31 março, 2006

Viver no mundo e não ser do mundo...

São Tiago escreve em sua carta que a amizade com o mundo é inimizade contra Deus.
Muito se fala que o cristão deve estar no mundo, mas não ser do mundo.
Mas como isso se dá?!
Será que sou chamado a romper drasticamente com tudo que é do mundo?
Percebo, olhando pra mim, que ainda existe grande confusão quanto a isso...
As vezes penso que se eu tivesse uma vocação pra ser monge as coisas seriam mais fáceis.
Mas logo vejo que em todas as vocações existem suas dificuldades.
Hoje, o meu chamado é ser um jovem diferente no
mundo atual, que tenha o amor como um projeto de vida e lute para que a Verdade reine nas ações.
Penso, que enquanto cristão, não devo simplesmente resistir ao quadro sociopoliticoeconomico da era moderna, mas, acima de tudo, propor uma nova realidade que nem eu mesmo tenho consciência dela, e as pessoas entendê-la-ão pelo meu jeito de viver.
Mas essa proposta cabe a mim, Renato, errado como sou?!
Não. Definitivamente não. Essa proposta cabe a Deus!
Muito facilmente esqueço que não faço nada de bom com minhas forças, mas é o Senhor que me torna capaz.
Defendo que estar no mundo e não ser do mundo seja apenas uma conseqüência do meu verdadeiro conhecimento de Deus.
É pelo conhecimento Divino que os valores são organizados no meu coração e passo então a sentir o mundo como uma escada para o céu...
O mundo está a meu favor, desde que minha visão sobre ele mude!
E essa mudança quem faz é o próprio Deus.
Não sou eu quem decide quando vai ocorrer, preciso apenas viver o que devo viver.
Tenho uma forte tendência de querer viver aquilo que vejo que no outro está dando certo sem saber qual o meu verdadeiro chamado.
Se paro e presto atenção à voz de Deus no meu interior posso perceber que para cada dia Ele tem um propósito pra mim...
Posso perceber ainda as coisas que devo perseguir com mais intensidade, defino as minhas prioridades e assim vou me transformado e conhecendo mais o coração de Deus.
Mas e o estar no mundo e não ser do mundo?
Bom, voltando ao assunto proposto...
Vejo que hoje o ser humano está evolvido numa sociedade totalmente pluralizada!
São inúmeras situações que precisam de uma decisão muito rápida: ou você age como cristão ou não!
Eu, por mim mesmo, não tenho a mínima possibilidade de tomar as decisões certas.
Sou um ser extremamente limitado e não vivo somente o mundo exterior, mas, sobretudo, o mundo interior que toma grande parte da minha atenção.
Será então que não devo me concentrar um pouco nesse mundo interior que reivindica a minha preferência?
Eu acho que sim! Vejo que a transformação do meu jeito de ver o mundo externo, que conseqüentemente definirá minha posição nesse, começa na medida em que me dedico a conhecer e viver no meu mundo interno.
Estarei, realmente, à parte do mundo externo quando nem pensar sobre ele...
Não é pensando que preciso viver no mundo e não ser do mundo que conseguirei!
Ou melhor, não é somente pensando!
Claro que nunca estarei isento de pensar, mas o que desejo reforçar são as minhas atitudes.
Como disse antes, defendo que nada faço de bom se não for Jesus fazendo em mim, mas de uma coisa eu tenho “controle”: posso decidir se quero ou não que Jesus viva em mim!
E minha proposta de olhar para o mundo interior e saber mais das suas necessidade me leva a reconhecer o quanto preciso de Deus! O quanto sou incapaz!
E a partir do momento que me abro, verdadeiramente, à ação divina começo a enxergar o mundo não como uma ameaça, mas como um meio de santificação.
O mundo não muda, mas o meu coração sim!
Então caminho com liberdade e sem perigo de ser agarrado por ele, sou seja, sem perigo de começar a ser do mundo, já que eu conheci e aceitei a defesa de Alguém maior.
Não quero com estes escritos invalidar a minha luta contra o pecado, não é isso!
Penso que a minha luta contra o pecado, passa a ser uma luta minha na medida em que conheço o meu mundo interior.
Do contrário, ela é uma luta não minha. É como se eu lutasse a luta do outro.
Porque meu amigo me disse que devo lutar, assim farei.
Será até quando suportarei essa situação?
Enquanto não ouvir o próprio Deus me chamando a ser Santo, não terei uma motivação plena.
É a voz suave e sedutora de Deus que me convence...
E essa voz eu escuto quando entro no meu mundo interior.
Deixo bem claro que muitas dessas palavras são meras suposições e não me surpreenderei se amanhã mesmo não pensar mais assim.
Como eu disse num dia anterior, estou em constantes mudanças...
Mas como disse no início deste texto, devo viver aquilo que sou chamado a viver, e hoje sinto que tenho que ter essa base de pensamento que foi apresentada!
Ainda estou muito amigo do mundo externo, mas a vontade de ter uma amizade sincera com Deus é cada dia maior.
Perco-me, ainda, na busca de fazer aquelas coisas que são do outro...
Perco-me, ainda, na radicalidade de evitar o mundo externo e ao mesmo tempo na vontade de agregar à minha pessoa alguns ganhos dados por ele.
Preciso limpar minha visão.
Preciso saber o que é o mundo, ao qual São Tiago se refere, pra depois desejar não ser amigo dele.

Se assim não fizer, corro o risco de desejar coisa errada!

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