e 100% do Homem?
Mas isso, matematicamente, é inviável!
Onde fica a ciência quando eu pergunto em que proporção Jesus era humano e era divino?
Onde fica a capacidade maravilhosa do homem de racionar diante de uma pergunta dessas?
Neste momento estou ouvindo uma música que diz assim:
“Sou humano demais pra entender que aqueles que escolheste e tomaste pela mão geralmente eu não os quero do meu lado...” (Fábio de Melo)
É a mais pura verdade! Os pensamentos de Deus estão muito mais altos do que os meus.
E isso não é um mero conformismo, é simplesmente minha realidade.
Não consigo entender Deus, definitivamente!
Dessa forma eu penso que minha resposta de que a santidade depende 100% de Deus e 100% do Homem não é contraditória ou simplista demais.
Só penso que ela é o máximo que posso chegar a refletir.
Deus é o dono de tudo, ele pode tudo e nesse mesmo poder escolheu que o Homem fosse livre.
O Homem tem um direito de escolha que não diferencia em nada do de Deus.
Deus quis assim! A liberdade é a base do Amor que Deus é e dá ao Homem.
Se, na minha condição de livre, eu não escolher ser santo, ninguém fará essa escolha por mim!
O máximo que pode acontecer é que eu posso ser usado na vida do outro e o outro pode ser usado na minha vida para esclarecer e vivificar o conceito de santidade.
Mas isso não muda em nada meu “poder” de escolha, ou seja, os 100% da santidade que dependem de mim continuam dependendo de mim.
Mas se não existisse Deus, a minha escolha valeria exatamente nada...
O que é a santidade a não ser o fluir de Deus em mim?
Isso prova os 100% da santidade que dependem de Deus.
Hoje tenho mais do que minhas duas certezas costumeiras:
Eu não sou santo e quero ser santo.
Hoje tenho a certeza que as crianças são mais santas do que eu...
Elas vivificam o conceito de santidade de uma forma muito plena...
Elas convivem bem com os 200% da origem da santidade...
Elas deixam que Deus flua na vida delas...
Quero ser como as crianças que não entendem nada de Deus e vivem tudo de Deus!
Será que é por isso que o reino dos céus é delas?

25 junho, 2006

pequena luz?

E se o pranto fosse feito tango
Que dançasse as formas de uma vida triste
E se a palavra fosse feito verso
Que exprimisse alegre o que ainda é triste

E se a distancia fosse feito amigo
Que a saudade emanasse choro mero e triste
E se a chuva fosse feito sol
Que invadisse com sua luz perfeita o meu quarto triste...

Oh luz!
Alta luz!
De onde vens que tenho medo?
Onde estás que não no meu escuro?
Pelo menos no que vejo

Oh tango, verso, amigo e sol!
Porque a tristeza te corrói?
Onde buscar a paz se a carência
É restrita de sonhos coléricos e desconcertantes?

Oh chave do céu!
Abre-me para a vida, abre-me para o certo!
Faz-me olhar na direção que acalenta
O meu interior sofrido de amor imperfeito

19 junho, 2006

E sobre as cores?

Elas que são flores, móveis e telepatias
Elas que abraçam, amenizam e quase curam
Uma profunda falsidade de avaliar os investimentos
Peraltas e dobrados de um ser inconstante

Elas que aquecem o verão
Elas que apedrejam o coração preto e branco
O coração cintilante
O azul escaldante de vontade quase própria

Elas que me chamam para fora
Elas que aterrissam no calçado pardo
Do sono profundo de um ser que não sou
Elas adulam a branca sede
De beber um copo maior do que minha mente

Elas que me enlouquecem
E redescobrem um pouco da verdade que pisca
No meu olhar pouco sincero.

Elas que são cores e quase me preenchem
Mas não respondem por elas mesmas
Não são auto-suficientes
Não são como Luz...

12 junho, 2006

Eu tenho um amigo


Eu tenho um amigo
Um amigo que não tem medo de mim
Um amigo que me conhece por minhas palavras
Um amigo que tenta me compreender

Um amigo que me chama atenção
Um amigo que me mostra quem é
Um amigo que me ensina a descobrir quem eu sou

Eu tenho um amigo
Um amigo que chora e tem ciúme
Um amigo normal, que me elogia e critica
Um amigo que se cansa e desanima

Eu tenho um amigo
Um amigo que ama
Um amigo que ouve e acolhe
Um amigo que me deixa ser eu

Um amigo que espera eu falar
Antes de aconselhar
E as vezes não dá conselho
Mas com o olhar acolhedor é Jesus pra mim...

Avalanche de verdades...

Hoje, mais do que qualquer outro dia, posso sentir uma avalanche de verdades sobre minha cabeça.
Essa cabeça que insiste em fingir que não vê a realidade...
Essa cabeça que sonha com um mundo que não existe e nunca vai existir!
Sonhar não é proibido, mas sonhar com mentiras é desinteligência...
Verdade, verdade, verdade...
Só ela pode me libertar!
E hoje, ela me surpreendeu, me desconcertou, me esmagou e triturou o meu coração...
Mas estou feliz, pois Deus não resiste a um coração contrito!

Te amo Senhor!

04 junho, 2006

Amigo, Alguém nos une...

Amigo
No meu simples sorriso
Vc vê o “eu te amo!” escondido...

Amigo
Com minha palavra corrida
Vc entende “como vai a vida?”

Amigo,
Como pode no meu olhar abatido
Vc ler “Conta comigo!”?

Alguém nos une
De uma forma bem diferente
Que é mais o meu bem o bem que te faço...

Alguém nos une
De um jeito estranho
Que vc vive tão em mim, mesmo distando nossas próprias casas...

Alguém nos une
De modo que os cacos de eu
Não são cortantes à sua capacidade de me amar...

Amigo, Alguém nos ama e nos une por esse amor...

28 maio, 2006

Sonhar acordado...

Acho que acordei de um sonho
Do sonho de mudar o mundo
Do sonho de mudar o mundo dos outros
Enquanto o meu dormia...

Acho que acordei de um sonho
Do sonho de que vivo nas nuvens
Do sonho de que vivo no céu
Enquanto a terra dormia...

Acho que acordei de um sonho
Do sonho da vida inatingível
Do sonho da vida giratória ao meu umbigo
Enquanto a morte dormia...

Acho que acordei para um outro sonho
O sonho de sonhar eu mesmo
O sonho de mudar a mim mesmo
Enquanto o orgulho dorme...

25 maio, 2006

todo pela fé...

Hoje contemplo a beleza da fé.
Com minhas faculdades humanas não sou capaz de conhecer nada na sua verdadeira essência.
Toda descrição que faço, por mais profundo que seja meu estudo, é um usar de palavras criadas pelo homem para caracterizar a natureza de alguém ou alguma coisa.
Estou sempre na busca por entender as coisas que estão em minha volta e não sou saciado nessa busca, pois não consigo conhecer a essência de nada, por minha total limitação humana.
Pela fé e somente pela fé torno-me um conhecedor, em essência, de Cristo. Não por algum esforço meu, mas pela graça que me é dada: pelo dom da fé. Sem a fé, meu conhecimento de Jesus seria mera especulação como faço com a maioria das coisas que julgo conhecer.
O que seria uma história de um homem que viveu há 2000 anos, disse palavras bonitas, morreu e ressuscitou?
Se não fosse pela fé, isso tudo não passaria de uma história, como tantas que ouço dizer!
Mas pela fé sou promovido a participante da vida de Cristo, que detém a verdade sobre tudo.
Hoje entendo mais o porquê da minha salvação pela fé. Por ela passo a ser conhecedor da verdade absoluta que está em Jesus e assim “domino” o mundo a minha volta.
Desta forma vivo livre, vivo salvo.

*Eu não encontro minha liberdade pela ciência...

15 maio, 2006

Breve Silêncio...













Preciso de silêncio
Daquele lento
Que a palavra quase não chega

Daquele de fim de festa
Em que qualquer bocejo
É um trovão em potencial

Daquele que meu peito teme
Por pensar que medo
Se cura com barulho

Preciso de silêncio
Muito silêncio
Apenas silêncio que entra e paz

É nele que meu abismo se encontra
Com a Luz que emana
O que sou de verdade

É no silêncio de estar sozinho
Que vejo o jeito sem pretexto
Sem paradigmas e talvez com estigmas

Eu voto no silêncio da língua cansada
No coração aberto
E na boca fechada

Silêncio de recém-nascido
Com suspiro e choro lindo
Esperança tão somente

Procuro pelo Silêncio
Silêncio da alma
Que no “sem som” se acalma
E distingue a voz do mundo...

Mais livre?

Um sábio amigo me disse que com o tempo eu entenderia que as pessoas não são aquilo que meu coração deseja que elas sejam, e hoje eu entendi...
Me lembrando sobre o valor das pessoas representados no livro da natureza, como explica Santa Teresinha, vejo que somos também flores na vida uns dos outros.
Pela exuberância dos grandes lírios, tende o meu coração a buscar sempre grandes lírios quando, em vários momentos, precisa da pequenez de uma violeta para se distrair.
Como eu queria ser grande lírio na vida dos meus amigos!
E como pensei que eles me quisessem assim também.
Posso ter sufocado a necessidade que eles tinham de um amigo pra jantar junto (pequena violeta) e eu, na minha inquietude, me apresentei com um amigo para a vida toda (grande lírio).
Seria possível todos os meus amigos serem meus amigos a vida toda?
Não da forma como eu entendia o que é ser amigo a vida toda.
Ser amigo não é necessariamente ser necessário em todos os momentos na vida do outro.
Isso não é amizade, isso é dependência!
Ai meu Deus! Como desejei que meus amigos fossem dependentes de mim, mesmo sabendo as conseqüências de um relacionamento assim, pois já as sofri na pele.
Não acreditava que bastava um “conta comigo!”.
Pensava que a confiança em mim cresceria proporcionalmente ao número de vezes que eu repetisse isso.
Fugi do extremo do “nunca dizer” para o de “dizer demais”. Extremos são perigosos!
Me dói saber que para alguns amigos, ainda estou no extremo do “nunca dizer”...
Com essa revelação também me deparo com as possíveis causas para tal carência e sou convidado à enfrenta-las!
Agora eu entendo por que, por mais que eu dissesse tudo de mim, algumas pessoas pareciam simplesmente não serem atingidas pelo meu amor.
Era simplesmente porque elas não precisavam do todo do meu tudo que eu ansiava em dá-las mais por minha vontade de ser conhecido.
Mas meu amigo precisava sim do meu todo numa parte que ele fosse capaz de assimilá-lo.
Isso não é coisa fácil de fazer!
Ah! O amor realmente é difícil, mas simples.
Não basta a minha vontade de dar amor. Devo também observar se é do “amor” que estou oferecendo que meu amigo necessita.
Espero um dia poder expor isso para meus amigos para que entendam um pouco das atitudes imaturas que tive algumas vezes.
Posso até ter tido consciência da minha amizade sufocante e algumas vezes até pedi desculpa por isso.
Mas hoje é diferente. Não entendo somente que minha amizade era sufocante.
Entendo a visão errada que tinha sobre o que eu mesmo poderia oferecer para os amigos.
Entendo que se um dia eu vier a ser um grande lírio na vida de alguém, não é porque eu o sou necessariamente.
E sim pela sua necessidade própria e visão de mundo.
Estou bem ciente de que Deus pode me usar como um instrumento de santificação, mas vejo o quão fraco é esse instrumento e o quão forte é Quem o maneja.
Pretendo ser, a partir de hoje, o que realmente sou na vida das pessoas. Não quero ser “melhor amigo”, mas amigo que realmente serve nas horas certas!
Ainda que essa hora certa aconteça somente uma vez!
Pela graça, me convencerei que cumpri o meu papel que pode ter sido o de distrair o amigo, assim como as pequenas violetas fazem tão bem nos grandes jardins...
Será que cheguei mais perto da verdade?
Nossa! Estou me sentindo mais livre...

03 maio, 2006

Folhas secas...

É sinal de inverno
Tempo de mudança
Algo bom vai acontecer
.
Ao contrário do que eu pensava
Tenho jeito, conserto e solução
Não do meu jeito, mas pela Santa Mão

Sentir-se surpreendido
Se alegrar com a dor
Se alegrar com um “NÃO!”

Eis o Seu grande poder
Eis a Sua diferença
Eis a Sua misericórdia...

Transforma meu pranto em riso
Dura meu sofrimento uma noite
Mas a alegria vem pela manhã

Que venha o frio!
Pois o amor de Deus é meu agasalho necessário
Vou lutar,
Quero morrer como as folhas secas
Que dão lugar aos brotos esperançosos...

01 maio, 2006

Esses sentimentos...

Tão confundidos e modificados
Pelo aparato raso da minha pouca visão
Tão misturados e confeccionados
Pelo pensar errado da minha fraca emoção

Pulam de galho em corda
Correm de roda e bamba
Chovem na horta alheia
As gotas de ressentimento e da palavra presa

Buscam no vão da vida
Uma brecha de escape torpe
Sonham com bons amores
E brincam de maus amores

Secam as minhas lágrimas
Com desculpas passageiras
Brigam com o bem da sorte
Lançado para moldar minha pessoa

Esses sentimentos...
Tão estranhos,
Tão rebanhos,
Tão pastores e tão ovelhas desgarradas

Esses sentimentos...
Um dia me levam
Um dia melhoram
Ou um dia pioram
A ponto de eu saber quem são...

30 abril, 2006

Falando a verdade e caçando dons...

É fato comprovado: o amor vive da verdade!
Não adianta esperar que ele cresça longe da verdade, pois isso nunca acontecerá...
Tenho questionado o amar e o dizer a verdade sobre meu irmão, principalmente quando se trata de uma necessidade de exortação.
Sei bem que preciso medir as palavras, mas penso que isso não basta.
E se ele ainda não entende a exortação como uma oportunidade de crescimento?
Estou aprendendo que antes de dizer a verdade sobre um “defeito” do meu próximo, preciso encontrar um dom que Deus o tenha dado.
Assim crio um vínculo maior com a pessoa do meu próximo.
Não serei apenas um exortador e um corredor do risco de confundir dada exortação com minhas vontades próprias.
Mas, se sou um caçador de dons nessa pessoa, sou um seu amante em potencial.
Busco olhar pra ele com os olhos de Deus.
É assim que Deus me enxerga...
Vê, ao mesmo tempo, todos os dons que tenho! Por isso não teme me dizer a verdade, visto que sempre tem um dom pra colocar no lugar daquele mal apontado.
Que eu seja assim:
Um falante da verdade, mas também um caçador de dons!

29 abril, 2006

o amor é livre...

O amor não tem pessoa,
hora,
jeito
e lugar certos para acontecer...
O amor só acontece...
O amor é livre...
E eu ainda o tento prender.
Que bom que ele não aceita!

28 abril, 2006

Terei notícias de um mundo melhor...

Uma homenagem à minha Inteira Amiga.
.
"O que é a distância para dois corações unidos em Cristo?"
(Ana Luísa)
.
Ela se foi...
Se foi pra voltar um dia, se assim Deus quiser!
Se foi pra cumprir sua missão de amar os povos e as vidas perdidas...

Na rodoviária,
Estava ela com duas malas grandes, um sacola de plástico
E um coração leve...

Coração desejo de viver o que nasceu pra viver
Coração na luta contra o comodismo e a desesperança
Coração firme, ainda que em dores, nos propósitos divinos...

Ah se toda despedida fosse assim!
Aquele sorriso sincero não deixou que as lágrimas fossem tristes...
Aquele sorriso puro foi sinal de muita segurança...

Foi pra mergulhar num mar conhecido e tão desconhecido...
Foi pra aprender um pouco mais sobre o amor, a dor e a saudade...
Foi pra transformar o incerto do mundo com sua certeza de querer o céu...

Vai Ana!
Vai ser sal no mundo
Temperar com esse seu jeito
A vida sem sabor dos que não conhecem o Amor

Vai Ana!
Vai ser luz no mundo
Iluminar com seu olhar caridoso
As trevas que se fizeram amigas dos que não têm O sentido...

Aqui eu fico, descobrindo mais o meu caminho...
Caminhando nesse que me ajudou a encontrar
Com suas palavras sábias, seu colo quente e sua paciência santa...

Com o seu ombro amigo,
E seu ouvido compreensivo
Me despertou mais para o amor verdadeiro...
Amor que cai e levanta, mas nunca desiste

Amor sensível como uma flor,
E ao mesmo tempo forte como uma barra de ferro...

O consolo que me resta
É sua própria vida!
Vida que não é mais sua
Vida que não é mais apenas vivida

Pois tem uma meta, um objetivo:
Levar vida!

Vida que leva vida
É pra isso que nasceu!

Posso não ter notícias suas
Seja pela fraqueza humana, seja pelo plano divino
Mas uma certeza eu tenho:
Com a Ana vivendo eu terei notícias de um mundo melhor!

Vivendo pelas metades...

E vou vivendo...
Metade eu e metade outra
coisa...
.
Metade humana que sonha,
Que anda, que corre e que ama
Metade pequena, estreita e de luz
.
Metade divina, da graça e da misericórdia
Cheia de perfeição e criatividade
Metade física e espiritual
Ligadas por colagem celeste
.
Metade forte e fraca na medida certa
Metade busca e inquietação em sintonia
Metade transparente de alegria
Metade carinho
.
Metade cuidado com o próximo
cheia de erros, mas de dons acertos
Metade crítica da própria metade
Que espera e confia na Palavra
.
E vou vivendo...
Metade outra coisa e metade eu...
.
Metade triste, sem vida e pobre
Metade egoísta que tanto teme a morte
Metade afastada, metade ancorada
Em rochas tão enganosas e de areia fina
.
Metade que mata o outro
Metade que inveja e anula a sua felicidade
Metade que não se contenta com ela mesma
Mas vive das alternativas oferecidas por ela mesma
.
Metade distante, tão longe...
Longe da plenitude
Da paz e passagem pura
.
Metade que não respeita
E que enfrenta o mundo para seu conforto
Inimiga da dor e do sofrimento
Surda para a Palavra
.
Na verdade eu não sei se são metades
O que digo e o que sinto...
Pois são tantas
Mas ao mesmo tempo duas...
.
Dois lados que lutam...
Lutam por dominar meu peito
Por dominar meu jeito
E meus sentimentos
.
Lutam pela casa própria
Cada um ao seu modo e à sua visão de morada
Espelhos opostos
Cortados pela agonia do arrependimento
.
Mas a metade de eu mesmo
Parece crescer...
Ainda que não perceba
É dela que escrevo agora.
.
Pois a metade outra coisa
Se acomoda e dorme o dia todo
Vem pra fora por interesse
E não muda seu mundo
.
A metade de eu mesmo
Planeja santidade,
Permite a humildade
E chora...
.
Ri com consciência
De nada ser e de ser amada
De pouco ter e de tudo poder
Naquele!
.
Oh vida vivida e perseguida!
Até quando estarás dividida?
Ainda que pouco reste em mim a metade trevas
Ela continua e continua...
.
Não que eu queira me conformar
Mas eu preciso dominar
Com a metade ou maior parte
Que deve ser a do coração
Hoje eu não sei quem domina...
.
E assim vou vivendo...
Metade eu
Que pelo amor há de crescer
e metade outra coisa
Que por amor há de morrer...

26 abril, 2006

Ciúmes...

Ciúme,
Tão esperado e tão confundido
Tão odiado por mim hoje
Por me fazer tão fechado no que não sou...

Pensei que era o amor
Amor que se importa
Amor que sofre
Amor que deseja bem...

Engano completo
Completo engano
Fui outro que queria felicidade tão somente
Por ela própria...

Egoísta eu não “era”
Até te conhecer em mim!
Hoje sou e como sou
Olho pro lado e só me vejo

Não quero sua companhia
Pelo menos na medida errada da sua presença
Não faço o bem
Não desejo o bem do outro

Se vc estiver ligado com a verdade
Pode ficar!
Mas se for continuar fingindo ser outra coisa
Me deixe!

De mentiras já basta o viver do mundo
De verdades é feito o amor de Deus
É esse que preciso ter
Verdade que sacia eternamente

Vc não se satisfaz
Vive de momentos estranhos
Vive na busca da limitação do outro
Vive tentando agradar seu próprio interesse

Eu te reconheço na minha vida
Mas não te quero
Estou encontrando a sua causa
E certamente vc procurará outro pra ser seu amigo

Espero que um dia vc se renda
Ao amor verdadeiro
Se renda à verdade de que vc
Não deve ser mais do que o bem do outro...
_____________________________________________
.
[Do lat. *zelumen lat. zelus gr. zêlos, 'cuidado'; 'ardor'; 'inveja'; 'ciúme'.]S. m.
1. Sentimento doloroso que as exigências de um amor inquieto, o desejo de posse da pessoa amada, a suspeita ou a certeza de sua infidelidade fazem nascer em alguém; zelos. [Nesta acepç. é m. us. no pl.]
2. Emulação, competição, rivalidade.
3. Despeito invejoso; inveja.
4. Receio de perder alguma coisa; cuidado, zelo: Guardou o retrato com ciúme.
5. Bras. N.E. Bot. Designação comum a arbustos ornamentais, da família das asclepiadáceas, de flores exóticas e aromáticas, vermelhas, róseas, lilás ou violáceas, e cujos frutos têm sementes arredondadas, castanho-claras, de filamentos sedosos, e com propriedades consideradas medicinais; flor-de-seda.
~ V. ciúmes.

25 abril, 2006

A dor que eu pensei não ser minha...

Como dói no meu peito
A dor do meu amigo
Dói mais ainda
Pensar que minha dor é quase desprezível neste momento...

Agora não sou eu que importa
Importa é o coração do amigo
Que dilacerado pelo pecado
Busca refúgio em algo fora de Deus

Não sei o que fazer
Chorar não basta
Chorar é quase desprezível
Amar eu não sei como

Orar,
Talvez orar seja a saída
Talvez orar seja a única saída...

Porque se eu falar
Eu vou chorar
E chorar é quase desprezível
Importa é o coração do amigo

Não devo aumentar sua preocupação
Não conseguirei explicar o porquê do meu choro
E choro sem explicação é melhor ser chorado sozinho...

Sozinho,
Fico sozinho com Deus
Sozinho,
Posso voltar naqueles lugares que fiz questão de me esquecer...

Pensando bem
Essa dor no meu peito ainda não é do meu amigo
Essa dor é minha!
Dor que revive o que sofreu

Dor necessária pra se libertar
E comprovar que a promessa se cumpre


Espero, amigo,
Sofrer sua dor verdadeira
Sem misturar com minhas lutas por não querer enfrentar o passado!

Senhor,
Cuida do meu amigo
Pois eu, só choro...
Choro a dor minha
Dor que já foi sofrida, mas não por completo!

Ver meu amigo sofrer
Posso ver que meu sofrer
Foi tão pequeno...

Que não curou!
Não curou a própria dor...
Que se acaba quando é sofrida com um sentido!

Hoje amigo,
Vc me dá sentido.
Sentido do amor que dói a dor do outro
Sentido do amor que precisa curar a dor própria...

Obrigado amigo!
Oro por vc!

Deus é com e por vc!

Hoje eu não sou quase nada
Além da minha dor
Que eu pensei que fosse sua...

24 abril, 2006

A Perfeição da imperfeição...

Como poderia ter consciência da imperfeição humana se eu não sofresse na pele as conseqüências dela? Hoje louvo a Deus por conviver com pessoas feitas de pó e, assim como eu, imperfeitas.
É pelas suas atitudes que posso refletir e sentir, um pouco, aquilo que os outros sentem em relação a mim, a elas e a eles.
Relacionamento é uma dádiva!
Onde abundam as imperfeições humana, superabunda a perfeição divina.
Quando essa age, já não sei isolar o erro.
Por mais mesquinho que seja o meu gesto, com Deus ele pode ser plenificado e assim assumir uma perfeição até então desconhecida.
Por mais imperfeita que seja a atitude do meu próximo e se eu estou em comunhão com o Amor, sou capaz de extrair de tristes situações ensinamentos para a alma, instrução para o céu.
Como é bom me relacionar! Do contrário não teria oportunidade de conhecer melhor a Deus.
É bom, ainda que de uma forma imperfeita, conhecer a perfeição que está em dar aos outros aquilo que não encontro no outro.
Quanto mais me relaciono com a imperfeição humana de amar, me relaciono com a perfeição Divina que é a fonte do amor!

20 abril, 2006

Compreendendo as exceções...

Tenho aprendido, definitivamente, que o amor não cabe numa regra!
Acho que ele tem muito mais exceções do que tudo...
Por ser totalmente particular a sua necessidade, não há possibilidade de uma generalização a cerca do seu desenvolvimento.
Hoje, olho pra mim, e vejo que muitas vezes sou olhado como uma regra.
As pessoas já sabem, muito bem, o que esperam de mim. Já prevêem as minhas atitudes e meu comportamento.
Mas quem são as pessoas pra acharem que me conhecem tanto?
Então mudo o foco: Que sou eu pra achar que conheço tanto as pessoas e posso esperar delas uma determinada reação à minha ação?
Pois não é diferente, em quase nada, a minha conduta com relação aos meus próximos.
Sofro quando não sou correspondido na minha expectativa.
E na maioria das vezes cobro do outro aquilo que eu faria em seu lugar.
Mas o amor é isso?
Não, não é!
O amor é compreensão!
Por mais esdrúxula que seja a atitude do meu amigo, não tenho o direito de cobrar dele aquela que eu teria na situação analisada.
Posso refletir junto se determinado comportamento condiz com o que ele tem buscado ou com sua verdadeira essência, mas não posso pensar que eu o conheço melhor do que ele mesmo!
É muito doloroso quando ajo de determinada forma e as pessoas não me compreendem.
Buscam em suas experiências o significado das minhas ações e não o encontram, então supõem, em grande parte das vezes, falsas certezas.
Por isso, quero tanto compreender as exceções!
Pra não fazer com que o outro sofra de uma dor que pode não leva-lo a refletir, mas a se fechar cada dia mais.
Se sou constantemente incompreendido, a minha tendência será de me esconder!
Se sou levado a refletir sobre as minhas atitudes e aprender com elas, a minha tendência será me revelar cada vez mais.
Não estou falando do famoso “passar a mão na cabeça”!
Acho que existe uma grande diferença entre o amor e essa maneira triste de abafar os problemas.
Falo sobre compreensão, que não quer dizer concordância total.
Falo sobre olhar pra mim mesmo, perceber minha imperfeição e entender que o outro também tem direito de errar.
Falo sobre o famoso reforço positivo da psicologia!
Falo sobre acreditar que o meu próximo pode mudar, apesar de ter agido “erroneamente”, assim como acredito que eu posso mudar.
Falo sobre amor verdadeiro que se propõe a viver junto a dor do outro, ainda que essa dor seja uma conseqüência de um pecado mortal!
Não compreender as exceções no comportamento do meu próximo muitas vezes é uma fuga do meu coração ao comprometimento que preciso ter nos meus relacionamentos.
A exceção do outro pode me incomodar, muito mais, por ser um convite pra que eu me abra ao novo do que por ser um erro em si!

15 abril, 2006

Todo, nada e o meu sentido...

Nada,
Sempre nada,
Muito nada e quase nada...

Todo,
Pleno todo,
Nele todo e amor todo...

Eu sou assim
Mistura matriz de um todo nada
Mistura pouca de um muito desconhecido

O evangelho é todo nada
Me incomoda e me conforta
Se encaixa no que sou...

Sou um vazio e preenchido
A medida que me esforço pela graça
Vazio do que era e quer voltar
Mas preenchido do que sou na verdade

Nada é o que era e o que ainda sou
Todo é que o sou e o que serei...

Para mim que sou dois, um, todo e nada
Jesus veio!
Para mim que sou nada
Jesus veio!

Para mim que sou todo
Não compreendo que Jesus veio!
Para mim que sou um
Não acredito que Jesus veio!

Para mim que sou dois
Sofro porque Jesus veio!
Para mim que sou nada
Compreendo que Jesus veio!

O meu sentido está em ser nada
Na verdade sendo todo
Todo é Dele e nada é meu

Ser todo Dele e nada meu
É meu sentido
Parece entendido

Mas meu nada não entende
Só quer o todo que o preenche

E o meu todo quer ser dele
Somente dele que o comprou

Se meu todo é nada e meu nada é todo
Sou de todo um nada que busca um todo
Que em nada busca e em todo busca
Que em nada encontra e em todo encontra...

A mudança que muda o mundo...

A dor está aqui
Não sei de onde vem e o que ela quer
Só sei que ela está aqui...

Dor de luz, dor de cruz, dor de amor
Dor de sol e chuva e de sabor incerto
Dor de paixão descontrolada e santa

E o que dizer sobre mim?
Sou o mesmo, não mudo, finjo que mudo
Ou mudo de uma forma que só eu perceba
Ou mudo de um jeito que a quem interessa não vê

Por mais que eu me esforce
Eu não consigo “mudar” e assim
A dor continua, a dor continua...

Uns dizem que sou bom
Mas pra quem eu gostaria de ser não sou
Isso dói simplesmente uma dor grande
Essa não diminui por ter apoio de alguns...

Diante da minha pequenez
Não encontro nenhuma solução
A não ser de viver a cruz e somente viver
Na esperança de mudança

Mudança que posso não ver
Mas mudança plantada
Com suor e lágrima, sol e chuva
E com olhar que não quero olhar...

No fundo é bom não ter crédito
Por mais que eu não mude, eu melhoro
Entendo o outro e amo o outro...
Purifico o meu amor na verdade

Na verdade que foge da minha
Foge do meu controle e do meu desejo
Amor é perder o controle
Amor é perder sempre...

Amor é chorar e calar
Amor é amar e não desistir
Amor é surpresa e chocolate na dor
Amor é amigo e amizade não correspondida

Pelo menos no meu desejo
Sou contrariado e sofro
Mas quem sabe de mim mesmo
Senão o próprio amor e suas várias faces?

Continuo,
Na dor eu persisto
Sinto Algo que me assegura
Algo que me pendura
Algo que não me deixa cair e quebrar os dentes

Algo que sonha em me mostrar sentido
Sentido na dor e no amor
Sentido na luz e nas trevas
Sentido e simples sentido...

Sentir que sou querido de verdade
Mesmo que minha força
Seja tão pequena e vã sozinha...

Sentir que sou amado por inteiro
Mesmo com tantos erros
Mesmo com a barriga feia...

Não será minha busca de amor
Uma forma de querer me contentar
Com aquilo que sou?

Obrigado quem não me entende
Agradeço por estimular minha mudança
A mudança que nunca aparece, mas é certa

Ah! Ela me espera...

No meu acho percebo enfim
Que hoje não posso ser eu
Devo ser eu mudado e experimentado
No amor de dor e consolação incerta

Só assim encontrarei o que procuro
A mudança tão sonhada
A mudança que não satisfará só a quem eu quero bem
Mas a mudança que muda o mundo...

14 abril, 2006

Quem falha, eu ou o amor?

Não tenho tantas experiências...
Não sou conhecedor de vários livros...
Mas pelo todo pouco contato que já tive com as vivências do mundo, não encontrei um amor tão perfeito como o que está presente no Novo Testamento!
Um amor de renúncia, exortação, carinho, compreensão, incondicional e pra todos!
Esse não é o modelo ideal de amor que sempre buscamos?
Eu digo por mim que sim, mas não poucas vezes não acredito que o meu amor pode ser tão perfeito assim.
Então me conformo com minha situação e acabo ficando na metade do amor que existe em mim.
Essa metade, que não é o amor verdadeiro, passa para as pessoas como se fosse um amor inteiro.
Sei bem que, por mim mesmo, não posso oferecer um amor tão perfeito para o meu próximo, mas posso, pelo menos, oferecer um amor que busca ser perfeito.

Tenho aprendido que a perfeição do amor está em sua busca e não na perfeição em si.
O amor não falha! Eu é que falho não acreditando na sua integridade.
É triste constatar que às vezes desculpo minhas atitudes como sendo de amor para com o irmão, mas na verdade desejo beneficiar a mim mesmo.
É triste não acreditar que se dou amor de graça aí é que serei feliz!
É triste perceber que desconfio do amor e me apego ao que posso ver e ouvir.
Parece que o exemplo de Jesus não basta! É estranho...
Qual outro exemplo seria melhor para representar o amor que doa e ganha muito mais senão o de Jesus?
Morreu pelo amor e ressuscitou logo em seguida! Isso é fantástico!
E ressuscitou glorioso e pleno, pois havia cumprido sua missão de amar até a morte, e morte de cruz!
Não será minha missão também amar até a morte, e morte de alguma coisa?
Tenho certeza que sim.
Se Jesus, detentor da verdade, se humilhou e foi o ultimo em tudo e quanto a mim?
Concluo com isso que sou muito falho.
O que não posso é deixar que minha imperfeição freie todo o poder que amor tem por si só.
O meu amor, ainda que morando em casa tão feia, se mirado ao coração do próximo com a intenção de beneficiá-lo será perfeito.
Não por mim, mas pela plenitude da graça salvadora que Jesus já me deu!
Ou não acredito que á medida que busco ser um evangelho vivo e autêntico Jesus passa viver em mim?
O amor não é falho porque não sou eu que o dispenso, mas é o próprio Amor!

09 abril, 2006

Sou responsável pelo que não cativo...

Não acho que o Saint-Exupéry esteja errado na sua bela afirmação de que somos eternamente responsáveis pelos que cativamos, só acho que se Jesus Cristo lesse “O pequeno Príncipe” pregaria: “Se responsabilizar pelo que cativo é o começo para a criação do meu senso de coletividade, ou seja, aos poucos me tornarei responsável não só pelo que cativo...”.
Difícil é ter consciência de que se um irmão no outro lado do mundo sofre por alguma injustiça, eu, que sou um cantador do amor e da justiça, tenho muito a ver com essa situação!
No entanto, em nenhum momento eu o cativei, ou melhor, nem o conheço...
Hoje me proponho a refletir sobre a minha responsabilidade pelos que não gostam de mim, ou seja, pelos que estão próximos à minha pessoa e não se sentem cativados.
O que tenho a ver com eles?
Tudo! Sinto a voz do amor gritando dentro do meu coração...
Dois tipos de amor são bem distintos em minha opinião: o amor afetivo e o efetivo.
O amor afetivo é aquele declarado com gestos ou palavras. São as manifestações diretas de carinho. São os “eu te amo’s” e presentes. Talvez seja o meu CATIVAR numa maior proximidade da palavra com a realidade de hoje.
No amor afetivo tenho a possibilidade do “feed-back”. Posso sentir a resposta daquele que estou cativando. E mesmo que ele não me dê resposta, posso ter a certeza de que está recebendo o meu recado de amor! Caminho numa certa segurança de que os meus atos não estão sendo em vão...
Já o amor efetivo é bem diferente! É um amor que praticamente não tem retorno nenhum. É tipo quando tenho que jogar o lixo na lata com ninguém me olhando...
É fazer sem esperar nada em troca.
É o trabalho dos pais para sustentar os filhos. É defender o seu amigo de comentários injustos ainda que ele não fique sabendo de nada. É ter uma ótima idéia para agradar alguém e passar essa idéia para outra pessoa fazer em seu lugar e receber todos os “méritos”. É orar por uma pessoa que nunca ficará sabendo dessa minha atitude.
Penso que os dois tipos de amor têm suas particularidades, mas nem por isso um tem uma importância maior do que a do outro.
Penso ainda que na questão de amar meus “inimigos” ou ser responsável por aqueles que não cativo devo trabalhar mais com o amor efetivo, não dispensando, é claro, manifestações de carinho ainda que não tenha nenhum retorno.
Pelo menos nas situações que vivo hoje, não acho que manifestar meu amor diretamente por gestos e palavras seria uma coisa que ajudaria no meu relacionamento com aqueles que são indiferentes a mim. Pelo contrário, poderia dar mais razão pra pensarem que faço isso pra conquistar seus corações como faço com as outras pessoas e depois as uso para meu prazer!
Preciso, portanto, amar de um jeito diferente! Amar escondido. Amar de um jeito tal que quando meu “inimigo” se der conta já estará envolvido desse amor.
Não foi assim que Jesus fez? Ou Jesus morreu na cruz só pelos que Ele cativou?

Se sou chamado a imitar Jesus, sou chamado a também morrer pelo meu inimigo...
Parece ser muito duro esse ensinamento, mas não o tenho visto assim!
O amor tem me surpreendido bastante!
Cada dia mais concluo que a solução é viver de verdade os dois maiores mandamentos: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesmo.
É assim que o amor tem se revelado muito mais leve do que eu imaginava...
Sempre pensava que me tornar responsável pelo que cativo fosse algo penoso demais!
Hoje vejo quão enriquecedora é essa missão.
Percebo ainda que tornar responsável pelos meus inimigos não é uma escolha, mas uma conseqüência do amor verdadeiro.
Quanto mais me aprofundo no amor, mas ele me dá tarefas para meu crescimento.
E essas tarefas não são peso, mas pacotes de ensinamentos...
São muito misteriosos os caminhos do amor, mas são revelados na hora certa!
Hoje, meu chamado, é aprender muito com os que discordam de mim. É perceber que se tem coisas em mim que o outro não gosta é porque ou devo “ensina-lo” gostar, se for uma coisa realmente santa, ou preciso mudar minhas atitudes.
Não me refiro a um ensinar insistente com ar de superioridade. Não é isso!
Mas a partir do momento que tomo consciência de que algo é bom pra mim preciso deseja-lo também para o outro, mas sabendo que ele terá um jeito muito diferente de apreender esse algo.
A minha abertura deve estar muito mais ligada ao mostrar que determinada coisa é boa pra mim mesmo do que querer impor que essa mesma coisa seja boa para o outro também.
O que é bom pra alguém deve ser bom pra mim só pelo fato de ser bom pra esse alguém e nada mais...
Ter pessoas que discordam de mim ao meu lado é uma oportunidade única de crescer no amor.
E devo estar bem certo de que são pessoas que não apareceram no meu caminho pra serem somente ajudadas, mas muito mais para me ajudarem.
Daí a minha grande responsabilidade com elas.
Os que não cativo são dádivas na minha formação do amor...
E me lembro de que o amor não se deixa prender pelo meu egoísmo, pois se ele cresce em mim consequentemente ele vai para o outro muito mais rapidamente.

Quero, Senhor, viver os teus mistérios de amor!
Ser fiel no primeiro chamado de te amar sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesmo, e assim descobrir o que tem por detrás desse mandamento que é tão contrário ao que o mundo me prega.
Oro pelos meus inimigos, pessoas que não cativo e pessoas que não se deixam cativar por mim.
Peço-te poder experimentar de situações que agucem o meu desenvolvimento de virtudes como humildade, paciência, alegria no sofrimento.
Agradeço-te por me escolher a também ser “vítima” do seu amor e me indignar cada dia mais com a falta de amor do mundo.
Pois assim tenho sofrido mais e consequentemente apurado o meu sentido para a felicidade.
A felicidade está nas pequenas coisas e o Senhor não cansa de me da-la!
Sinto que a cada tentativa de amar me aproximo mais da simplicidade...
Preciso da tua benção nesta busca!

04 abril, 2006

Sobre a "bela" escravidão...

Onde está a beleza senão nos olhos de quem a vê?
Onde está a beleza de um rato recém nascido?
Mas não foi Deus quem o criou?


É muito triste constatar o quanto sou atingido pela cultura da “bela” aparência.
Quem determina o que é belo?
O mais difícil é perceber que por estar “contaminado” pela ditadura da beleza, sou impedido de amar o meu próximo!
Se o seu rosto não está limpo como procuro deixar o meu, sou atingido por um incômodo egoísta!
Quero que o outro satisfaça a meu padrão de beleza, que por sinal tem sido o padrão do mundo: um padrão inatingível!
Será que em algum momento encontrei uma beleza que atendesse completamente as minhas expectativas?
Estou certo que por conhecer muito bem o homem Deus não permitiria que determinada coisa no mundo fosse detentora da beleza perfeita.
Pois certamente no segundo minuto depois que encontrássemos essa coisa perfeitamente bela seríamos tomados de um sentimento de mesmice e já procuraríamos outra que fosse maior...
Como Deus vê a essência e não a aparência assim quero ver!
Do contrário estou fadado à "bela" escravidão. O mundo foi criado por Deus e simplesmente é belo!
O que é criado pelos homens não detém a beleza plena, se é que detém alguma beleza...
Preciso estar ciente que dinheiro tem sido um indicador de feiúra...

A verdadeira beleza, só o céu conhece!

01 abril, 2006

Eu, a madrugada e minhas amizades...

O amor é simples!
E o que é ser simples?
Fácil e pouco profundo?

O que é a amizade?
Ser amigo é satisfazer desejos do meu próximo?
Ou ser amigo é satisfazer necessidades ainda que doa em mim e/ou no outro?

Hoje, em companhia da madrugada e rondado pelas tentações, reflito sobre as minhas amizades.
Será que são, todas elas, realmente amizades?
Pergunto, também, se elas são simples e se vêm do amor.
A primeira amiga que analiso é a preguiça.
Ela tem me acompanhado há muito tempo e dado vários conselhos nas horas difíceis.
Será que é minha amiga de verdade?
Acho que minha amizade com ela está enfraquecendo, pois tem sido cada vez menos prazeroso seguir os seus ensinamentos.
Ao contrário da paciência que começo a conhecer e me surpreendo tanto com o poder de suas instruções! Não falha!
O ciúme é outro amigo que não está me fazendo bem.
Percebo que cada vez que ele está comigo parece que fico cego, deixo de enxergar a beleza que está em minha volta.
A humildade quer muito se aproximar de mim, mas acho que o meu jeito a afasta.
Tem dias que estou perto dela, e é muito gostoso. Toda felicidade pequenina se transforma em plenitude.
Ela me diz que, se quero me encontrar com as pessoas, devo olhar pro lado ou pra cima, nunca pra baixo.
Olhando pra baixo eu só vejo eu mesmo.
Que instrução!
A Perseverança é outra que gostaria de conhecer mais...
Tenho notícias de que ela é realmente boa e que dá muita força pra seus amigos.
Nos poucos tempos que tive em sua companhia experimentei de uma paz realmente diferente.
Eu desconfio que seja a paz que Jesus disse que deixava com os discípulos.
Como não falar da impureza!
Essa é a mais engraçada e que me dá prazer mais rápido.
Mas ultimamente tenho percebido que depois que ela vai embora tem deixado um sofrimento que não me ensina muita coisa.
Parece um sofrimento seco, que só me larga depois que a impureza volta a ser minha amiga. Realmente tenho estranhado essa amizade. Ela não está me fazendo bem.
Um amigo que tem me ajudado muito é o sofrimento necessário.
Quanto aprendizado!
Ele tem sido meu companheiro quando as amizades ruins vão embora.
Mas dos meus amigos bons ele não se separa.
Vive falando comigo que o amor, com quem amizade mais desejo ter, só se aproximará de mim se tiver disposto a aceita-lo, o sofrimento necessário, de verdade na minha vida.
Confesso que não está sendo fácil, mas estou deixando que ele encontre lugar dentro de mim.
As vezes dói muito, mas quando penso que o amor está se aproximando, me animo outra vez.
A simplicidade é outra que tem me surpreendido a cada dia.
Que facilidade ela tem pra resgatar o sentido das coisas!
Quando começo a filosofar demais, ela me diz: Amigo, busque o significado das coisas dentro de você mesmo.
Por fim, olho para a madrugada. O que dizer dela?
Ela é quem está me deixando fazer essa análise que sinto me trazer algum crescimento.
Mas porque me acordou pra me levar a pensar? Não poderia esperar chegar o amanhã?
Ela está me respondendo que o amor tem pressa.
Agora eu pergunto para a madrugada: Você conhece o amor?
Com um sorriso ela está se despedindo de mim e posso ver o sono vindo lá de longe...
– Não estou te deixando! – Ela grita – Estou simplesmente te mostrando as diversas faces do amor...
A paciência está próxima de mim e diz:
– Calma! Um dia você entende...

31 março, 2006

Viver no mundo e não ser do mundo...

São Tiago escreve em sua carta que a amizade com o mundo é inimizade contra Deus.
Muito se fala que o cristão deve estar no mundo, mas não ser do mundo.
Mas como isso se dá?!
Será que sou chamado a romper drasticamente com tudo que é do mundo?
Percebo, olhando pra mim, que ainda existe grande confusão quanto a isso...
As vezes penso que se eu tivesse uma vocação pra ser monge as coisas seriam mais fáceis.
Mas logo vejo que em todas as vocações existem suas dificuldades.
Hoje, o meu chamado é ser um jovem diferente no
mundo atual, que tenha o amor como um projeto de vida e lute para que a Verdade reine nas ações.
Penso, que enquanto cristão, não devo simplesmente resistir ao quadro sociopoliticoeconomico da era moderna, mas, acima de tudo, propor uma nova realidade que nem eu mesmo tenho consciência dela, e as pessoas entendê-la-ão pelo meu jeito de viver.
Mas essa proposta cabe a mim, Renato, errado como sou?!
Não. Definitivamente não. Essa proposta cabe a Deus!
Muito facilmente esqueço que não faço nada de bom com minhas forças, mas é o Senhor que me torna capaz.
Defendo que estar no mundo e não ser do mundo seja apenas uma conseqüência do meu verdadeiro conhecimento de Deus.
É pelo conhecimento Divino que os valores são organizados no meu coração e passo então a sentir o mundo como uma escada para o céu...
O mundo está a meu favor, desde que minha visão sobre ele mude!
E essa mudança quem faz é o próprio Deus.
Não sou eu quem decide quando vai ocorrer, preciso apenas viver o que devo viver.
Tenho uma forte tendência de querer viver aquilo que vejo que no outro está dando certo sem saber qual o meu verdadeiro chamado.
Se paro e presto atenção à voz de Deus no meu interior posso perceber que para cada dia Ele tem um propósito pra mim...
Posso perceber ainda as coisas que devo perseguir com mais intensidade, defino as minhas prioridades e assim vou me transformado e conhecendo mais o coração de Deus.
Mas e o estar no mundo e não ser do mundo?
Bom, voltando ao assunto proposto...
Vejo que hoje o ser humano está evolvido numa sociedade totalmente pluralizada!
São inúmeras situações que precisam de uma decisão muito rápida: ou você age como cristão ou não!
Eu, por mim mesmo, não tenho a mínima possibilidade de tomar as decisões certas.
Sou um ser extremamente limitado e não vivo somente o mundo exterior, mas, sobretudo, o mundo interior que toma grande parte da minha atenção.
Será então que não devo me concentrar um pouco nesse mundo interior que reivindica a minha preferência?
Eu acho que sim! Vejo que a transformação do meu jeito de ver o mundo externo, que conseqüentemente definirá minha posição nesse, começa na medida em que me dedico a conhecer e viver no meu mundo interno.
Estarei, realmente, à parte do mundo externo quando nem pensar sobre ele...
Não é pensando que preciso viver no mundo e não ser do mundo que conseguirei!
Ou melhor, não é somente pensando!
Claro que nunca estarei isento de pensar, mas o que desejo reforçar são as minhas atitudes.
Como disse antes, defendo que nada faço de bom se não for Jesus fazendo em mim, mas de uma coisa eu tenho “controle”: posso decidir se quero ou não que Jesus viva em mim!
E minha proposta de olhar para o mundo interior e saber mais das suas necessidade me leva a reconhecer o quanto preciso de Deus! O quanto sou incapaz!
E a partir do momento que me abro, verdadeiramente, à ação divina começo a enxergar o mundo não como uma ameaça, mas como um meio de santificação.
O mundo não muda, mas o meu coração sim!
Então caminho com liberdade e sem perigo de ser agarrado por ele, sou seja, sem perigo de começar a ser do mundo, já que eu conheci e aceitei a defesa de Alguém maior.
Não quero com estes escritos invalidar a minha luta contra o pecado, não é isso!
Penso que a minha luta contra o pecado, passa a ser uma luta minha na medida em que conheço o meu mundo interior.
Do contrário, ela é uma luta não minha. É como se eu lutasse a luta do outro.
Porque meu amigo me disse que devo lutar, assim farei.
Será até quando suportarei essa situação?
Enquanto não ouvir o próprio Deus me chamando a ser Santo, não terei uma motivação plena.
É a voz suave e sedutora de Deus que me convence...
E essa voz eu escuto quando entro no meu mundo interior.
Deixo bem claro que muitas dessas palavras são meras suposições e não me surpreenderei se amanhã mesmo não pensar mais assim.
Como eu disse num dia anterior, estou em constantes mudanças...
Mas como disse no início deste texto, devo viver aquilo que sou chamado a viver, e hoje sinto que tenho que ter essa base de pensamento que foi apresentada!
Ainda estou muito amigo do mundo externo, mas a vontade de ter uma amizade sincera com Deus é cada dia maior.
Perco-me, ainda, na busca de fazer aquelas coisas que são do outro...
Perco-me, ainda, na radicalidade de evitar o mundo externo e ao mesmo tempo na vontade de agregar à minha pessoa alguns ganhos dados por ele.
Preciso limpar minha visão.
Preciso saber o que é o mundo, ao qual São Tiago se refere, pra depois desejar não ser amigo dele.

Se assim não fizer, corro o risco de desejar coisa errada!

28 março, 2006

Uma diferença...

Tenho aprendido que ser diferente é correr um grande risco de ser odiado.
A minha carne anseia pelo conforto da bajulação e meu espírito deseja ser amado verdadeiramente.
Ser diferente ou ser aquilo que Deus quer que eu seja é o começo da abertura ao amor verdadeiro que o próximo pode me dar.
O que me consola é o fato de Jesus não ter fugido dessa “regra”.
Ele foi diferente, extremamente amado e odiado!
Não quero com isso desculpar minha atitude indiferente àqueles que não gostam de mim.
Penso que fazer diferença está justamente neste ponto e volto ao difícil mandamento de amar os inimigos.
Apesar de me considerar semelhante ou pior do que meus adversários em fraquezas, de uma coisa eu me orgulho: da cruz de Cristo.
Sou conhecedor da cruz e assim libertado pela verdade que dela jorra.
Consigo olhar com outros olhos para meu inimigo, daí o porquê da aproximação caber a mim.

Pelo amor de Deus sou transformado num ser compreendente da dor.
Hoje, o sofrimento tem grande sentido na minha vida.
Não será essa a grande diferença do Cristão?
Se devo me orgulhar de alguma coisa, que seja a minha capacidade de ser apedrejado.
Não estou com isso defendendo que o cristianismo consiste no sofrimento.
Pelo contrário! O Cristão é chamado a entender o sofrimento pregado pela carne e pelo mundo, e assim descobrir uma felicidade completamente diferente.

E essa felicidade é pregada somente pelo espírito!
Se prego o sofrimento pelo sofrimento, não falo de uma diferença, mas de um fundamentalismo religioso totalmente contrário à liberdade que Jesus me oferece.
E se nego o sofrimento, nego a cruz do Salvador.
Percebo que a diferença está em como encaro a dor...
O autêntico cristão caminha com liberdade igualmente nos solos cobertos de flores ou cobertos de espinhos!

Que o Senhor me instrua no amor e no crescimento do próprio Jesus em mim!

27 março, 2006

Deus é e eu estou...

Observando o mundo e o mundo dentro de mim, percebo que estão em constantes mudanças...
Não me surpreendo se alguma coisa que hoje faz parte do meu ser, amanhã não fizer mais.
Estou sempre num processo de buscar quem eu realmente sou.
Em alguns dias eu encontro parte de mim e em outros perco...
Com Deus, isso é bem diferente.
Ele é o único Ser que não muda nunca!
Ele é...
Ele nunca perde nada ou ganha alguma coisa.
Ele é...
O que muda é o meu conhecimento de Deus e não posso pensar que por conhecer mais ou menos de Deus, Ele também seja mais ou menos do que realmente é!
A minha visão de Deus não interfere nada na Sua verdade.
Acredito que depois da queda o homem perdeu o contato com o que é de verdade...
Por isso, hoje, estou sempre buscando a mim mesmo em tantas coisas desse mundo...
E cada vez que me aproximo do Criador, percebo que minha verdade só poderá ser encontra Nele!
Deus é e sabe o que sou...
Se eu olhar para mim mesmo, não vejo o que sou, mas o que estou...
Hoje estou um ser incomodado com tantas coisas em mim mesmo e no mundo.
Hoje estou um ser que se decidiu pelo amor e sofre as conseqüências dessa decisão.
Hoje estou um ser totalmente fraco...
Talvez essa última visão a cerca de mim seja a que mais se aproxima da minha verdade...
O que sei é que me aproximo mais do que sou à medida que me abro ao amor de Deus!
Quando experimento o divino amor e o respondo amando o meu irmão, sou lapidado e lavado das aparências que o mundo me dá.
Assim caminho mais diretamente rumo à minha essência.
Em reconhecer que Deus é e eu estou vive a verdade que quer ser revelada dentro de mim mesmo...

24 março, 2006

Palavras perfeitas...

Na minha opinião existem duas palavras perfeitas:
Nunca e Sempre.
Seu uso e o de seus sinônimos só deveriam ser aplicados em relação à Deus.
Deus nunca erra!
Deus sempre ama!
As duas exclamações expressam uma perfeição que é sempre procurada pelos homens e nunca será encontrada pela busca em si mesma.
E assim tenho outro exemplo de frase perfeita!
Analisando bem, percebo que nessa posso usar as mencionadas palavras, já que estão relacionadas com a perfeição desejada que é o próprio Deus...

Nasci pro Céu...

Percebo que a maior parte da minha vida tem se resumido em ser derrubado pelo pecado e ser levantado por Deus.
Se essa constância de inconstância me incomoda profundamente, concluo que não fui criado para viver o meio termo.
Fui feito para o extremo ou totalidade!
Pela amarga tristeza das grandes trevas e pela alegria plena dos pequenos rasantes, tenho certeza de que nasci pra voar...
Nas mãos de Deus posso voar alto...

23 março, 2006

A dor da incompreensão...

E depois de chorar agora compreendo...
Que o meu chamado a sofrer não é uma brincadeirinha!
Na teoria tudo é muito lindo, mas na prática tudo é muito doloroso.
Já me propus a correr riscos, não seria agora o começo deles?
Hoje Deus me revela que pra levar a Palavra de Verdade preciso dar meu melhor, pois é isso que o outro precisa!
O outro precisa do meu testemunho.
Precisa ver com os próprios olhos que a luta que travo é vencida de uma forma impossível.
Preciso mostrar de onde vem essa impossibilidade...
Vem Daquele que me compreende verdadeiramente: Jesus.

Não posso me calar diante de tamanha compreensão Divina e da liberdade que me é oferecida...
Não devo buscar no outro uma compreensão dos meus gestos e palavras! Isso é uma cadeia!
Se algum dia encontro paz é porque o próprio Deus já sabe do meu limite e me compreende pelo olhar do meu amigo!
Mas a mim cabe a compreensão do outro!
Não devo busca-la, mas devo dá-la!
Deus sempre sabe aproveitar tanto das situações más quanto das boas para instruir as almas...
Devo me abster de ser instrumento das situações más.
Preciso ser uma pessoa compreendente das razões alheias, pois a incompreensão já é muito bem feita pelo mundo que não conhece a Deus!
Eu que o diga...

Homem não chora?


Ontem fui incompreendido,
Sem palavras,
Mas as palavras são dispensadas
Quando o olhar do amigo não entende...

O mundo se esvaziou
Pareci andar numa escuridão profunda
E num solitário labirinto de espinhos desfolhados...

A noite era longa demais
Pra suportar a dor da incompreensão
Gerada sem palavras
E por falta das palavras, doeu mais...

Pois o olhar dá pouca brecha pra se mudar de idéia
Ele já se coloca como o certo
O olhar transmite o que o coração pensa
Ainda que esse esteja enganado...

O que o coração realmente pensa?
Será que ele não pensa sempre o certo?
Porque seguir a voz do coração se ela engana?

Concluo que existem dois corações
O de Deus e do homem
É o primeiro que devo seguir
É o primeiro que me compreende...

Após entender tal verdade
O choro já não era pelo desprezo sentido na pele
O choro era pelo meu entendimento pouco
A cerca do Divino Amor...

Como posso buscar ser compreendido
Por criatura tão igual a mim
Que peca, cai e levanta,
Mas nunca com suas próprias forças...

Existem amigos que sempre compreendem?
Se eu o encontrar não mais soltarei.
Deve ser por isso mesmo que não o encontro,
Pra que Deus ocupe seu lugar...

Mas hoje pela manhã ainda cai.
Busquei nas palavras um refúgio
Achei que elas dariam brechas para a compreensão
E hoje, pela manhã, mais uma vez fui incompreendido...

Sei que sou todo errado
Mas o assunto mudou de lado
Já não falávamos mais de ontem
Falávamos das minhas feridas mais profundas...

Chorei de novo
Como em tão pouco tempo,
Apenas uma noite,
Eu já esquecera de quem me compreende verdadeiramente?

O choro chorou sozinho,
Sem nenhum humano carinho
Doeu, doeu e doeu...
Só então voltei a pensar no Criador

Criador, criador!
Porque és tão belo e sábio?
Pra te colocar no teu lugar renato
Ele me respondeu com voz suave...

Meu lugar é onde?
Pude ouvir sem demora outras palavras
Teu lugar é na minha mão
Mão que te criou e designou tua vida...

Só tua mão tem a compreensão?
Sim, pude sentir meu coração vibrar.
Esqueceste que desde antes de vc nascer eu te conheço?
Fui indagado no mais íntimo do meu ser...

Chora, meu filho, chora!
O choro te liberta daquilo que te engana...
Não liga pra essa história de que homem não chora...


Eu entendi...
Ainda não compreendi...
Pois ainda estou buscando no pecado a compreensão
Meu corpo não acreditou nas palavras do Senhor!

Perdão meu Deus,
Pelas tantas vezes que não compreendi o meu irmão
Pelas tantas vezes que por minha incompreensão
Ele pode ter buscado refúgio no pecado...

Se homem não chora,
É porque não entende que necessita ser compreendido.
Eu sou uma criatura desobediente
Que pecou, se arrependeu e chorando precisa de compreensão !

Entra meu filho,
Entra e chora!
O choro certo te traz a liberdade...

19 março, 2006

Sobre liberdade, amor e necessidade...

As minhas experiências e as alheia têm me mostrado quanto tempo eu vivi longe da verdade.
Longe da verdade que seria meu encontro com a plena liberdade que estou começando a desfrutar.
Pra mim, é muito claro o quão errônea é a concepção de amor no mundo atual. Usamos o termo amor para significar a nossa busca por uma felicidade que achamos ser a verdadeira: A felicidade de satisfazer as vontades próprias, e assim somos enganados e aprisionados.
Até certo ponto isso é entendível, pois é extremamente difícil acreditar que em abrir mão de meus interesses está o caminho para a minha felicidade plena.
Essa idéia é inaceitável até que me arrisco vive-la.
Um dia eu me arrisquei em morrer para meus desejos e hoje não quero mais viver de outro jeito.
A liberdade que desfruto é coisa simplesmente incomparável e tenho certeza que é a liberdade que Jesus me prometeu.
Infelizmente o amor pregado pelo mundo é um amor que sufoca.
Eu já estive dos dois lados: do lado de quem “ama” e sufoca e do lado de quem é “amado” e sufocado.
Percebo muito facilmente que ser “amado” e sufocado é muito mais incomodante do que o contrário.
Aprendi com um amigo que a necessidade que tenho dele é muito simples, ou muito pequena numa linguagem mais clara.
A abertura em me amar e a vontade de me compreender por parte do amigo já supre a necessidade que tenho dele.
A outra simples necessidade, mas maior que tenho na vida é de Deus.
É tolice pensar que as necessidades do outro e de Deus se confundem.
A de Deus somente Deus supre e a do outro, Deus sabe exatamente a hora e a “melhor” pessoa para estar do meu lado.
Não digo que ter necessidade de outro é uma coisa ruim.
Até o ponto que isso o mostra a minha vontade de amá-lo e compreende-lo em sua totalidade a minha atitude em reconhecer que preciso dele é completamente aceitável e boa, pois essa necessidade se confunde com a que tenho de amar...
Mas a partir do momento em que confundo a necessidade do outro com a que tenho de ser amado, já não distingo, com clareza, quem é Deus e quem é o outro na minha vida.
Somente Deus pode me amar e me preencher e uma da formas desse amor perfeito é o amor que o outro tem por mim.
É Deus que me ama através do outro...
Não cabe a mim, portanto, decidir quando serei amado pelo meu irmão!
Cabe a mim uma abertura total ao amor de Deus e uma abertura total em amar Deus e meu próximo!
É assim que a verdade vem sendo me revelada e hoje posso andar com mais liberdade no solo do verdadeiro amor...

16 março, 2006

A verdade foi dura demais...

Hoje pude constatar pela atitude de uma criança que a verdade é dura demais!
Faço um trabalho de educação musical com 20 crianças de 8 a 10 anos de idade num bairro carente de Viçosa e estou nesse projeto há umas 5 semanas.
E foi inevitável durante as aulas me identificar mais com algumas crianças...

E uma garotinha magrinha e com o cabelo meio loiro conquistou meu coração!
Com seu sorriso sempre aberto e sua meiguice meche profundamente com meu coração e me faz experimentar muito da presença viva de Deus nas crianças...
Quando cheguei pra dar aula fui recebido com um abraço da minha menininha Bruninha, foi muito gostoso...
Hoje levei um rap para analisarmos a letra e a música foi escolhida pelas crianças.
Um rap que denuncia à discriminação aos pretos e favelados!
Quando coloquei a música no rádio a Bruninha começou a dançar e meu coração ficou triste, pois percebi que algumas coreografias indecentes estavam "impregnadas" na meiga garotinha.
Logo a repreendi pedindo pra não dançar antes de ouvir o rap.
Percebi que ela ficou triste e ao fim da atividade eu frisei que devemos prestar atenção na letra da música antes de dançar, pois corremos o riscos de dançar de um jeito que não tem nada a ver com a mensagem que a música traz.
E isso atingiu a Bruninha!
Ela não imaginava que eu a desaprovaria em alguma atitude e nem eu pensei que seria necessário desaprovar em algum momento as atitudes daquela menina linda.
Mas foi preciso! E isso me doeu... doeu muito!
E quando fui despedi das crianças queria dar o costumeiro abraço na minha preferida criança e ela correu e disse que não ia me abraçar porque eu era um chato!
Nossa! Doeu demais meu coração...
Fingi que estava tudo bem e continuei me despedindo das outras crianças, mas meu coração estava quebrado.
Ao final de tudo, quando já estava fora da escola esperando o ônibus, a Bruninha apareceu na janela e disse: “Tchau seu chato! Não volte nunca mais!”.

Ainda tentei me desculpar dizendo que eu a amava do mesmo jeito, mas ela não me deu ouvidos...
Percebi que minha atitude de repreender a garotinha, naquilo que considerei como errado, foi muito dura para ela.
Mas com certeza essa verdade foi muito mais dura pra mim!
Espero que um dia ela me aceite de novo na sua convivência, mas se for preciso deverei ser o eterno chato em nome da verdade...
Doa a quem doer! Mesmo que seja a criancinha mais linda do mundo...
Pude entender um pouco do sofrimento de Jesus quando exortava as pessoas e era apontado como um chato.
Quanta dificuldade e dor existem no amar!

Quanto sofrimento em levar o sofrimento necessário para quem amo!
Hoje a verdade, saída da minha boca, foi muito dura comigo mesmo!

Senhor,
Eu sei que o amor vale à pena...
Mas não tenho forças para vivê-lo na integridade,

Dá-me forças!

07 março, 2006

Carona...

Até tentei continuar na sala de aula, mas as dores no corpo e a sensação de frio e calor simultâneas não deixaram que eu cumprisse meu papel de aluno...
Acho que um início de gripe!
Saí do PVB com a esperança de conseguir uma carona, fiquei no ponto por uns 15 minutos e nenhum "carro" se sensibilizou com o meu apelo.
O corpo parado e em pé começou a pesar e me senti pior do que estava...
Resolvi descer aquela reta que nunca esteve tão grande e refleti bastante!
Perdoei as pessoas que não pararam para mim, afinal, como elas poderiam saber que eu estava doente?
Ao mesmo tempo questionei a minha postura:
Quantas pessoas doentes da alma me pediram carona e eu passei direto?
A diferença entre a carona de carro e a de coração está na comunhão com Deus.

Quando essa acontece fico sensível ás dores do outro.
Assim percebo a hora certa e pra quem devo parar!

06 março, 2006

Extraordinário Ordinário...

Talvez uma das minhas maiores dificuldades esteja em não conseguir fazer muito bem as coisas corriqueiras do dia a dia.
Agora mesmo, que estou escrevendo este texto deveria estar prestando mais atenção na matéria que me é apresentada.
Sinto ainda que essa não é uma dificuldade somente minha, pois a professora foi obrigada a mudar os rumos da aula pela não preparação da maioria dos alunos.
Ser Santo no mundo é mais difícil do que imagino.
Viver a santidade é ter consciência da luta contra a mente hedonista que se desenvolve desde o meu nascimento!
Sei, claramente, que viver de uma forma simples tantas vezes me traz uma inquietação, uma vontade de viver extraordinariamente.
Jesus, apesar das algumas ações extraordinárias, nunca apresentou uma proposta de exclusão no mundo, fuga do ordinário, muito pelo contrário, nos chama a ser sal e luz no mundo, na vida normal!
Não adianta, não tenho outro lugar pra ser Santo!
Não tenho outras coisas e pessoas ao meu redor que me falarão de Deus a não ser as coisas e pessoas que estão ao meu lado!
Preciso entender que o Cristianismo veio me devolver o sentido do universo, compreender que tudo, exatamente tudo que eu faço tem um valor aos olhos Divinos: Desde o "Bom dia" que dou para meu amigo de quarto até o meu "tomar banho"!
Tudo, se feito por amor, constrói para a eternidade!
Senão, passa... somente passa...
Apesar de eu não ter dormido muito bem à noite por ter tido alguns pesadelos, o meu amigo de quarto continua sendo uma criatura amadíssima de Deus e o Espírito Santo continua habitando naquele coração e merece ser saldado no rosto desse irmão.
Quando tomo banho estou cuidado do corpo que me foi dado por Deus, e é por meio dele que posso viver o amor!
Do pensar ao falar órgãos trabalham dentro de mim, movidos pela força da vida ou de Deus, para que eu possa ser feliz !
Quantas vezes enxerguei o meu chamado a santidade como algo muito distante?
Quantas vezes me lembro de São Francisco, que viveu de uma forma extraordinária, quando ouço a palavra Santo!
Será que ele não começou sua luta no "vai e vem" dos seus pensamentos cotidianos?
Será que ele não começou sua luta fazendo bem o que deveria fazer?
Ou será que ele viveu em outro mundo?
Muitas vezes pensar em fazer coisas extraordinárias é reflexo da minha mente hedonista!
Por medo de sofrer as dores da simplicidade, procuro viver de sonhos que para serem realizados precisam de muito esforço...
Tento pular a fase do esforço, tento não enxergar o meu contexto social e imagino estar num mundo onde tudo conspira a meu favor!
Loucura a minha!
Não quero com isso dizer que a santidade se dá pelo meu esforço.
Acredito que só compreendo e aceito verdadeiramente a graça quando sou sensível e vivo as coisas mais simples da vida.
Santidade é não faltar a compromissos,
é fazer uma comida gostosa pra agradar a pessoa amada,

é jogar o lixo na lata quando ninguém vê, é escovar meus dentes com cuidado,
é perguntar para o irmão "Tudo bem?!" e não sair antes da resposta,
é conversar com Deus com mais liberdade do que converso com meu melhor amigo!
é ser apedrejado por não concordar com o sexo antes do casamento,
é ser despedido por não entrar no esquema de corrupção da empresa que trabalho,
é olhar no olho do irmão que ajudo na rua...
Enfim, na simplicidade do dia a dia estão minhas melhores oportunidade de viver o evangelho integral de Jesus!

Ou será que Jesus nunca pisou num espinho e foi tentado a xingar um palavrão?

25 fevereiro, 2006

A verdade é simples assim?

E a resposta é sim, muito simples!
Viver o evangelho na sua integridade não é nada complexo, pois a complexidade necessária já nos foi dada: Temos corpo, mente e espírito salvos pelo sangue de Jesus e prontos para viver o “amar e ser amado” para o qual fomos criados.
Viver o evangelho integral é viver a simplicidade do amor e reconhecer quem está por detrás disso tudo!
Não quero, com esses comentários, desmerecer a teologia, sociologia ou antropologia com seus discursos por demais complexos, às vezes.
Fico com uma palavra do próprio Jesus: “Daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.
À Ciência cabe o que é da ciência e a Deus cabe Deus!
Nada que eu diga, ainda que me recorra aos mais profundos estudos ou à minha visão de vida, é a verdade absoluta!
A verdade não é moldada pelas palavras...
A palavras fazem uma referência à verdade, mas essa está longe de ser entendida em sua essência somente pelo que ouço dizer ou digo!
A verdade está no amor, que é o chamado maior de todo ser humano.
É amando que sou livre a partir da verdade à cerca de mim mesmo dada pelo próprio Deus.
O que sou não é mostrado pelo que penso!
Eu não sou o que penso!
Posso pensar dizer a verdade quando passo longe dela...
Posso pensar ser um amigo quando sou um inimigo...
Posso pensar estar amando quando estou ferindo...
Posso pensar ser um Deus quando sou um pó...
O que sou, realmente, é revelado na minha simplicidade e humildade de não esconder minha miséria...
A verdade se dá num coração aberto à ser ferir!
A verdade se dá num coração que corre riscos, assim como Jesus correu!
Enquanto eu tenho medo do que os outros pensam sobre mim ou me incomodo com o que pensam sobre eles mesmos estou preso!
E se estou preso, ainda não conheci a verdade que me liberta.
E quando eu me esforço para entregar eu mesmo para o outro, expor meus sentimentos, misérias e dons, tenho a graça de ver com os olhos de Deus.
Olhos que enxergam a essência e não a aparência...
Olhos que enxergam a verdade pura e simples...
Posso estar equivocado com tudo que eu disse, mas as duas maiores certezas que tenho hoje: “Não sou Santo e quero ser Santo” foram-me reveladas em minha busca de viver a simplicidade!
Quanto mais sei da minha miséria nua, crua e verdadeira, mais sei do Deus simples e de puro amor!

Senhor, por favor, me dê a graça de ter minha liberdade presa à Ti,
Me dê a graça de ter minha verdade como continuidade da Sua!
Amém...

21 fevereiro, 2006

Minha experiência e a alheia...

Estou convencido de que meu coração foi feito pra amar...
Tenho entendido também que amar está muito ligado com o compreender na verdade...
A compreensão se dá a partir de uma análise inteligente das minhas próprias experiências e das alheias...
Acredito que meu coração tem dois lados distintos e ligados ao mesmo tempo: o lado que guarda a minha experiência e o lado que guarda a experiência do outro.
Precisa ser bem equilibrado pois a minha não deve abafar a alheia e nem essa abafar a minha...
Aí se encontra a grande dificuldade!
Como confundo as coisas!
Minha tendência é colocar no lado das próprias experiências as alheias ou não aceitar que meu coração tem a necessidade da vivência do outro!
Nada que eu faça vai preencher o espaço que já é do outro em minha vida...
Foi assim que Deus nos criou, seres “interligados” para se relacionarem e se descobrirem.
É claro que se não me relaciono com o Criador não me conheço e assim o lado da experiência própria fica vazio...
E se não tenho base, que é a compreensão de mim mesmo, não consigo colocar o outro no seu devido lugar na minha vida.
Nada que o outro faça vai preencher o espaço do meu conhecimento próprio, da minha “solidão”, pensamento sobre mim mesmo e sobre o Deus que me amou primeiro e me chama a amar.
O equilíbrio está em Jesus, definitivamente...
É Ele quem me ensina a olhar para o outro e ver alguém que tem muito mais pra oferecer do que imagino e ao mesmo tempo é tão limitado como eu.
O outro tem o próprio Deus ainda que disperso em meio às máscaras do mundo.
Mas vejo que o exercício sincero de encontrar Deus no outro é diretamente proporcional ao encontro que tenho com Ele em mim mesmo.
Em reconhecer que não vivo só com minhas experiências e que preciso ter minhas próprias experiências está o equilíbrio cristão.
Sou um e sou todos desde que eu saiba perfeitamente o Autor desse paradoxo miraculoso!

08 fevereiro, 2006

Impossibilidades humanas...

“Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem...” (Mt 5, 43-44)


Jesus nos pede coisas “impossíveis” para que não percamos o foco da graça.
Amar os inimigos é um exemplo.
Mas como faço para amar meus inimigos se não amo meus amigos de uma forma verdadeira?
Preciso ter como projeto de vida o amor para com os que não gosto. E conseguirei tal “façanha” desde que me prontifique a sofrer de amor pelos que são próximos a mim...
Ser habitado pela lei do espírito da vida é outro exemplo.
Preciso estar sob a lei “humana” (doutrinas), observando e vivenciando-as com amor e verdade, mas tendo como objetivo maior uma obediência primeira à lei do espírito da vida!
Em ambos os casos as metas “impossíveis” não são alcançadas quando buscadas diretamente.
Preciso me submeter a determinadas generalizações, mapeamentos, doutrinas e dogmas para desenvolver minha capacidade de comunhão com a Plenitude.
É no exercício da submissão que encontro o meu verdadeiro eu. Totalmente puro, manso e humilde como o seu criador.
Está em reconhecer minha miséria e “dependência” de uma Igreja cheia de doutrinas a minha busca por ser um verdadeiro cristão.
A vida em comunidade, Igreja, me proporciona amar meus amigos!
Em amar o próximo Deus usa de instrumentos certos para minha lapidação e venho a ser realmente um ser amante...
Sendo um ser amante sou mais sensível á lei do espírito da vida que me foi dada pela morte de cruz do Filho do Altíssimo!
Sendo mais sensível à lei do espírito da vida estarei livre dos julgamentos errôneos e conseqüentemente amarei meus inimigos que são tão ou menos fracos do que eu!

03 fevereiro, 2006

Elefante Azul...

Depois de uma conversa com um amigo, medito um pouco sobre a minha sexualidade...
Estou admirado com sua beleza!
Lembro-me também dos momentos difíceis dela. Momentos em que quis dominar tudo em mim.
Quantas vezes travei árdua luta, pensando ser esse o meu papel!
Devo lutar sempre, mas com as armas certas.
Hoje percebo que não só a minha sexualidade, mas qualquer outra paixão que queira dominar o meu coração, luta de uma forma desigual.
Ela tem as minhas experiências frustrantes à favor dela...
Preciso lutar com outras armas, e estas geralmente não estão em mim mesmo...
A cura da minha sexualidade não vem de dentro e sim de fora!
Muitas vezes me fixo na vontade de eliminar uma paixão e esqueço que quanto mais não quero viver nela, mais eu vivo...
É o mesmo que dizer: “Não pense num elefante azul...”
Enquanto eu não me abrir a novas situações que proporcionaram novos pensamentos ficarei pensando sempre no elefante azul.
Preciso estar aberto a ter prazer com outras coisas na minha vida.
Será que tenho consciência do quanto um diálogo sincero com um amigo pode ser prazeroso?
E vejo isso como um meio muito eficaz do Senhor de suprir a minha “necessidade” de prazer.
Como a leitura de bons livros pode me dar prazer! Como o carinho puro da minha namorada pode me dar prazer!
Como perceber os sinais de Deus na minha vida tem me dado prazer...
Estou na fase dos prazeres...
Mas no dia em que me ponho a buscá-los, com muita certeza, não os encontro!
São como as borboletas, quando tento pega-las fogem de mim...
Quando esqueço delas, pousam suavemente em meus ombros...
Que minha busca seja a simplicidade!
Que minha busca seja me aprofundar nos meus relacionamentos de uma forma verdadeira!
Que minha busca seja me entregar mais aos cuidados divinos!
Que minha busca seja estar aberto às novas situações de amadurecimento!
Assim minha sexualidade estará bem guardada e não servirá de fonte de compensação das áreas que não vão “muito bem” na minha vida...