29 dezembro, 2008

Entre o ser o parecer...

"Parece que tudo vai mudar
Tomara que seja pra melhor!"

"Tudo vai mudar pra melhor!"

Da pra sentir a diferença entre o que pareço e o que de fato sou?
O que pareço diz muito de mim, mas com um ar de quem procura ser aceito, um ar relativista, falso modesto...
O que sou diz muito de mim, e é meio arrogante, meio cheio de si, tão sincero que incomoda...
Peraí!
O que eu sou de verdade incomoda?
É... pensando bem...
O que sou incomoda primeiramente a mim mesmo...
Realmente não quero ser arrogante ao falar de mim para os outros. Mas preciso entender que enquanto eu mesmo conviver somente com o que pareço ser, nunca vou ter condições de refletir em como me mostrar para os outros...
Mostrar o que pareço ser é extremamente fácil e isso eu faço até mesmo quando não quero!
Difícil é encarar minha essência bruta e deixar à mostra todo o meu processo de lapidação...

24 dezembro, 2008

Eu e o menino... II

Entrei com minha namorada numa padaria e carregava comigo toda a seriedade de um adulto que compra alimentos para sua família.
Quando estávamos na fila do caixa para pagar nossas compras eis que avisto uma criança com um olhar tão vivo que chegou a me incomodar.
Era um menino com seus quatro anos, mais ou menos. Um sorriso gratuito que me desconcertava. Começou a brincar de esconde-esconde no meio das prateleiras enfeitadas para o Natal. A cada encontro de olhares, eu era presenteado com uma risada gostosa de quem estava gostando de ser descoberto.
Comentei com minha namorada e pudemos respirar juntos o ar de infância divina que tomou conta daquele lugar. A mãe do garotinho começou a se envergonhar com tamanha disponibilidade do seu filho, repreendeu-o, mas ele continuou me seguindo com tão vivo olhar.
Depois que passamos pelo caixa e pagamos nossas compras, já meio esquecido do sorriso infante, me assustei com a criança inteira na minha frente. Me olhou e sorriu por uns segundos e depois me disse com sua voz doce: “Feliz Natal!”.
Lágrimas quiseram cair...
Me contive, pois ninguém ia entender que aquele menino me trazia um recado de Deus.
Mais um convite pra que eu volte a ser criança...

16 dezembro, 2008

Ainda falando de amor...

“...O amor não é baseado na disposição de ouvir, de compreender os problemas dos outros ou de tolerar sua alteridade. O amor é baseado na mutualidade da confissão de nosso “eu” inteiro para o outro. Isso nos torna livres para declarar não só: 'Minha força é sua força', mas também: 'Sua dor é minha dor, sua fraqueza é minha fraqueza, seu pecado é meu pecado'. É nessa íntima confraternização dos fracos que nasce o amor...” (Henri Nouwen)

O texto fala por si só, mas fiquei pensando... As vezes que me senti mais amado foram aquelas em que o amigo teve a coragem de compartilhar, verdadeiramente, suas fraquezas comigo! Faço isso muito pouco, e quando faço, posso perceber um certo interesse da minha parte...

O amor sincero, como diz o Henri Nouwem, é extremamente arriscado. “Se eu te mostrar quem eu verdadeiramente sou, você não vai querer mais ser meu amigo”, essa é uma possibilidade negativa e real que existe no fato de amar verdadeiramente, ou se dar para o outro. O que não devemos fazer é fugir dessa possibilidade, que apesar de ser, a principio muito dolorosa, é a mesma possibilidade que nos fará crescer na experiência do amor!

Como preciso me amadurecer nisso...

30 novembro, 2008

Ser humano...

Você realmente me compreende?
Sim. Eu sou ser humano.
Não compreendo plenamente,
porque só Deus sonda o profundo do seu coração.
Mas sei que muitas vezes precisamos experimentar nossa humanidade
nas adversidades da vida.
Dessa forma nossas decisões serão mais conscientes
e bem carregadas de sentido.
Eu também sei que sua humanidade fala forte ao meu coração
e me ajuda a dar passos mais reais rumo a santidade.
Na verdade, em te compreender, eu me sinto compreendido...

27 novembro, 2008

Não me decidi...

Uma vez um amigo me disse que somos, em relação ao pecado, como a maioria dos alcoólatras que sempre tem uma bebida escondida num vidro de perfume.
Mesmo que ele não venha a beber,
precisa ter a “segurança” de que quando recair,
sabe onde encontrar a bebida...
Esse vidro fica guardado num lugar secreto,
assim como guardamos nossas reservas de pecado
naquele lugar que só nós podemos encontrar...
Estou aqui, agora, olhando pra minha reserva
e me questionando: “Vale à pena cair?”
É muito estranho...
Tenho muitos argumentos bem elaborados
que me levariam a quebrar o meu vidro de perfume,
mas insisto em mantê-lo diante dos meus olhos...
Não me decidi em seguir Jesus
e deixar pra trás todos os meus apegos...
Não me decidi...
Isso é triste,
mas é a dura constatação que tenho que fazer nesse momento!
Sei que minha decisão é nada sem a graça...
Mas também sei que a graça
não passa por cima da minha decisão!
(Suspiro...)
Perdão, Senhor!

25 novembro, 2008

Será que isso é sonho?

Às vezes bate uma saudade de meus tempos de criança...
Eu buscava a Deus com tanta intensidade!
Mas alguém me disse assim:
“Eu prefiro você como é hoje, mais maduro!”

Pensando bem, hoje estou melhor, dei passos...
Estou muito mais consciente da minha pequenez.
Antes eu sonhava muito, mas sonhava com um outro Renato...
Hoje me conheço mais e confesso que sonho menos,
mas parece que sonho com quem realmente sou...

Já não quero muita coisa!
Quero agradar a Deus nas coisas mais simples...
E descobri que isso é muito...
Muito mais do que meus sonhos conseguiam alcançar...
Muito mais...
Tanto mais que parece ser tudo...
E esta sensação de completude me alimenta!
Será que isso é sonho?

22 novembro, 2008

eu e meus complexos...

Eu queria me contentar com o simples,

mas não...

olha como estou inquieto!

não bastou um olhar?

eu

eu e meus complexos...

14 novembro, 2008

cercado, amado...

Estou cercado,
Pelo amor
Bom?
Pode ser
Pode ser melhor
Mas meu ser
Insiste em não ser
se nasceu pra ser
Amor
Cercado
Sinalizado
Mergulhado
Num mar de gostos
Que me lembram
De onde vim
Do céu
De Deus
Estou cercado
Por mim mesmo
Pelos meus desejos
Mais profundos
No mundo
Vazio
E aqui dentro
Por dentro
O mundo
Se torna cheio
Bom?
Pode ser
Cercado?
Amparado
Amado
Muito amado
Tão amado
Que chego
a ser
eu

10 novembro, 2008

o meu erro é óbvio?

Algumas vezes julgo as atitudes dos outros
como se eles tivessem consciência de que seus erros são óbvios!
Isso é falta de caridade...
Geralmente as pessoas não erram querendo errar...
Os erros não são tão claros para elas como são pra mim!
Julgar estando do lado de fora é sempre mais fácil...
Hoje o amor exige de mim uma paciência
que, tantas vezes, eu prefiro não ter...
E meu mantra do dia é:
“não julgar,
não julgar, não julgar...”

06 novembro, 2008

o amor e a bagunça de mim...

O amor é livre
se movimenta em lugares
organizados
detesta bagunça
e meu coração
só bagunça
situações
não-resolvidas
sobrepostas
e novamente
sobrepostas
O amor
calmamente
me olha e me diz:
pô cara!
tá difícil andar por aí!
mas o amor é daqueles
que critica
mas apresenta uma proposta
Que tal
pra começar
(ou recomeçar)
fazer uma boa confissão?
Ok amor...
Você venceu!

05 novembro, 2008

Humildade...


Por um membro da Fraternidade Pequena Via

Humildade é andar na verdade, já dizia Santa Teresa de Ávila.
Mas qual é nossa verdade?
Essa é a pergunta que Santa Teresinha nos ensina a responder tão bem:
Somos almas pequenas!
Fomos escolhidos para ser testemunhas da natureza própria do amor que é rebaixar-se.
O que fizemos ou deixamos de fazer para que Deus viesse até nós?
Nada! Nenhuma glória para nós!
Tudo que fazemos de bom é o próprio Deus que nos inspira e nos presenteia com os dons necessários à caridade.
Por melhores que sejam as nossas ações, estaremos sempre de mãos vazias diante dos justos olhos de Deus.
Os méritos de uma linda pintura não são do pequenino pincel,
mas do habilidoso pintor,
que, inclusive, faz o pincel para usá-lo da forma que desejar...

20 outubro, 2008

Palavras que marcam...

"a minha oração é apenas um suspiro
pelo sofrimento de não saber amar..."

14 outubro, 2008

Uma pausa...

"...eu não me lembro mais
quem me deixou assim










hoje eu quero apenas
uma pausa de mil compassos..."

Mas não sei se é preguiça ou desejo de eternidade
Sinceramente, eu não sei...

07 outubro, 2008

Não vejo o amor...

O amor é mesmo simples...
E hoje ele simplesmente me pediu pra ser canal de reconciliação!
É que um amigo chegou falando mal de uma pessoa e ao invés de tentar reverter o sentimento de raiva dele ou, pelo menos, ficar calado, acabei colocando mais lenha na fogueira...
Depois parei pra pensar na besteira que fiz...
E depois percebi que já devo ter feito isso
muitas, muitas, muitas vezes...
O amor é tão simples que, às vezes, passa e eu nem percebo...

10 setembro, 2008

Poder do meu silêncio...

“... as motivações para viver calado,

Muito pouco me são atrativas,

minha carne quer gritar, gritar...


Mas o meu Deus me chama a viver no escondimento

Mesmo sendo o silêncio, tantas vezes para mim,

grande tormento”


Esse é o trecho de uma canção que fiz há uns três anos atrás.

Tenho percebido que ainda vivo muito pouco a proposta do silêncio...

Não concordo que devamos ser pessoas fechadas que nunca se abram com os amigos. Pelo contrário, tenho amigos e falo bastante de mim na presença deles.

Mas algumas vezes conto-lhes coisas que nunca contei pra mim mesmo nem pra Deus...

Inquietações que, se talvez fossem amadurecidas durante um pequeno tempo, poderiam ajudar mais os amigos do que confundi-los.

Às vezes as minhas inquietações assustam meus amigos...

Pelo simples fato de eles não serem Deus e se sentirem na “obrigação” de me darem uma orientação.

Eu preciso tomar mais cuidado, muito mais cuidado!

Eu preciso ser mais silencioso e deixar que as dúvidas também amadureçam minha personalidade...

Eu preciso dar o máximo de mim nas minhas descobertas interiores...

Eu sei que não sei viver sem meus amigos, mas tenho consciência que essa dependência deve ser equilibrada...

Existem muitas respostas que já foram plantadas em mim mesmo e por não me contentar com elas acabo buscando nos amigos aquelas que eu gostaria de ouvir.

A verdade é que, às vezes, eu uso meus amigos para confirmarem a vontade da minha carne!


Tem misericórdia, Senhor!

Ajuda-me a viver o silêncio...

25 agosto, 2008

Eu sou tão pequeno...

“Eu sou tão pequeno, mas posso ser profundo...
Fazer as coisas muito simples, com o maior amor do mundo...”


Sim, posso ser profundo!
Mas não é nada fácil quando me deparo com minha pequenez...
Às vezes a gente tem a sensação que tudo está muito bem...
Quando me sinto assim começo a pensar que cheguei num bom estágio da minha caminhada cristã. Mesmo sem refletir, tomo como verdade que já superei muitas dificuldades e me afasto bastante de quem realmente sou.
Estou dizendo isso porque ontem vivi uma experiência muito simples, mas que me fez olhar pra mim como há um tempo eu não fazia.
O fato é que eu me distraí com outra coisa enquanto alguém conversava comigo e depois a pessoa me perguntou:
- Você prestou atenção no que eu disse? - Eu, mesmo inseguro, insisti em dizer:
- Sim, eu prestei atenção no que você disse!
- Então o que foi que eu disse?
Eu disse umas palavras e pela cara da pessoa não tinha sido nada daquilo que ela tinha falado. Tamanha vergonha eu senti e acabei assumindo que tinha me distraído e não havia prestando atenção no que ela tinha dito. Mas disse num tom de justificativa, como se algo maior tivesse movido minha atenção e como se fosse impossível eu ter me concentrado na conversa por conta dos meus motivos.
A pessoa ficou chateada e com razão!
Apesar dela não ter falado, eu acho que foi mais por conta da minha mentira justificada do que pela minha distração.
Sinto que o que incomoda mais os meus amigos não são as minhas limitações, mas minha arrogância em não assumir minhas limitações...
Seria muito melhor se eu tivesse dito a verdade: “Sim, eu não prestei atenção no que você disse, pois me distraí...”
Pude perceber que minha concepção de amor ainda continua errada...
Penso que amo alguém quando escondo minhas limitações para valorizá-lo!
Esqueço que o amor se alimenta da verdade...
E o meu amor é perfeito e profundo, paradoxalmente no momento em que eu assumo que ele respeita os meus limites...

14 agosto, 2008

Gosto de Céu...

Uma vez perguntaram Dom Luciano o que era o céu...
Ele disse que tinha sonhado que estava escondido atrás de uma árvore no alto de uma colina. De lá ele via muita gente alegre e sorridente, parecia que estavam realmente vivendo em abundância. E ele, “escondido”, se sentia extremante feliz por poder contemplar a gozo daquelas pessoas. Então intuiu: “O céu é assim... é se alegrar com a alegria dos outros, mesmo escondido!”

Dia desses me lembrei dessa história, mesmo tendo vivido uma situação um pouco diferente...
Eu não estava escondido, mas frente a frente com um amigo triste. Sem saber como agir ou o que falar, também fiquei triste.
Cheguei em casa e quis muito fazer alguma coisa por esse amigo. Rezei e chorei...
Comecei a pensar se eu morreria pra que ele fosse feliz...
E para minha surpresa eu vi dentro do meu coração uma coragem estranha...
Me imaginei sendo levado para um cativeiro e quando eu pensava que eu morreria no lugar de outra pessoa eu me alegrava...
Chorei mais ainda...
Acho que foi gosto do céu que eu senti naquela hora...
Depois apaguei a luz e fui dormir tranqüilo, normalmente...
Agora já não sinto toda aquela coragem, mas compreendo que Jesus foi o homem mais livre e feliz desse mundo por que deu a vida pelos seus amigos!

08 agosto, 2008

Aceitar o que é bom...

Tenho percebido que uma das maiores dificuldades do homem moderno é de se permitir ser amado.
Eu tenho uma suspeita do que venha a ser a causa dessa dificuldade...
Além da nossa educação, que conta muito, tenho por mim que é “doloroso” ser amado...
Pra fazer essa experiência, verdadeiramente, nós precisamos compreender que somos frágeis e que necessitamos de ajuda.
Pra mim essa é a melhor definição de “arrependimento” que encontramos na bíblia como um requisito à salvação.
Não se trata de um sentimento de culpa ou remorso continuo, mas de uma disposição em entender que o seu comportamento era o de uma pessoa um tanto ou quanto auto-suficiente, que por achar que podia controlar sua vida acabava se afastando de Deus e das pessoas ao seu redor.
Seres humanos são limitados! Isso é um fato!
E durante toda a nossa vida teremos necessidades uns dos outros.
Penso que a dificuldade de nos deixarmos ajudar pelos amigos mostra muito do nosso relacionamento com Deus.
Acho que é melhor ser “folgado” e “aproveitar” da boa vontade dos outros do que ser orgulhoso e não aceitar a mão de alguém.
O “folgado” terá oportunidade, um dia, de olhar pra trás e perceber o quanto foi amado e assim se converter numa pessoa que também ama.
O orgulhoso não terá essa oportunidade enquanto não experimentar, de fato, a misericórdia dos outros.
Tenho passado por situações que exigem de mim uma humildade, que muitas vezes não tenho, para aceitar ajuda. Começo a perceber que esperdiço o amor de Deus por mim, através dos amigos, cada vez que não aceito a sua ajuda.
Hoje eu sou muito grato a esses amigos, pois me ensinam o que é misericórdia e como ser misericordioso...

28 julho, 2008

Sociedade, reflexo de mim...

Que besteira a minha pensar que a sociedade terá atitudes diferentes das que eu tenho...
E ela está doente...
Então fico pensando no que faço quando estou doente...
Procuro um médico para dar um diagnóstico da minha doença e receitar um tratamento para melhorar minha saúde física, isso quando não sou eu mesmo que ataco os sintomas, tomando remédios sem receita!
Mas que médico consegue relacionar de forma satisfatória a doença com minha vida?
Que médico é capaz de responder a pergunta “Porque desenvolvi essa doença?”?
Não existe uma reflexão profunda das minhas emoções com as minhas doenças...
As vezes, até desconfio que minha garganta está doendo porque estou cheio de trabalho, mas fica por isso mesmo...
Não procuro realmente combater a doença na raiz, na minha raiz...
Não é assim que são tratadas as doenças da sociedade?
Mas aí alguém me perguntaria: Você acha que é possível existir médicos tão competentes a ponto de poder nos ajudar a combater as raízes das nossas doenças?
Eu acho que é possível sim, mas imaginem quantos médicos seriam necessários!
E aí está o ponto chave...
Ficamos tentando arrumar um jeito de criar médicos mirabolantes para curar as doenças da sociedade, e esse se torna o nosso maior desejo até esquecermos o nosso foco inicial: o doente!
A doença se torna o foco...
As discussões são em cima das leis para combater o tráfico e não mais como resgatar o traficante!
Queremos opinar sobre as mulheres que ficam grávidas em estupro, mas não “perdemos” tempo de discutir sobre o estuprador!
A raiz não é o estuprador e seus problemas pessoais?

Não, Renato, cê tá louco?
Esse tipo de tratamento é caro demais...
É doloroso demais porque mexe com coisas pessoais, íntimas, profundas...
Nisso a gente não deve se meter! Cada um cuida da sua vida...
É bem mais fácil falar da doença, que é “impessoal” do que o falar do doente!

Não é isso que acontece nos consultórios?
Mas eu não vou perder a esperança!
Porque se a sociedade reflete a minha doença, também pode refletir minha saúde...
Sei que existe Um desses médicos perfeitos que sabe muito bem sobre as doenças e sabe muito mais sobre os doentes...
E se a sociedade é um reflexo de mim, sei muito bem quem Esse médico deve começar a atender!

17 julho, 2008

O amor é simples mesmo!

Foi uma situação muito simples que me despertou para uma reflexão profunda sobre meus fechamentos. A gente vai vivendo, vivendo e muitas vezes não se dá conta que está se fechando num mundo próprio.
Bom, a
conteceu que participei de um curso de batismo na igreja de Fátima, organizado por pessoas muito simples da comunidade.
Quando cheguei lá e os vi eu julguei que o curso seria uma monotonia total. Mas por que pensei isso?
Me fechei no meu mundo, pensando que eu só poderia me formar nos moldes em que estou acostumado: lendo bons livros, conversando com pessoas que têm curso superior, estudando materiais acadêmicos. Me esqueci completamente que de que Deus revela seus segredos aos pequenos.
Aquela senhora pobre, tão simples e que nunca teve oportunidade de freqüentar uma universidade começou a falar do amor de Deus de uma forma que ninguém nunca me falou. Era um tom que nunca li em livros. As suas palavras eram vivas, provadas numa experiência tão difícil de vida. Já catou lixo na rua pra comer. Estava eu diante de uma verdadeira sabedoria abstraída de uma vida sofrida e dependente de Deus.
Eu realmente sou muito humano mesmo...
E pra eu pensar que sou melhor que os outros basta que eu me distraia um pouquinho com as coisas do mundo...
Sinto que Deus me quer mais perto dessas pessoas simples, talvez por esse meu anseio de ser simples também!
Eu estou com o coração agradecido por que me lembro de uma canção que fiz há um bom tempo que diz assim: “O amor de Deus quebra a minha carne e se peço me faz amar de verdade...”
Isso está acontecendo realmente comigo...
Peço a Deus a simplicidade, e Ele tem me mostrado onde a encontro...
Obrigado Senhor, por tudo isso!

23 junho, 2008

Eu, meus amigos e nada de mim...

Estou assim,
Meio meio
e meio fim

Sem palavras
e falante
Como gelo
e fumegante

Abstrato
e tão cimento
Numa festa
e num convento

Fragmentado
Parado
Cansado
Desafiado

Meus amigos
Desafios
Parece que vou “explodir”...

Mas descobri
Que é só assim
Pra se viver

Minha condição
Ser humano e coração
Ser carne e ser alma
Ser céu e terra
Solidão e comunhão

Busca e buraco
Estado e encontrado
Moleque e velho forte
Bicho grande e filhote

Pequeno, pequeno,
Tão pequeno
Parece que vou sumir...

Mas não é assim?
Importa que Ele cresça e eu diminua...
E que Ele cresça em meus amigos também!

E nada de mim...
Nada de mim...

10 junho, 2008

Dinâmica do Corpo e da Vida...

*Dedico esse post ao meu amigo Thiago Costa!


Sábado!
O relógio desperta!
São 9:00h da manhã...
Não dá pra levantar, A cabeça dói...
Mexo e percebo que a perna dói...
O braço também dói, as costas, o pescoço...
“É melhor esperar um pouco”.
E esperando eu perco a hora...
Acordo às 10:00h.
Um pouco melhor...
Mas às 11:00h as dores voltaram mais forte...
É uma tal de infecção respiratória, acho que causada por alguma bactéria.
Estou muito apegado ao meu corpo!
Eu não sei viver quando ele não atende os meus comandos...
Eu comando:
Pare de doer!
E ele,
Parece que dói mais ainda...


Meu amigo veterinário me explicou a dinâmica do corpo de um animal...
Quando percebem um ser estranho, como bactérias, os anti-corpos liberam uma substância que provoca febre, dor e outros. Tudo isso com a intenção de fazer o corpo parar para se recuperar!
Ou seja, não são as bactérias em si que causam aquela sensação chata de desconforto no início da doença...
Fiquei pensando: Não é assim também a dinâmica da Vida?
Às vezes estamos tão bem, com um “probleminha” tão discreto dentro do coração e então num determinado momento, ele parece que se torna muito maior!
Porque a Vida faz isso com a gente?
Será que tem a intenção de fazer com que paremos tudo para sermos curados?
Me parece que é bem assim que acontece...
Para o corpo me alertar de uma bactéria no meu sistema respiratório foi preciso me fazer ficar com febre...
E tantas vezes tentamos abaixar as febres que a Vida nos oferece sem procurar saber o motivo do alerta!
Eu aprendi na 7ª série: Febre é um bom sinal!
E hoje eu confirmo isso, apesar de não ser nada “gostoso” estar com febre...
Mas quem disse que coisa boa deve ser gostosa?

Pensando mais um pouco vejo que existe uma diferença básica entre ficar doente do corpo e da vida...
É que quando estamos doentes do corpo, precisamos ir ao hospital e esperar para sermos atendidos pelo médico.
Mas quando percebemos que estamos doentes da vida, o Médico dos médicos já está nos esperando há muito tempo...

02 junho, 2008

Sobre a tristeza...

“Com efeito, a tristeza segundo Deus produz arrependimento que leva à salvação e não volta atrás, ao passo que a tristeza segundo o mundo produz a morte.” (2 Cor 7, 10)

Me vejo, em alguns momentos, tentando evitar a tristeza a todo custo. Não faço a distinção entre tristeza segundo Deus e tristeza segundo o mundo. O mundo bem sabe que a tristeza que ele produz, leva a morte! É uma tristeza que não tem cura, é uma tristeza sem nenhuma esperança...
Por isso nos instiga a sempre fugir dela, e nessa fuga, acabo fugindo também da tristeza segundo Deus.

Essa me coloca no meu lugar de criatura/filho dependente do Pai. Tomo consciência de quem realmente sou. E muitas vezes essa constatação é bem diferente do que eu imaginava de mim mesmo ou do que as pessoas pensavam que eu fosse.

Ontem a Verdade me entristeceu...
Mas se isso não tivesse acontecido eu continuaria vivendo num mundo que não existe!
E sinceramente, eu prefiro a realidade...
Eu prefiro suportar a dor da verdade que, com o tempo, passa, do que viver na dor da mentira que, com o tempo, aumenta...

26 abril, 2008

O Bom Granjeiro...

“Era uma vez um galinheiro com galinhas novas e velhas...
As galinhas mais velhas eram mais bonitas, pois eram cheias de penas, então as mais novas desejavam muito ser galinhas velhas...
Uma galinha muito esperta, inventou uma máquina de fazer pena...
As galinhas mais novas logo se interessaram por aquela tecnologia da felicidade...
Bastava comprar as penas e cobrir todo o corpo para a galinha nova parecer uma galinha velha e experiente...
O que a galinha inventora não contou é que na verdade, a máquina de fazer pena não era bem uma máquina de fazer pena...
Mas apenas lavava as penas defeituosas que algumas galinhas velhas tinham abandonado.
Com o passar do tempo as galinhas novas que compraram as penas, ficaram velhas, mas como seus corpos estavam cobertos, as penas autênticas e verdadeiras não tiveram espaço para nascer...
Foi passando o tempo, foi passando e um dia uma coisa triste começou a acontecer...
As penas que foram compradas apodreciam, pois já estavam velhas demais...
Fediam e começavam a cair...
As galinhas velhas ficavam despenadas como galinhas novas...
E agora? O que vamos fazer? Somos velhas demais e nosso corpo já está todo enrugado, assim não poderemos ter penas novas nunca mais!”


Alguém pode me afirmar: Valeu a pena o tempo em que elas tiveram pena!

Será que valeu mesmo?
Será que quando enchemos nosso corpo de penas alheias conseguimos viver verdadeiramente?
E onde é que conseguiremos penas perfeitas senão nascerem de nós mesmos?

Infelizmente tenho percebido, a começar em mim, muitas pessoas que se comportam como essas galinhas que queriam logo ser velhas.
Não têm paciência para esperar o tempo certo de se tornarem uma galinha única, com as penas novas e próprias para o seu corpo que também é único...
Incorporam elementos de outros e com o passar o tempo, o corpo rejeita tudo aquilo...
E quando chega esse momento é doloroso demais...
E agora? O que vou fazer? Será que novas penas vão nascer?
A minha alegria maior é que nossa história pode ter um final feliz...
Não existe tempo algum que impeça os efeitos do arrependimento, do perdão e do “nascer de novo” que Jesus nos oferece!
Simplesmente precisamos reconhecer com humildade, que estamos cheios de penas alheias...
Jesus, o bom pastor e também o bom granjeiro, arranca cada pena velha e com o remédio do amor, toca o local vazio...
Dali nasce pena nova, cheia de vida, cheia de sentido...
Aleluia!

18 abril, 2008

Ser Jesus...

Tenho refletido nas figuras do evangelho que buscam expressar o amor de Deus.
O Pai do filho pródigo, o Bom Pastor são exemplos claros...
Me identificar com o filho pródigo ou com as ovelhas é mais comum, não é mesmo?
Que tal começar a se identificar com a figura do Pai e do Bom Pastor?
Sinto essa pergunta no meu coração...
As vezes ser o filho pródigo ou a ovelha perdida começa a ficar cômodo demais...
Parece que Deus deseja dar um alimento mais sólido...
Ser cristão não é desejar ser Cristo no lugar onde estou inserido na sociedade?
Será que tenho sido Jesus na vida das pessoas?
Jesus se interessa pela vida dos outros e pára pra ouvi-los, ainda que o assunto não seja tão interessante!
De fato tenho amigos que são Jesus pra mim...
Mas eu estava um pouco triste...
Queria que um determinado amigo fosse Jesus pra mim, e ele não foi...
Agora estou ficando feliz...
Estou percebendo que é uma oportunidade de ser Jesus pra ele...

Me ajuda, Senhor!

11 abril, 2008

Plantinha...

Deus é muito bom comigo!
Permite que a plantinha que eu rego todos os dias cresça e dê frutos quando estou longe...
Assim sou poupados dos elogios diretos...
Sou afastado da tentação de me gloriar do feito...

01 abril, 2008

Quão fraco, quão povo de Deus...

Por acaso os sãos precisam de médico?
Essa é a pergunta que consola meu coração neste momento...
É impressionante como sou fraco...
Deus me dá tudo que preciso, mas ainda assim insisto em buscar consolo em coisas que sei que não me saciarão...
Porque isso?!
Ainda não consigo responder esse questionamento com argumentos que brotam do meu interior...
Hoje pra mim, sinceramente, isso é um mistério...
Mistério da minha fraqueza...
Porque diante de tanta graça de Deus eu sou tão infiel!?
E onde buscar forças senão no próprio Deus?
Constante, sempre presente, misericordioso!
Fico me lembrando do povo de Deus, insatisfeito com o maná que o Senhor dava diariamente...
Sou igualzinho, sem tirar nem pôr...
Não será por isso mesmo que faço parte do povo de Deus!?
Doente...
Necessitado do Médico dos médicos...

Reina em mim, Senhor!

31 março, 2008

Sobre liberdade, namoro e sociedade...

Fico pensando...
Na nossa condição de cristãos, até que ponto devemos assumir os “papeis” que a sociedade nos impõe?


De fato, não podemos desprezar o valor que tem os papeis sociais na organização e desenvolvimento de uma sociedade...

O papel “mãe”, por exemplo, serve de um modelo para orientar as mulheres que têm filhos, assim como o papel “pai”, o papel “filho”, o papel “professor” e assim por diante. Dessa forma, não precisamos fazer um esforço muito grande para saber o que devemos fazer quando passamos por algumas dessas situações.


Acho que é natural do ser humano ter algumas referências em sua vida para começar a caminhar rumo a um objetivo, mas penso que referência é referência e não deve ser confundida com o próprio objetivo.

A minha caminhada é para algum lugar, assim “uso” o papel “filho” para chegar lá. O meu objetivo não é ser filho! Mas ser uma pessoa completa!

Quando me disponho a usar das “orientações” que a sociedade faz a cerca de namoro, não quer dizer que devo seguir a risca o papel namorado que ela mostra de alguma forma.
Ontem tive uma conversa bastante produtiva com minha namorada nesse sentido. Percebemos que nos comportamos de forma bem diferente do que algumas pessoas entendem sobre namoro.

A gente não se vê todo dia, por exemplo...
Muitas pessoas estranham fazendo comentários do tipo: “Nossa, nunca vejo vocês juntos...”
Mas porque teríamos de estar sempre juntos?

Pudemos perceber que “estar sempre junto” é uma das características que o papel “namoro” tem, mas que tantas vezes é vazio de sentido! Por fim, depois de conversar um pouco confessamos um ao outro: “Tem dia que não sinto sua falta!”

Como foi bom entender que de alguma forma, estamos começando a nos livrar do modelo de namoro que a sociedade nos impõe! Estamos começando a namorar do nosso jeito...

Esse jeito respeita a nossa essência, os nossos valores, os nossos objetivos comuns.
Esse jeito diz que o namoro não é o fim em si mesmo, é caminho... E como todo caminho é preciso ser caminhado, não dá pra pular etapas...

Acreditamos que um dia desejaremos estar sempre juntos e esse dia será o tempo de nos casarmos...

Por enquanto somos namorados, que para crescerem como namorados precisam de muitas coisas além do namoro! Precisamos nos dedicar à espiritualidade, aos amigos, à família e outros...

Concluímos que podemos viver um namoro livre, que testemunha a liberdade que Jesus conquistou na cruz para o ser humano!

19 março, 2008

Água de mim mesmo...

“A água que afunda a canoa não é a que está do lado de fora!”

Esse ditado resume o sentimento que anda no meu coração nessa manhã...
Muitas vezes eu sofri por esperar mudanças nas pessoas e muitas vezes me decepcionei pois elas não mudaram como eu desejava...
Será que elas realmente deveriam mudar?
Quem sou eu pra saber quem elas são?
Posso dizer que passei muito tempo da minha vida sofrendo, e ainda sofro...
Mas acho que estou aprendendo a sofrer verdadeiramente, sofrer pelo que deve ser sofrido...
Sofrer carregando a minha cruz...
Sofrer para que apenas a graça de Deus me baste com relação ao meu espinho na carne...
Sofrer por desejar mudanças em mim mesmo...
E como é bom sofrer esse sofrimento, que vale a pena, que dá resultado...
Pelo pouquinho que vivi assim, hoje sou um homem muito mais maduro, mas tranqüilo, mais calmo e perseverante diante das situações difíceis da vida.
E nesse sofrimento tenho aprendido que nenhum problema pode ser resolvido enquanto tiver na perspectiva do outro. E não vale a pena sofrer por problemas que estão na perspectiva do outro, não tenho a menor chance de mudar uma realidade que desconheço...
Mas pelo autoconhecimento, posso encontrar a parte de mim e trazer o problema para a perspectiva do eu-pessoal: “O que eu posso fazer?”
E então, é hora do sofrimento necessário...
É hora da minha purificação...
É hora de lutar para me assemelhar com o Cristo, que enxergava todos os problemas na perspectiva dele mesmo!
Isso é uma libertação...
Porque sofrer por algo que nem conheço?
Porque desejar secar a água de todo mar, se posso secar minha canoa?
Obrigado Senhor, estou aprendendo que amar é enxergar o
problema do outro na minha perspectiva e sempre rezar a frase:
“Assim como Jesus, o que eu posso fazer?”

13 março, 2008

O sentido da limitação...

O ser humano é limitado!
Criado a imagem e semelhança de Deus, mas criado!
Não é Deus, não pode realizar tudo que quer...
Acredito que até aqui concordamos em gênero, grau e número. Mas a minha provocação, que se dirige primeiramente a mim, é mais profunda...
É inevitável me deparar com pessoas, como eu, que também são limitadas. Mas o que fazer para que a limitação humana seja a meu favor?
Os limites precisam ser sentidos e terem sentido!
Tentando explicar...
O fato de eu enxergar uma limitação no outro e apontá-la, pode não fazer diferença na vida dele enquanto ele mesmo não se conscientizar, e encontrar sentido nessa limitação.
As dificuldades de alguém percebida por mim, podem dizer muito para mim, mas não necessariamente dirão para quem me mostra.
O que quero expressar com isso tudo é que, muitas vezes, a percepção da limitação do outro é a chave para perceber as minhas próprias limitações.
Penso que para me incomodar com os limites do outro, eu já tenha andando um pouco no meu próprio caminho e então me deparo com tal limite, que talvez seja mais meu do que do outro!
Enquanto que nas vezes que aponto a limitação do outro, eu aponto um caminho que ele, por ele mesmo, precisa percorrer pra verificar se a minha percepção da sua limitação procede.
Hoje, isso faz muito sentido pra mim...
Posso sim, ajudar o próximo mostrando algumas dificuldades dele que eu vejo e, por acaso, ele não, mas penso que isso fará muito mais sentido pra ele, quando fizer, primeiramente, sentido pra mim...
A partir de agora quero sempre me perguntar:
“Em que medida os limites do outro mostram os meus próprios limites?”

12 março, 2008

Continuo refletindo...

  • Por mais que eu saiba que as pessoas não são como eu gostaria, que elas não enxergam como eu, que elas tem limitações, dificuldades... Isso não é suficiente pra me fazer suporta-las e trata-las com caridade! Preciso de algo mais profundo tocando o meu coração, preciso da Caridade maior, preciso do amor de Deus me confortando e me dando um sentido verdadeiro de vida!

  • Infelizmente já julguei muitas pessoas, e não sei se terei oportunidade de reencontrá-las para descobrir quem verdadeiramente são! E pior ainda, muitas vezes não fiquei com esse julgamento só pra mim...

  • Quando eu tiver muita vontade de dizer umas verdades para alguém, a partir de agora, quero primeiramente que esse alguém diga algumas verdades para mim e sobre mim...

11 março, 2008

Reflexões do dia...

  • Ninguém pode decidir por mim a seguir a Cristo. Preciso me disciplinar neste caminho. Essa é a única forma de me libertar...

  • Não posso exigir que as pessoas orem da mesma forma que eu. Não posso exigir que minha república seja um lugar silencioso, do jeito que gosto para orar...

10 março, 2008

Lições do dia...

  • As pessoas não agem em função de mim. Elas, tantas vezes, nem pensam em mim para agirem. Que isso sirva para me libertar da idéia de que algumas delas me perseguem e fazem determinadas coisas para me provocarem....

  • Não é todo mundo capaz de me compreender em tudo que vivo e sinto! Preciso respeitar que alguns podem simplesmente, não se interessarem por quem eu sou verdadeiramente...

  • Minha cruz não é maior que a de ninguém!

Cadê você?

Esses dias tenho refletido bastante sobre os meus relacionamentos. Questionei-me sobre o que realmente preciso numa amizade ou numa relação com o outro. Depois de muito pensar cheguei a numa conclusão que me acalmou: Preciso da sinceridade do outro!
É isso mesmo! Não preciso do ombro dele, não preciso do olhar, não preciso do abraço, não preciso das palavras, o que eu preciso é da sua sinceridade! Esse é o alimento, tão saudável, para o amor...
A maioria dos meus sofrimentos estão ligados a julgamentos que faço sobre determinadas pessoas. Julgamentos que me levam a pensar que não sou amado como eu gostaria. Mas porque encontro espaço para tais pensamentos? Acho que muito se deve a pouca sinceridade do outro, que deixa espaço, para julgamentos desnecessários.
Quando sinto que o outro fala a verdade, mesmo que não seja o que eu gostaria de ouvir, isso, de certa forma, preenche o meu coração e sou colocado numa situação de responsabilidade que favorece o meu amadurecimento. Preciso decidir se vou continuar nesse relacionamento, mesmo sabendo que as coisas não são da forma como penso, assim me torno livre pra decidir. Encontro a minha verdade e a verdade do outro, e posso então, confrontá-las e dali absorver uma outra verdade, mais “verdadeira”.
Às vezes eu me pergunto por que sou contra determinadas formas de relacionamentos, tipo o “ficar” em festas, ou investir muito numa amizade virtual.
Infelizmente estamos “impregnados” do sistema capitalista também nas nossas ações cotidianas, mesmo que não tenha ligações com negociações de produtos!
Começamos a negociar nossos sentimentos, nossas vidas, queremos “vendê-las” e obter lucro, para isso usamos de uma propaganda muito boa sobre nós mesmos, usamos máscaras para atingir esse objetivo.
Por isso penso que as festas são lugares onde, na maioria das vezes, somos muito tentados a passar por melhores do que somos na realidade. Assim também vejo uma amizade construída virtualmente, sem olho no olho, usamos máscaras melhores do que somos na tentativa de conquistar o amor do outro.
Posso estar sendo meio radical, mas é que isso já aconteceu algumas vezes comigo, e hoje tenho tomado bastante cuidado com essas situações.
Pra mim nada substitui uma conversa sincera, daquelas que dá vontade de olhar pra outro lado ao invés de encarar a pessoa que está na nossa frente. Vencer essa barreira é vencer a barreira do orgulho e isso traz muita paz, preenche, completa, plenifica o coração...
É por isso que digo, preciso da sua sinceridade, mais do que qualquer outra coisa!
Preciso que você me diga algumas vezes: “Hoje estou impaciente com você!”
Acho vai ser melhor do que se você ficar fingindo pra me agradar. Preciso da sua sinceridade para amadurecer no conhecimento de mim mesmo e no conhecimento do ser humano...

29 fevereiro, 2008

Uma sincera canção...

não-eu
.
Quando a luz me invade
Clareia o que não quero ver
Sou um ser livre-escolhas
Verdade que move o meu saber

Sabendo, mas como se não
Essência escondida no chão
Terra escura que não quer mudar
Em céu, plenitude esperar e buscar

O que mais posso ter?
Vida, onde encontrar?
Procure no lugar que não é
Fonte de perder o que se quer

No pecado, perco então
Sede perfeição
Água que transborda querer
Querer o que mais quero é viver e viver...

Na escuridão do nada
Parece que reina uma paz
Onde o prazer é o alimento
Amor, palavra mórbida demais

O que mais posso ser?
Vida, onde me encontrar?
Perto de um calor apagado
Perto de um sonho meio fraco

Lá é onde ela está
A me conquistar, mesmo eu tão cá
Querer o que mais quero é também gritar
Tire-me daqui deste lugar

Que não é meu...
Que não sou eu...

17 fevereiro, 2008

Eu e meus "tãos"...

É um medo insistente querendo sair
É também uma vontade de mentir pra mim mesmo
Mas porque fazer isso?

Esqueço que hoje é diferente
Pelo simples fato de eu ter dormido e acordado
Enquanto descanso, Ele trabalha...
E agora os brilhos de ontem estão aqui

Penso tão pouco nessas coisas importantes
Tão simples e tão profundas
Eu sou minha essência e minhas experiências
O eterno que se funde ao meu passado
E me faz vivo
Tão presente
Plenamente...

27 janeiro, 2008

Uma cura maior que a nossa…

Assim como o Senhor tem pensamentos maiores que os nossos, também tem uma cura maior do que aquela que imaginamos ser nossa solução.
Quando o homem cego do evangelho diz pra Jesus que queria ver, ele falava de uma cura externa que tanto almejava, mas ver para Jesus diz respeito à interioridade do homem, primeiramente!
Assim, Jesus não cura a doença, mas cura o doente!
Este é um problema que tenho tantas vezes...
Na minha visão limitada peço a Deus a cura da minha doença que eu vejo tão bem...
Mas não enxergo o meu profundo, não consigo perceber onde está a raiz do problema, e muitas vezes nem faço esforço pra descobrir...
Nesse tempo de terapia, estou entendendo que preciso estar aberto a cura que Deus quer realizar em mim. E não posso medi-la a partir de efeitos externos apenas!
Como sei qual é a melhor aparência que eu deveria ter?
Preciso aceitar que a minha cura interior pode me levar a ter atitudes que até então eu não conhecia como sendo minhas.
Mas estavam guardadas, esperando a hora de se manifestarem.
Da mesma forma, a cura profunda pode me levar a abandonar velhos hábitos que eu tenho tanta certeza de que são meus...
Novamente digo: Precisamos estar abertos às surpresas de Deus...

20 janeiro, 2008

A cura e o seu preceito amor...

Às vezes eu ficava intrigado quando lia nos evangelhos Jesus perguntando para alguns doentes o que gostariam que Ele fizesse...
Mas hoje tenho entendido melhor que o Bom Deus, não fere a nossa liberdade e nos cura quando permitimos que assim Ele faça.
Nos últimos dias tenho experimentado de uma sensação muito boa...
Estou no meio de uma psicoterapia e até agora o que trabalharam comigo foi a minha abertura para a cura. E isso se dá de uma forma muito legal... à medida em que eu me sinto amado e importante!
O tempo todo ouvi que Deus tinha um plano de amor pra mim, que eu era único e especial... E se eu não for o que nasci pra ser, ninguém poderá ser no meu lugar!
As vezes alguém pode perguntar: Mas como alguém pode não querer ser curado?
Isso não é apenas possível como acontece muito frequentemente...
Aí entra a nossa concepção errada de amor...
Como eu disse anteriormente, penso que a principal força que nos abre para a cura é o fato de nos sentirmos amados verdadeira e incondicionalmente!
Quando nossa concepção de amor está muito ligada a outros seres humanos geralmente estar doente se torna uma opção muito aceitável, pois o doente provavelmente terá a atenção de quem ele ama! E é justamente aí que mora nosso grande engano...
Vai chegar um ponto que a atenção e o suposto amor do outro vai passar... e sempre vou precisar de mais, mais e mais...
Dessa forma nunca ficarei curado, pois sempre terei a necessidade de atenção das pessoas que amo...
Mas quando fazemos a experiência do puro e pleno amor, as coisas mudam!
Começamos a enxergar o todo! Deus tem um plano pra gente...
Tem um plano muito mais bonito e feliz do que os que fazemos...
Tem um plano que não envolve somente a gente, mas a todos que amamos...
Isso é muito profundo e libertador!
Não preciso mais me contentar com migalhas, mas posso ter um banquete de amor...
E cada vez que sou curado, mais humano eu fico, e assim mais capaz de me conscientizar da misericórdia do Pai...
Quando olho para a sociedade eu vejo um povo doente. E vejo também a minha grande responsabilidade!
Como as pessoas se abrirão para a cura se não se sentirem amadas incondicionalmente?
Como é que Deus faz para amar as pessoas que ainda não tem uma experiência pessoal com Ele?
Hoje, o que mais me desperta para a cura é o fato de ser amado e assim, filho de Deus, poder ser instrumento de cura e paz para o mundo!

Eu me abro Senhor, e se existir alguma resistência inconsciente em mim, me auxilie com tua preciosa Graça!
Eu quero ser curado!

05 janeiro, 2008

É tempo de esperança...

Não é fácil falar de esperança quando você se depara com tantas limitações...
Mas não existe outro caminho para que aprofundemos a nossa fé se não encararmos a nossa humanidade...
Somos seres que dependem de Deus! Essa é nossa condição e não podemos fugir disso...
E Jesus um dia nos provou que nossa esperança pode ser colocada no Bom Deus, que foi e é capaz de sofrer e morrer pra nos salvar...
Hoje eu olho pra trás e vejo o quanto amadureci em Deus.
Pra isso foi preciso aceitar melhor as dores como parte do meu caminho de santidade...
Existe algo melhor!
E é por essa crença que conseguimos nos lançar no mar desconhecido, ainda que um pouco machucados...
Nossa cura profunda mora no mar profundo...
Sou muito limitado, porque mesmo tendo tantas provas do amor do Pai, eu ainda tenho tanto medo dos seus planos...
Esqueço que os sonhos de Deus, são os sonhos mais profundos do meu coração!

Senhor, apesar do meu medo, eu quero os teus planos!
A minha esperança está em Ti...
Sei que só assim serei eu mesmo e poderei cumprir minha missão nessa terra...
Quero ser Um com os membros do teu Corpo!
Quer ser santo e te deixar fluir na minha vida...
Que a tua Graça me baste!
Obrigado por tudo que tem feito a meu favor...
Obrigado pelos amigos que tem me incentivado nessa busca!