15 dezembro, 2006

Sobre dúvidas e questionamentos...

“Uma alma que não duvida, não questiona e não busca por nada é uma alma leviana” (Santo Agostinho).

Maria, porém, disse ao Anjo: “Como é que vai ser isso, seu não conheço homem algum?” (Lc 1, 34).

Há um tempo atrás eu lia esse versículo e achava Maria uma descrente...
Como pode alguém questionar os planos de Deus?
De certo, nessa época eu ainda sabia muito pouco sobre mim mesmo...
Sabia quase nada da minha humanidade e como a santidade cresce nela e através dela...
O santidade não apaga a minha humanidade, pelo contrário, a enche de sentido...
Mas o que isso tem a ver com dúvidas e questionamentos?
Tem a ver porque duvidar e questionar é próprio da natureza humana, e cada vez mais descubro que através desses atos Deus se manifesta poderosamente na minha vida.
Com certeza, nunca terei todas as respostas que procuro neste mundo, mas buscá-las é preciso!
Não tem nada de mal na dúvida e no questionamento, o problema é se realmente estou disposto a enfrentar a “angustia” proveniente deles e se me comporto como alguém que quer encontrar...
Eu preciso ter um coração acolhedor para receber as repostas de Deus que tantas vezes são grandes surpresas pra mim...
Infelizmente a minha tendência é questionar e duvidar, mas sem dar uma chance de algo inusitado acontecer e atender aos meus anseios.
Procuro como quem já conhece o que procura... Isso não é bom!
Não me abro ao novo, não tenho um coração acolhedor como Maria teve...
Ela deixou que o anjo trouxesse uma resposta ao seu questionamento e então se confortou...
“Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” (Lc 1, 38)
Além do mais, quando eu duvido dou a oportunidade da renovar a minha fé...
Quando não duvido, posso não deixar que as informações atinjam o profundo do meu ser e passem a, realmente, fazer sentido pra mim...
Quantas vezes eu aceito um direcionamento de outra pessoa e em pouco tempo aquilo passa a não fazer mais sentido pra mim?
Eu posso aceitar o conselho de um amigo, mas definitivamente se essa sugestão não satisfizer os meus anseios internos, será muito fácil de ser esquecida...
É através dos meus questionamentos, ou seja, busca por respostas que tenho mais chance de encontrá-las...
É muito mais difícil encontrar algumascoisa que eu não esteja procurando, pois posso me deparar com essa coisa e não me dar conta de que ela é muito útil pra mim.
Questionar os planos de Deus e seus projetos pode refletir muito mais interesse do que descrença...
Mas repito:
Preciso ter um coração acolhedor e estar ansioso por encontrar as respostas que o próprio Deus tem pra mim.
É questionando e duvidando que as informações passam a fazer sentido na minha vida...
Não quero viver superficialmente!

07 dezembro, 2006

Aqui é meu lugar...

"...Teresinha percebeu que as flores convivem harmoniosamente nos jardins do mundo inteiro. Não há disputa entre elas. Cada uma perfuma e enfeita a vida das pessoas, os vasos e as casas, com os atributos que o Senhor lhes concedeu. Compreendeu que todas as flores são belas, "... que o brilho da rosa e a alvura do lírio não impedem o perfume da pequena violeta ou a simplicidade encantadora da margarida" (Manuscritos Autobiográficos, 3f). A suntuosidade da rosa, sempre procurada e admirada, não oprime as flores menores, que salpicam os campos de alegria. Ainda bem que as humildes violetas e margaridas não almejam ser rosas. Contentam-se, como as almas pequenas, em viver "aos pés do Senhor", no cumprimento de sua vontade: "Na realidade, é próprio do amor rebaixar-se". Teresinha nunca quis ser, nos jardins do Senhor, uma flor altaneira. Preferiu ser uma florzinha rebaixada, que até uma criança pode colher e passos desavisados podem pisar..."

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Aos teus pés, Senhor...
A tantos lugares atrativos,
é onde prefiro estar...
Olho para mim e vejo que com imenso amor tens me tratado desde a minha infância...
Como Teresinha, devo amar-te não porque perdoaste-me muito, mas porque perdoaste-me tudo...
Me poupaste de vários erros, mas ainda assim escolhi muitos com a minha liberdade, e nem por isso deixaste o teu amor por mim...
Neste momento eu desejo recomeçar...
Recomeçar no reconhecimento de que devo diminuir para que o Senhor cresça em mim...
Recomeçar na minha não busca por recompensas e elogios...
Recomeçar no oferecimento da minha outra face...
Recomeçar a fazer extraordinariamente bem as coisas ordinárias...
"Eu te suplico, ó meu Deus, enviar-me uma humilhação cada vez que eu tentar me elevar acima dos outros"...
Eu me disponho a ser vítima do teu amor para passar minha vida amando o próximo...
Não quero fugir da minha missão de lutar pela unidade do cristãos...
Acho que descobri minha função no teu corpo místico:
Ser um minúsculo leucócito de amor que ajuda na cura e harmonização de todos os outros membros...
Aceito minha condição humana e confio que, apesar das fraquezas e limitações do corpo, a tua graça há de me levar até o céu...
Eu te amo, meu Deus!

01 dezembro, 2006

Mais um pouco de mim...

Hoje vi um garoto chorar...
Um garoto especial que tem 12 anos e está na 2ª série...
Ele dá bastante trabalho para os professores, pois tem muita dificuldade de se concentrar nas atividades da escola...
Já chamei muito a atenção dele na sala.
Percebi, longo no início da aula, que ele não estava tão bem como nos outros dias.
Quando já estava indo embora o vi com a cabeça baixa e fui perguntar o que estava acontecendo, mas não quis me dizer nada.
Eu descia as escadas para sair da escola e notei que o garoto estava do meu lado.
Abracei-o, despedindo, e perguntei novamente o que estava acontecendo...
Ele começou a chorar e me disse, com palavras emboladas, que um amigo dele tinha ido embora...
Não me convenceu esse argumento, pois a tristeza no olhar dele era grande demais.
Por mais que um amigo nos deixe, não é comum ficarmos numa tristeza tão aguda como percebi naquele garoto.
Abracei-o mais forte e chorei...
Não adiantava dar conselhos, pois senti que a história do amigo ter ido embora era uma metáfora pra dizer o quanto queria ser mais amado pelas pessoas...
Chorei junto e disse que ele era muito amado!
Isso mexeu muito comigo...
Ainda estou meio abalado, e nem sei ao certo qual o motivo...
Talvez seja porque me deparei com uma tristeza tão encarnada naquele garoto e me lembrei dos tempos que eu vivia sem esperança...
Como doía...
Hoje a dor tem sentido...
Hoje a falta de amor é, de certa forma, compreendida...
Hoje a minha esperança é Viva...
Como eu quis passar, por osmose, toda essa experiência para aquele garoto!
Mas eu não posso, só Deus pode...
Me cabe a paciência num amor sincero e diário...

Me ajuda Senhor!