25 fevereiro, 2006

A verdade é simples assim?

E a resposta é sim, muito simples!
Viver o evangelho na sua integridade não é nada complexo, pois a complexidade necessária já nos foi dada: Temos corpo, mente e espírito salvos pelo sangue de Jesus e prontos para viver o “amar e ser amado” para o qual fomos criados.
Viver o evangelho integral é viver a simplicidade do amor e reconhecer quem está por detrás disso tudo!
Não quero, com esses comentários, desmerecer a teologia, sociologia ou antropologia com seus discursos por demais complexos, às vezes.
Fico com uma palavra do próprio Jesus: “Daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.
À Ciência cabe o que é da ciência e a Deus cabe Deus!
Nada que eu diga, ainda que me recorra aos mais profundos estudos ou à minha visão de vida, é a verdade absoluta!
A verdade não é moldada pelas palavras...
A palavras fazem uma referência à verdade, mas essa está longe de ser entendida em sua essência somente pelo que ouço dizer ou digo!
A verdade está no amor, que é o chamado maior de todo ser humano.
É amando que sou livre a partir da verdade à cerca de mim mesmo dada pelo próprio Deus.
O que sou não é mostrado pelo que penso!
Eu não sou o que penso!
Posso pensar dizer a verdade quando passo longe dela...
Posso pensar ser um amigo quando sou um inimigo...
Posso pensar estar amando quando estou ferindo...
Posso pensar ser um Deus quando sou um pó...
O que sou, realmente, é revelado na minha simplicidade e humildade de não esconder minha miséria...
A verdade se dá num coração aberto à ser ferir!
A verdade se dá num coração que corre riscos, assim como Jesus correu!
Enquanto eu tenho medo do que os outros pensam sobre mim ou me incomodo com o que pensam sobre eles mesmos estou preso!
E se estou preso, ainda não conheci a verdade que me liberta.
E quando eu me esforço para entregar eu mesmo para o outro, expor meus sentimentos, misérias e dons, tenho a graça de ver com os olhos de Deus.
Olhos que enxergam a essência e não a aparência...
Olhos que enxergam a verdade pura e simples...
Posso estar equivocado com tudo que eu disse, mas as duas maiores certezas que tenho hoje: “Não sou Santo e quero ser Santo” foram-me reveladas em minha busca de viver a simplicidade!
Quanto mais sei da minha miséria nua, crua e verdadeira, mais sei do Deus simples e de puro amor!

Senhor, por favor, me dê a graça de ter minha liberdade presa à Ti,
Me dê a graça de ter minha verdade como continuidade da Sua!
Amém...

21 fevereiro, 2006

Minha experiência e a alheia...

Estou convencido de que meu coração foi feito pra amar...
Tenho entendido também que amar está muito ligado com o compreender na verdade...
A compreensão se dá a partir de uma análise inteligente das minhas próprias experiências e das alheias...
Acredito que meu coração tem dois lados distintos e ligados ao mesmo tempo: o lado que guarda a minha experiência e o lado que guarda a experiência do outro.
Precisa ser bem equilibrado pois a minha não deve abafar a alheia e nem essa abafar a minha...
Aí se encontra a grande dificuldade!
Como confundo as coisas!
Minha tendência é colocar no lado das próprias experiências as alheias ou não aceitar que meu coração tem a necessidade da vivência do outro!
Nada que eu faça vai preencher o espaço que já é do outro em minha vida...
Foi assim que Deus nos criou, seres “interligados” para se relacionarem e se descobrirem.
É claro que se não me relaciono com o Criador não me conheço e assim o lado da experiência própria fica vazio...
E se não tenho base, que é a compreensão de mim mesmo, não consigo colocar o outro no seu devido lugar na minha vida.
Nada que o outro faça vai preencher o espaço do meu conhecimento próprio, da minha “solidão”, pensamento sobre mim mesmo e sobre o Deus que me amou primeiro e me chama a amar.
O equilíbrio está em Jesus, definitivamente...
É Ele quem me ensina a olhar para o outro e ver alguém que tem muito mais pra oferecer do que imagino e ao mesmo tempo é tão limitado como eu.
O outro tem o próprio Deus ainda que disperso em meio às máscaras do mundo.
Mas vejo que o exercício sincero de encontrar Deus no outro é diretamente proporcional ao encontro que tenho com Ele em mim mesmo.
Em reconhecer que não vivo só com minhas experiências e que preciso ter minhas próprias experiências está o equilíbrio cristão.
Sou um e sou todos desde que eu saiba perfeitamente o Autor desse paradoxo miraculoso!

08 fevereiro, 2006

Impossibilidades humanas...

“Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem...” (Mt 5, 43-44)


Jesus nos pede coisas “impossíveis” para que não percamos o foco da graça.
Amar os inimigos é um exemplo.
Mas como faço para amar meus inimigos se não amo meus amigos de uma forma verdadeira?
Preciso ter como projeto de vida o amor para com os que não gosto. E conseguirei tal “façanha” desde que me prontifique a sofrer de amor pelos que são próximos a mim...
Ser habitado pela lei do espírito da vida é outro exemplo.
Preciso estar sob a lei “humana” (doutrinas), observando e vivenciando-as com amor e verdade, mas tendo como objetivo maior uma obediência primeira à lei do espírito da vida!
Em ambos os casos as metas “impossíveis” não são alcançadas quando buscadas diretamente.
Preciso me submeter a determinadas generalizações, mapeamentos, doutrinas e dogmas para desenvolver minha capacidade de comunhão com a Plenitude.
É no exercício da submissão que encontro o meu verdadeiro eu. Totalmente puro, manso e humilde como o seu criador.
Está em reconhecer minha miséria e “dependência” de uma Igreja cheia de doutrinas a minha busca por ser um verdadeiro cristão.
A vida em comunidade, Igreja, me proporciona amar meus amigos!
Em amar o próximo Deus usa de instrumentos certos para minha lapidação e venho a ser realmente um ser amante...
Sendo um ser amante sou mais sensível á lei do espírito da vida que me foi dada pela morte de cruz do Filho do Altíssimo!
Sendo mais sensível à lei do espírito da vida estarei livre dos julgamentos errôneos e conseqüentemente amarei meus inimigos que são tão ou menos fracos do que eu!

03 fevereiro, 2006

Elefante Azul...

Depois de uma conversa com um amigo, medito um pouco sobre a minha sexualidade...
Estou admirado com sua beleza!
Lembro-me também dos momentos difíceis dela. Momentos em que quis dominar tudo em mim.
Quantas vezes travei árdua luta, pensando ser esse o meu papel!
Devo lutar sempre, mas com as armas certas.
Hoje percebo que não só a minha sexualidade, mas qualquer outra paixão que queira dominar o meu coração, luta de uma forma desigual.
Ela tem as minhas experiências frustrantes à favor dela...
Preciso lutar com outras armas, e estas geralmente não estão em mim mesmo...
A cura da minha sexualidade não vem de dentro e sim de fora!
Muitas vezes me fixo na vontade de eliminar uma paixão e esqueço que quanto mais não quero viver nela, mais eu vivo...
É o mesmo que dizer: “Não pense num elefante azul...”
Enquanto eu não me abrir a novas situações que proporcionaram novos pensamentos ficarei pensando sempre no elefante azul.
Preciso estar aberto a ter prazer com outras coisas na minha vida.
Será que tenho consciência do quanto um diálogo sincero com um amigo pode ser prazeroso?
E vejo isso como um meio muito eficaz do Senhor de suprir a minha “necessidade” de prazer.
Como a leitura de bons livros pode me dar prazer! Como o carinho puro da minha namorada pode me dar prazer!
Como perceber os sinais de Deus na minha vida tem me dado prazer...
Estou na fase dos prazeres...
Mas no dia em que me ponho a buscá-los, com muita certeza, não os encontro!
São como as borboletas, quando tento pega-las fogem de mim...
Quando esqueço delas, pousam suavemente em meus ombros...
Que minha busca seja a simplicidade!
Que minha busca seja me aprofundar nos meus relacionamentos de uma forma verdadeira!
Que minha busca seja me entregar mais aos cuidados divinos!
Que minha busca seja estar aberto às novas situações de amadurecimento!
Assim minha sexualidade estará bem guardada e não servirá de fonte de compensação das áreas que não vão “muito bem” na minha vida...