29 dezembro, 2008

Entre o ser o parecer...

"Parece que tudo vai mudar
Tomara que seja pra melhor!"

"Tudo vai mudar pra melhor!"

Da pra sentir a diferença entre o que pareço e o que de fato sou?
O que pareço diz muito de mim, mas com um ar de quem procura ser aceito, um ar relativista, falso modesto...
O que sou diz muito de mim, e é meio arrogante, meio cheio de si, tão sincero que incomoda...
Peraí!
O que eu sou de verdade incomoda?
É... pensando bem...
O que sou incomoda primeiramente a mim mesmo...
Realmente não quero ser arrogante ao falar de mim para os outros. Mas preciso entender que enquanto eu mesmo conviver somente com o que pareço ser, nunca vou ter condições de refletir em como me mostrar para os outros...
Mostrar o que pareço ser é extremamente fácil e isso eu faço até mesmo quando não quero!
Difícil é encarar minha essência bruta e deixar à mostra todo o meu processo de lapidação...

24 dezembro, 2008

Eu e o menino... II

Entrei com minha namorada numa padaria e carregava comigo toda a seriedade de um adulto que compra alimentos para sua família.
Quando estávamos na fila do caixa para pagar nossas compras eis que avisto uma criança com um olhar tão vivo que chegou a me incomodar.
Era um menino com seus quatro anos, mais ou menos. Um sorriso gratuito que me desconcertava. Começou a brincar de esconde-esconde no meio das prateleiras enfeitadas para o Natal. A cada encontro de olhares, eu era presenteado com uma risada gostosa de quem estava gostando de ser descoberto.
Comentei com minha namorada e pudemos respirar juntos o ar de infância divina que tomou conta daquele lugar. A mãe do garotinho começou a se envergonhar com tamanha disponibilidade do seu filho, repreendeu-o, mas ele continuou me seguindo com tão vivo olhar.
Depois que passamos pelo caixa e pagamos nossas compras, já meio esquecido do sorriso infante, me assustei com a criança inteira na minha frente. Me olhou e sorriu por uns segundos e depois me disse com sua voz doce: “Feliz Natal!”.
Lágrimas quiseram cair...
Me contive, pois ninguém ia entender que aquele menino me trazia um recado de Deus.
Mais um convite pra que eu volte a ser criança...

16 dezembro, 2008

Ainda falando de amor...

“...O amor não é baseado na disposição de ouvir, de compreender os problemas dos outros ou de tolerar sua alteridade. O amor é baseado na mutualidade da confissão de nosso “eu” inteiro para o outro. Isso nos torna livres para declarar não só: 'Minha força é sua força', mas também: 'Sua dor é minha dor, sua fraqueza é minha fraqueza, seu pecado é meu pecado'. É nessa íntima confraternização dos fracos que nasce o amor...” (Henri Nouwen)

O texto fala por si só, mas fiquei pensando... As vezes que me senti mais amado foram aquelas em que o amigo teve a coragem de compartilhar, verdadeiramente, suas fraquezas comigo! Faço isso muito pouco, e quando faço, posso perceber um certo interesse da minha parte...

O amor sincero, como diz o Henri Nouwem, é extremamente arriscado. “Se eu te mostrar quem eu verdadeiramente sou, você não vai querer mais ser meu amigo”, essa é uma possibilidade negativa e real que existe no fato de amar verdadeiramente, ou se dar para o outro. O que não devemos fazer é fugir dessa possibilidade, que apesar de ser, a principio muito dolorosa, é a mesma possibilidade que nos fará crescer na experiência do amor!

Como preciso me amadurecer nisso...