Vivendo pelas metades...

E vou vivendo...
Metade eu e metade outra coisa...

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Metade humana que sonha,
Que anda, que corre e que ama
Metade pequena, estreita e de luz

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Metade divina, da graça e da misericórdia
Cheia de perfeição e criatividade
Metade física e espiritual
Ligadas por colagem celeste

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Metade forte e fraca na medida certa
Metade busca e inquietação em sintonia
Metade transparente de alegria
Metade carinho
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Metade cuidado com o próximo
cheia de erros, mas de dons acertos
Metade crítica da própria metade
Que espera e confia na Palavra

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E vou vivendo...
Metade outra coisa e metade eu...
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Metade triste, sem vida e pobre
Metade egoísta que tanto teme a morte
Metade afastada, metade ancorada
Em rochas tão enganosas e de areia fina

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Metade que mata o outro
Metade que inveja e anula a sua felicidade
Metade que não se contenta com ela mesma
Mas vive das alternativas oferecidas por ela mesma

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Metade distante, tão longe...
Longe da plenitude
Da paz e passagem pura
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Metade que não respeita
E que enfrenta o mundo para seu conforto
Inimiga da dor e do sofrimento
Surda para a Palavra

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Na verdade eu não sei se são metades
O que digo e o que sinto...
Pois são tantas
Mas ao mesmo tempo duas...
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Dois lados que lutam...
Lutam por dominar meu peito
Por dominar meu jeito
E meus sentimentos

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Lutam pela casa própria
Cada um ao seu modo e à sua visão de morada
Espelhos opostos
Cortados pela agonia do arrependimento
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Mas a metade de eu mesmo
Parece crescer...
Ainda que não perceba
É dela que escrevo agora.

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Pois a metade outra coisa
Se acomoda e dorme o dia todo
Vem pra fora por interesse
E não muda seu mundo
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A metade de eu mesmo
Planeja santidade,
Permite a humildade
E chora...

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Ri com consciência
De nada ser e de ser amada
De pouco ter e de tudo poder
Naquele!
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Oh vida vivida e perseguida!
Até quando estarás dividida?
Ainda que pouco reste em mim a metade trevas
Ela continua e continua...

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Não que eu queira me conformar
Mas eu preciso dominar
Com a metade ou maior parte
Que deve ser a do coração
Hoje eu não sei quem domina...
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E assim vou vivendo...
Metade eu
Que pelo amor há de crescer
e metade outra coisa
Que por amor há de morrer...