15 maio, 2006

Mais livre?

Um sábio amigo me disse que com o tempo eu entenderia que as pessoas não são aquilo que meu coração deseja que elas sejam, e hoje eu entendi...
Me lembrando sobre o valor das pessoas representados no livro da natureza, como explica Santa Teresinha, vejo que somos também flores na vida uns dos outros.
Pela exuberância dos grandes lírios, tende o meu coração a buscar sempre grandes lírios quando, em vários momentos, precisa da pequenez de uma violeta para se distrair.
Como eu queria ser grande lírio na vida dos meus amigos!
E como pensei que eles me quisessem assim também.
Posso ter sufocado a necessidade que eles tinham de um amigo pra jantar junto (pequena violeta) e eu, na minha inquietude, me apresentei com um amigo para a vida toda (grande lírio).
Seria possível todos os meus amigos serem meus amigos a vida toda?
Não da forma como eu entendia o que é ser amigo a vida toda.
Ser amigo não é necessariamente ser necessário em todos os momentos na vida do outro.
Isso não é amizade, isso é dependência!
Ai meu Deus! Como desejei que meus amigos fossem dependentes de mim, mesmo sabendo as conseqüências de um relacionamento assim, pois já as sofri na pele.
Não acreditava que bastava um “conta comigo!”.
Pensava que a confiança em mim cresceria proporcionalmente ao número de vezes que eu repetisse isso.
Fugi do extremo do “nunca dizer” para o de “dizer demais”. Extremos são perigosos!
Me dói saber que para alguns amigos, ainda estou no extremo do “nunca dizer”...
Com essa revelação também me deparo com as possíveis causas para tal carência e sou convidado à enfrenta-las!
Agora eu entendo por que, por mais que eu dissesse tudo de mim, algumas pessoas pareciam simplesmente não serem atingidas pelo meu amor.
Era simplesmente porque elas não precisavam do todo do meu tudo que eu ansiava em dá-las mais por minha vontade de ser conhecido.
Mas meu amigo precisava sim do meu todo numa parte que ele fosse capaz de assimilá-lo.
Isso não é coisa fácil de fazer!
Ah! O amor realmente é difícil, mas simples.
Não basta a minha vontade de dar amor. Devo também observar se é do “amor” que estou oferecendo que meu amigo necessita.
Espero um dia poder expor isso para meus amigos para que entendam um pouco das atitudes imaturas que tive algumas vezes.
Posso até ter tido consciência da minha amizade sufocante e algumas vezes até pedi desculpa por isso.
Mas hoje é diferente. Não entendo somente que minha amizade era sufocante.
Entendo a visão errada que tinha sobre o que eu mesmo poderia oferecer para os amigos.
Entendo que se um dia eu vier a ser um grande lírio na vida de alguém, não é porque eu o sou necessariamente.
E sim pela sua necessidade própria e visão de mundo.
Estou bem ciente de que Deus pode me usar como um instrumento de santificação, mas vejo o quão fraco é esse instrumento e o quão forte é Quem o maneja.
Pretendo ser, a partir de hoje, o que realmente sou na vida das pessoas. Não quero ser “melhor amigo”, mas amigo que realmente serve nas horas certas!
Ainda que essa hora certa aconteça somente uma vez!
Pela graça, me convencerei que cumpri o meu papel que pode ter sido o de distrair o amigo, assim como as pequenas violetas fazem tão bem nos grandes jardins...
Será que cheguei mais perto da verdade?
Nossa! Estou me sentindo mais livre...

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