14 julho, 2006

A santidade vem de Deus ou dos homens?

Tá certo que essa pergunta não deixa tão clara a resposta que deseja ter, mas entendi, ao ouvi-la do Paulo, um amigo, que a resposta esperada deveria ser dada em proporção.
Tipo: Santidade depende 49.99% dos homens e 50,01% de Deus. Ele queria saber matematicamente quanto o esforço humano somaria na sua busca pela santidade.
Confesso que quando fui questionado a minha resposta foi: “Que pergunta doida hein?”. A agora eu é que pergunto: “Porque doida?”. Não é esse um questionamento que todos tem?. E assim descobri que “eu” fazia essa pergunta há um bom tempo e que Deus já tinha uma resposta, mas eu não queria enxergá-la. Vamo lá!
A primeira coisa que pude perceber no meu coração, enquanto refletia sobre essa questão, é que sou extremamente tentado a responder que a santidade depende totalmente de Deus porque procuro uma justificativa para minha vontade de não fazer nada por ela.
Com esse incômodo ficou muito claro que a resposta não é 100% de Deus!
Mas quem é o homem? O que ele pode? O que ele consegue?
O Homem é pó! Não é nada e não consegue nada longe de Deus, a não ser fazer estratégias mesquinhas para se beneficiar egoisticamente. Essa é minha concepção de homem a partir de mim mesmo!
Mas como o Paulo fez a pergunta olhando nos meus olhos, penso que posso buscar dentro de mim uma resposta e que minhas experiências devem ser levadas em consideração.
Então ficou claro também que a resposta não seria 100% do Homem!
Já tenho duas respostas que, matematicamente, não se contradizem:
A santidade não “vem” 100% de Deus e nem 100% do Homem!
Então existe mesmo uma proporção? Mas o que é santidade?
Se eu me recorrer às minhas experiências responderia que a santidade é um fluir total de Deus no total do Homem.
E assim me parece que surge uma resposta.
Será que a santidade depende 100% de Deus e 100% do Homem?
Mas isso, matematicamente, é inviável!
Onde fica a ciência quando eu pergunto em que proporção Jesus era humano e era divino?
Onde fica a capacidade maravilhosa do homem de racionar diante de uma pergunta dessas?
Neste momento estou ouvindo uma música que diz assim:
“Sou humano demais pra entender que aqueles que escolheste e tomaste pela mão geralmente eu não os quero do meu lado...” (Fábio de Melo)
É a mais pura verdade! Os pensamentos de Deus estão muito mais altos do que os meus.
E isso não é um mero conformismo, é simplesmente minha realidade.
Não consigo entender Deus, definitivamente!
Dessa forma eu penso que minha resposta de que a santidade depende 100% de Deus e 100% do Homem não é contraditória ou simplista demais.
Só penso que ela é o máximo que posso chegar a refletir.
Deus é o dono de tudo, ele pode tudo e nesse mesmo poder escolheu que o Homem fosse livre.
O Homem tem um direito de escolha que não diferencia em nada do de Deus.
Deus quis assim! A liberdade é a base do Amor que Deus é e dá ao Homem.
Se, na minha condição de livre, eu não escolher ser santo, ninguém fará essa escolha por mim!
O máximo que pode acontecer é que eu posso ser usado na vida do outro e o outro pode ser usado na minha vida para esclarecer e vivificar o conceito de santidade.
Mas isso não muda em nada meu “poder” de escolha, ou seja, os 100% da santidade que dependem de mim continuam dependendo de mim.
Mas se não existisse Deus, a minha escolha valeria exatamente nada...
O que é a santidade a não ser o fluir de Deus em mim?
Isso prova os 100% da santidade que dependem de Deus.
Hoje tenho mais do que minhas duas certezas costumeiras:
Eu não sou santo e quero ser santo.
Hoje tenho a certeza que as crianças são mais santas do que eu...
Elas vivificam o conceito de santidade de uma forma muito plena...
Elas convivem bem com os 200% da origem da santidade...
Elas deixam que Deus flua na vida delas...
Quero ser como as crianças que não entendem nada de Deus e vivem tudo de Deus!
Será que é por isso que o reino dos céus é delas?

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