30 março, 2007

Diálogo e verdade...

No ultimo domingo assistindo uma palestra sobre oração bíblica me emocionei quando o padre Celso fez uma reflexão com o significado da palavra diálogo. Ele disse que na etimologia grega a palavra expressa o seguinte sentido: “A minha vida ao lado da vida do outro para que brote a verdade”. Muito profundo isso...

Quero ressaltar a expressão “ao lado”. Ao lado não quer dizer acima ou abaixo. Dessa forma percebo que o diálogo é um instrumento divino pois nos coloca como “iguais” diante das nossas diferenças. Por mais que eu seja distinto do outro, no diálogo nossas vidas têm o mesmo peso, pois ficam lado a lado.

Fiquei pensando quantas vezes os meus diálogos tem se resumido nas defesas das minhas idéias. Quando é que deixo a vida do outro ao lado da minha para que brote a verdade? Será que não penso que minhas idéias são a própria verdade?
Continuo refletindo...

Deus é muito bom e perfeito. Se alguém fosse capaz de chegar à verdade sem depender do próximo certamente se afundaria em seu próprio orgulho. Em muitos momentos me vejo tendendo a isso. Os meus diálogos se transformam numa tentativa de convencer o outro de que estou certo e quando percebendo que não estou certo, acabo me dando por vencido e não sei aproveitar dessa situação.

Transformo o momento de diálogo num ringue onde luto pra vencer a qualquer custo. Para tanto, acabo usando de palavras inadequadas ou deturpo o contexto em que elas serviriam tão bem. Esqueço que o que me sacia não é a vitória das minhas idéias sobre as idéias do outro. O que me sacia de forma plena é simplesmente a verdade. Ganhar ou perder não é o objetivo do diálogo.

Não me sacio, também, quando a minha opinião é aceita pelo outro. Me sacio quando, pelo diálogo, o meu íntimo é compreendido e sentido pelo outro.

Não é fácil sofrer a renúncia da minha vontade de ser dono da verdade. Não é fácil me calar diante da vida do outro e ser atingido por ela. Não é fácil me envolver com a vida do outro a ponto de acreditar que ali mora uma verdade.Mas vou caminhando na tentativa de ser melhor...

Tem uma pergunta que insiste em não se calar: “Por onde devo começar a amar?”. Que tal o diálogo? Que tal começar a permitir que o outro coloque sua vida ao lado da minha? Deixar com que o outro fale de si mesmo e mostre os seus motivos já é amor... E o amor é fonte da verdade...
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Cada ser que está próximo a mim é uma oportunidade única para que eu me aproxime dessa fonte. Que minha vida possa estar ao lado das vidas dos meus próximos para que, com a graça de Deus, seja também essa usada como fonte de verdade!

15 março, 2007

Tudo é Graça!

Como é bom ter amigos!
Como é bom, também, ficar um tempo longe dos amigos e poder relembrar das conversas de um jeito diferente: Agora são só eu, as palavras lembradas e Aquele que move toda lembrança...

“Tudo é graça!” Era o que Teresinha dizia no auge do seu amadurecimento espiritual e foi também o que um padre disse para minha amiga: “Tudo é graça, tanto as coisas boas quanto as coisas ruins que nos acontece. E essas palavras confortaram o coração da minha amiga, pude perceber claramente quando ela me contava meio emocionada.

“Preciso te dizer como a doença do meu me ensinou sobre a vida...” Essa frase foi dita por um amigo que perdeu seu pai recentemente, depois de uma batalha contra um câncer. Quando ele me disse isso, logo veio à minha mente, novamente, as palavras “Tudo é graça!”.

Cada dia tenho percebido mais como a vida tem sentido. Percebo ainda que sofrimento e morte fazem parte da vida, portanto, também têm um sentido. A angustia que sinto agora, por ter lido um trecho do livro “O céu começa em você” que fala sobre a soberba, é muito benéfica pra mim e para os outros que estão em minha volta.

Sofrer com o embate entre o que sou e o que deveria ser é saudável quando, a partir dessa reflexão, eu me proponha algumas mudanças simples e pequenas.

Tudo é graça!
É graça de Deus descobrir minhas tantas falhas e limitações. Esses dias estávamos, eu e outro amigo, a imaginar como seríamos se não tivéssemos conhecido a Deus e não tivéssemos consciência da nossa miséria humana. Percebemos juntos, que seriamos, piores do que hoje são considerados os piores da nossa sociedade.

Estar ciente dos meus pecados e concupiscência têm me feito avançar, de fator, para águas mais profundas. Confesso que às vezes fico um pouco desesperado com a sensação de que ao invés de crescer na santidade eu torno cada vez mais distante de Deus. Mas preciso admitir que, ultimamente, quando peco sofro mais do que antes... e isso é graça! Isso tem me esclarecido quem na verdade sou e o que, verdadeiramente, me traz a paz que tanto procuro.

Benditos são aqueles que sofrem por se depararem com suas condições tão fracas e pecaminosas. Essa dor é simples e puramente graça de Deus!

Obrigado Senhor, por não ter meus amigos por perto nesse momento e poder viver um pouco a reflexão e o sofrimento sobre minhas lembranças que me leva a conhecer mais a mim mesmo e, conseqüentemente, conhecer mais a Ti....