30 abril, 2006

Falando a verdade e caçando dons...

É fato comprovado: o amor vive da verdade!
Não adianta esperar que ele cresça longe da verdade, pois isso nunca acontecerá...
Tenho questionado o amar e o dizer a verdade sobre meu irmão, principalmente quando se trata de uma necessidade de exortação.
Sei bem que preciso medir as palavras, mas penso que isso não basta.
E se ele ainda não entende a exortação como uma oportunidade de crescimento?
Estou aprendendo que antes de dizer a verdade sobre um “defeito” do meu próximo, preciso encontrar um dom que Deus o tenha dado.
Assim crio um vínculo maior com a pessoa do meu próximo.
Não serei apenas um exortador e um corredor do risco de confundir dada exortação com minhas vontades próprias.
Mas, se sou um caçador de dons nessa pessoa, sou um seu amante em potencial.
Busco olhar pra ele com os olhos de Deus.
É assim que Deus me enxerga...
Vê, ao mesmo tempo, todos os dons que tenho! Por isso não teme me dizer a verdade, visto que sempre tem um dom pra colocar no lugar daquele mal apontado.
Que eu seja assim:
Um falante da verdade, mas também um caçador de dons!

29 abril, 2006

o amor é livre...

O amor não tem pessoa,
hora,
jeito
e lugar certos para acontecer...
O amor só acontece...
O amor é livre...
E eu ainda o tento prender.
Que bom que ele não aceita!

28 abril, 2006

Terei notícias de um mundo melhor...

Uma homenagem à minha Inteira Amiga.
.
"O que é a distância para dois corações unidos em Cristo?"
(Ana Luísa)
.
Ela se foi...
Se foi pra voltar um dia, se assim Deus quiser!
Se foi pra cumprir sua missão de amar os povos e as vidas perdidas...

Na rodoviária,
Estava ela com duas malas grandes, um sacola de plástico
E um coração leve...

Coração desejo de viver o que nasceu pra viver
Coração na luta contra o comodismo e a desesperança
Coração firme, ainda que em dores, nos propósitos divinos...

Ah se toda despedida fosse assim!
Aquele sorriso sincero não deixou que as lágrimas fossem tristes...
Aquele sorriso puro foi sinal de muita segurança...

Foi pra mergulhar num mar conhecido e tão desconhecido...
Foi pra aprender um pouco mais sobre o amor, a dor e a saudade...
Foi pra transformar o incerto do mundo com sua certeza de querer o céu...

Vai Ana!
Vai ser sal no mundo
Temperar com esse seu jeito
A vida sem sabor dos que não conhecem o Amor

Vai Ana!
Vai ser luz no mundo
Iluminar com seu olhar caridoso
As trevas que se fizeram amigas dos que não têm O sentido...

Aqui eu fico, descobrindo mais o meu caminho...
Caminhando nesse que me ajudou a encontrar
Com suas palavras sábias, seu colo quente e sua paciência santa...

Com o seu ombro amigo,
E seu ouvido compreensivo
Me despertou mais para o amor verdadeiro...
Amor que cai e levanta, mas nunca desiste

Amor sensível como uma flor,
E ao mesmo tempo forte como uma barra de ferro...

O consolo que me resta
É sua própria vida!
Vida que não é mais sua
Vida que não é mais apenas vivida

Pois tem uma meta, um objetivo:
Levar vida!

Vida que leva vida
É pra isso que nasceu!

Posso não ter notícias suas
Seja pela fraqueza humana, seja pelo plano divino
Mas uma certeza eu tenho:
Com a Ana vivendo eu terei notícias de um mundo melhor!

Vivendo pelas metades...

E vou vivendo...
Metade eu e metade outra
coisa...
.
Metade humana que sonha,
Que anda, que corre e que ama
Metade pequena, estreita e de luz
.
Metade divina, da graça e da misericórdia
Cheia de perfeição e criatividade
Metade física e espiritual
Ligadas por colagem celeste
.
Metade forte e fraca na medida certa
Metade busca e inquietação em sintonia
Metade transparente de alegria
Metade carinho
.
Metade cuidado com o próximo
cheia de erros, mas de dons acertos
Metade crítica da própria metade
Que espera e confia na Palavra
.
E vou vivendo...
Metade outra coisa e metade eu...
.
Metade triste, sem vida e pobre
Metade egoísta que tanto teme a morte
Metade afastada, metade ancorada
Em rochas tão enganosas e de areia fina
.
Metade que mata o outro
Metade que inveja e anula a sua felicidade
Metade que não se contenta com ela mesma
Mas vive das alternativas oferecidas por ela mesma
.
Metade distante, tão longe...
Longe da plenitude
Da paz e passagem pura
.
Metade que não respeita
E que enfrenta o mundo para seu conforto
Inimiga da dor e do sofrimento
Surda para a Palavra
.
Na verdade eu não sei se são metades
O que digo e o que sinto...
Pois são tantas
Mas ao mesmo tempo duas...
.
Dois lados que lutam...
Lutam por dominar meu peito
Por dominar meu jeito
E meus sentimentos
.
Lutam pela casa própria
Cada um ao seu modo e à sua visão de morada
Espelhos opostos
Cortados pela agonia do arrependimento
.
Mas a metade de eu mesmo
Parece crescer...
Ainda que não perceba
É dela que escrevo agora.
.
Pois a metade outra coisa
Se acomoda e dorme o dia todo
Vem pra fora por interesse
E não muda seu mundo
.
A metade de eu mesmo
Planeja santidade,
Permite a humildade
E chora...
.
Ri com consciência
De nada ser e de ser amada
De pouco ter e de tudo poder
Naquele!
.
Oh vida vivida e perseguida!
Até quando estarás dividida?
Ainda que pouco reste em mim a metade trevas
Ela continua e continua...
.
Não que eu queira me conformar
Mas eu preciso dominar
Com a metade ou maior parte
Que deve ser a do coração
Hoje eu não sei quem domina...
.
E assim vou vivendo...
Metade eu
Que pelo amor há de crescer
e metade outra coisa
Que por amor há de morrer...

26 abril, 2006

Ciúmes...

Ciúme,
Tão esperado e tão confundido
Tão odiado por mim hoje
Por me fazer tão fechado no que não sou...

Pensei que era o amor
Amor que se importa
Amor que sofre
Amor que deseja bem...

Engano completo
Completo engano
Fui outro que queria felicidade tão somente
Por ela própria...

Egoísta eu não “era”
Até te conhecer em mim!
Hoje sou e como sou
Olho pro lado e só me vejo

Não quero sua companhia
Pelo menos na medida errada da sua presença
Não faço o bem
Não desejo o bem do outro

Se vc estiver ligado com a verdade
Pode ficar!
Mas se for continuar fingindo ser outra coisa
Me deixe!

De mentiras já basta o viver do mundo
De verdades é feito o amor de Deus
É esse que preciso ter
Verdade que sacia eternamente

Vc não se satisfaz
Vive de momentos estranhos
Vive na busca da limitação do outro
Vive tentando agradar seu próprio interesse

Eu te reconheço na minha vida
Mas não te quero
Estou encontrando a sua causa
E certamente vc procurará outro pra ser seu amigo

Espero que um dia vc se renda
Ao amor verdadeiro
Se renda à verdade de que vc
Não deve ser mais do que o bem do outro...
_____________________________________________
.
[Do lat. *zelumen lat. zelus gr. zêlos, 'cuidado'; 'ardor'; 'inveja'; 'ciúme'.]S. m.
1. Sentimento doloroso que as exigências de um amor inquieto, o desejo de posse da pessoa amada, a suspeita ou a certeza de sua infidelidade fazem nascer em alguém; zelos. [Nesta acepç. é m. us. no pl.]
2. Emulação, competição, rivalidade.
3. Despeito invejoso; inveja.
4. Receio de perder alguma coisa; cuidado, zelo: Guardou o retrato com ciúme.
5. Bras. N.E. Bot. Designação comum a arbustos ornamentais, da família das asclepiadáceas, de flores exóticas e aromáticas, vermelhas, róseas, lilás ou violáceas, e cujos frutos têm sementes arredondadas, castanho-claras, de filamentos sedosos, e com propriedades consideradas medicinais; flor-de-seda.
~ V. ciúmes.

25 abril, 2006

A dor que eu pensei não ser minha...

Como dói no meu peito
A dor do meu amigo
Dói mais ainda
Pensar que minha dor é quase desprezível neste momento...

Agora não sou eu que importa
Importa é o coração do amigo
Que dilacerado pelo pecado
Busca refúgio em algo fora de Deus

Não sei o que fazer
Chorar não basta
Chorar é quase desprezível
Amar eu não sei como

Orar,
Talvez orar seja a saída
Talvez orar seja a única saída...

Porque se eu falar
Eu vou chorar
E chorar é quase desprezível
Importa é o coração do amigo

Não devo aumentar sua preocupação
Não conseguirei explicar o porquê do meu choro
E choro sem explicação é melhor ser chorado sozinho...

Sozinho,
Fico sozinho com Deus
Sozinho,
Posso voltar naqueles lugares que fiz questão de me esquecer...

Pensando bem
Essa dor no meu peito ainda não é do meu amigo
Essa dor é minha!
Dor que revive o que sofreu

Dor necessária pra se libertar
E comprovar que a promessa se cumpre


Espero, amigo,
Sofrer sua dor verdadeira
Sem misturar com minhas lutas por não querer enfrentar o passado!

Senhor,
Cuida do meu amigo
Pois eu, só choro...
Choro a dor minha
Dor que já foi sofrida, mas não por completo!

Ver meu amigo sofrer
Posso ver que meu sofrer
Foi tão pequeno...

Que não curou!
Não curou a própria dor...
Que se acaba quando é sofrida com um sentido!

Hoje amigo,
Vc me dá sentido.
Sentido do amor que dói a dor do outro
Sentido do amor que precisa curar a dor própria...

Obrigado amigo!
Oro por vc!

Deus é com e por vc!

Hoje eu não sou quase nada
Além da minha dor
Que eu pensei que fosse sua...

24 abril, 2006

A Perfeição da imperfeição...

Como poderia ter consciência da imperfeição humana se eu não sofresse na pele as conseqüências dela? Hoje louvo a Deus por conviver com pessoas feitas de pó e, assim como eu, imperfeitas.
É pelas suas atitudes que posso refletir e sentir, um pouco, aquilo que os outros sentem em relação a mim, a elas e a eles.
Relacionamento é uma dádiva!
Onde abundam as imperfeições humana, superabunda a perfeição divina.
Quando essa age, já não sei isolar o erro.
Por mais mesquinho que seja o meu gesto, com Deus ele pode ser plenificado e assim assumir uma perfeição até então desconhecida.
Por mais imperfeita que seja a atitude do meu próximo e se eu estou em comunhão com o Amor, sou capaz de extrair de tristes situações ensinamentos para a alma, instrução para o céu.
Como é bom me relacionar! Do contrário não teria oportunidade de conhecer melhor a Deus.
É bom, ainda que de uma forma imperfeita, conhecer a perfeição que está em dar aos outros aquilo que não encontro no outro.
Quanto mais me relaciono com a imperfeição humana de amar, me relaciono com a perfeição Divina que é a fonte do amor!

20 abril, 2006

Compreendendo as exceções...

Tenho aprendido, definitivamente, que o amor não cabe numa regra!
Acho que ele tem muito mais exceções do que tudo...
Por ser totalmente particular a sua necessidade, não há possibilidade de uma generalização a cerca do seu desenvolvimento.
Hoje, olho pra mim, e vejo que muitas vezes sou olhado como uma regra.
As pessoas já sabem, muito bem, o que esperam de mim. Já prevêem as minhas atitudes e meu comportamento.
Mas quem são as pessoas pra acharem que me conhecem tanto?
Então mudo o foco: Que sou eu pra achar que conheço tanto as pessoas e posso esperar delas uma determinada reação à minha ação?
Pois não é diferente, em quase nada, a minha conduta com relação aos meus próximos.
Sofro quando não sou correspondido na minha expectativa.
E na maioria das vezes cobro do outro aquilo que eu faria em seu lugar.
Mas o amor é isso?
Não, não é!
O amor é compreensão!
Por mais esdrúxula que seja a atitude do meu amigo, não tenho o direito de cobrar dele aquela que eu teria na situação analisada.
Posso refletir junto se determinado comportamento condiz com o que ele tem buscado ou com sua verdadeira essência, mas não posso pensar que eu o conheço melhor do que ele mesmo!
É muito doloroso quando ajo de determinada forma e as pessoas não me compreendem.
Buscam em suas experiências o significado das minhas ações e não o encontram, então supõem, em grande parte das vezes, falsas certezas.
Por isso, quero tanto compreender as exceções!
Pra não fazer com que o outro sofra de uma dor que pode não leva-lo a refletir, mas a se fechar cada dia mais.
Se sou constantemente incompreendido, a minha tendência será de me esconder!
Se sou levado a refletir sobre as minhas atitudes e aprender com elas, a minha tendência será me revelar cada vez mais.
Não estou falando do famoso “passar a mão na cabeça”!
Acho que existe uma grande diferença entre o amor e essa maneira triste de abafar os problemas.
Falo sobre compreensão, que não quer dizer concordância total.
Falo sobre olhar pra mim mesmo, perceber minha imperfeição e entender que o outro também tem direito de errar.
Falo sobre o famoso reforço positivo da psicologia!
Falo sobre acreditar que o meu próximo pode mudar, apesar de ter agido “erroneamente”, assim como acredito que eu posso mudar.
Falo sobre amor verdadeiro que se propõe a viver junto a dor do outro, ainda que essa dor seja uma conseqüência de um pecado mortal!
Não compreender as exceções no comportamento do meu próximo muitas vezes é uma fuga do meu coração ao comprometimento que preciso ter nos meus relacionamentos.
A exceção do outro pode me incomodar, muito mais, por ser um convite pra que eu me abra ao novo do que por ser um erro em si!

15 abril, 2006

Todo, nada e o meu sentido...

Nada,
Sempre nada,
Muito nada e quase nada...

Todo,
Pleno todo,
Nele todo e amor todo...

Eu sou assim
Mistura matriz de um todo nada
Mistura pouca de um muito desconhecido

O evangelho é todo nada
Me incomoda e me conforta
Se encaixa no que sou...

Sou um vazio e preenchido
A medida que me esforço pela graça
Vazio do que era e quer voltar
Mas preenchido do que sou na verdade

Nada é o que era e o que ainda sou
Todo é que o sou e o que serei...

Para mim que sou dois, um, todo e nada
Jesus veio!
Para mim que sou nada
Jesus veio!

Para mim que sou todo
Não compreendo que Jesus veio!
Para mim que sou um
Não acredito que Jesus veio!

Para mim que sou dois
Sofro porque Jesus veio!
Para mim que sou nada
Compreendo que Jesus veio!

O meu sentido está em ser nada
Na verdade sendo todo
Todo é Dele e nada é meu

Ser todo Dele e nada meu
É meu sentido
Parece entendido

Mas meu nada não entende
Só quer o todo que o preenche

E o meu todo quer ser dele
Somente dele que o comprou

Se meu todo é nada e meu nada é todo
Sou de todo um nada que busca um todo
Que em nada busca e em todo busca
Que em nada encontra e em todo encontra...

A mudança que muda o mundo...

A dor está aqui
Não sei de onde vem e o que ela quer
Só sei que ela está aqui...

Dor de luz, dor de cruz, dor de amor
Dor de sol e chuva e de sabor incerto
Dor de paixão descontrolada e santa

E o que dizer sobre mim?
Sou o mesmo, não mudo, finjo que mudo
Ou mudo de uma forma que só eu perceba
Ou mudo de um jeito que a quem interessa não vê

Por mais que eu me esforce
Eu não consigo “mudar” e assim
A dor continua, a dor continua...

Uns dizem que sou bom
Mas pra quem eu gostaria de ser não sou
Isso dói simplesmente uma dor grande
Essa não diminui por ter apoio de alguns...

Diante da minha pequenez
Não encontro nenhuma solução
A não ser de viver a cruz e somente viver
Na esperança de mudança

Mudança que posso não ver
Mas mudança plantada
Com suor e lágrima, sol e chuva
E com olhar que não quero olhar...

No fundo é bom não ter crédito
Por mais que eu não mude, eu melhoro
Entendo o outro e amo o outro...
Purifico o meu amor na verdade

Na verdade que foge da minha
Foge do meu controle e do meu desejo
Amor é perder o controle
Amor é perder sempre...

Amor é chorar e calar
Amor é amar e não desistir
Amor é surpresa e chocolate na dor
Amor é amigo e amizade não correspondida

Pelo menos no meu desejo
Sou contrariado e sofro
Mas quem sabe de mim mesmo
Senão o próprio amor e suas várias faces?

Continuo,
Na dor eu persisto
Sinto Algo que me assegura
Algo que me pendura
Algo que não me deixa cair e quebrar os dentes

Algo que sonha em me mostrar sentido
Sentido na dor e no amor
Sentido na luz e nas trevas
Sentido e simples sentido...

Sentir que sou querido de verdade
Mesmo que minha força
Seja tão pequena e vã sozinha...

Sentir que sou amado por inteiro
Mesmo com tantos erros
Mesmo com a barriga feia...

Não será minha busca de amor
Uma forma de querer me contentar
Com aquilo que sou?

Obrigado quem não me entende
Agradeço por estimular minha mudança
A mudança que nunca aparece, mas é certa

Ah! Ela me espera...

No meu acho percebo enfim
Que hoje não posso ser eu
Devo ser eu mudado e experimentado
No amor de dor e consolação incerta

Só assim encontrarei o que procuro
A mudança tão sonhada
A mudança que não satisfará só a quem eu quero bem
Mas a mudança que muda o mundo...

14 abril, 2006

Quem falha, eu ou o amor?

Não tenho tantas experiências...
Não sou conhecedor de vários livros...
Mas pelo todo pouco contato que já tive com as vivências do mundo, não encontrei um amor tão perfeito como o que está presente no Novo Testamento!
Um amor de renúncia, exortação, carinho, compreensão, incondicional e pra todos!
Esse não é o modelo ideal de amor que sempre buscamos?
Eu digo por mim que sim, mas não poucas vezes não acredito que o meu amor pode ser tão perfeito assim.
Então me conformo com minha situação e acabo ficando na metade do amor que existe em mim.
Essa metade, que não é o amor verdadeiro, passa para as pessoas como se fosse um amor inteiro.
Sei bem que, por mim mesmo, não posso oferecer um amor tão perfeito para o meu próximo, mas posso, pelo menos, oferecer um amor que busca ser perfeito.

Tenho aprendido que a perfeição do amor está em sua busca e não na perfeição em si.
O amor não falha! Eu é que falho não acreditando na sua integridade.
É triste constatar que às vezes desculpo minhas atitudes como sendo de amor para com o irmão, mas na verdade desejo beneficiar a mim mesmo.
É triste não acreditar que se dou amor de graça aí é que serei feliz!
É triste perceber que desconfio do amor e me apego ao que posso ver e ouvir.
Parece que o exemplo de Jesus não basta! É estranho...
Qual outro exemplo seria melhor para representar o amor que doa e ganha muito mais senão o de Jesus?
Morreu pelo amor e ressuscitou logo em seguida! Isso é fantástico!
E ressuscitou glorioso e pleno, pois havia cumprido sua missão de amar até a morte, e morte de cruz!
Não será minha missão também amar até a morte, e morte de alguma coisa?
Tenho certeza que sim.
Se Jesus, detentor da verdade, se humilhou e foi o ultimo em tudo e quanto a mim?
Concluo com isso que sou muito falho.
O que não posso é deixar que minha imperfeição freie todo o poder que amor tem por si só.
O meu amor, ainda que morando em casa tão feia, se mirado ao coração do próximo com a intenção de beneficiá-lo será perfeito.
Não por mim, mas pela plenitude da graça salvadora que Jesus já me deu!
Ou não acredito que á medida que busco ser um evangelho vivo e autêntico Jesus passa viver em mim?
O amor não é falho porque não sou eu que o dispenso, mas é o próprio Amor!

09 abril, 2006

Sou responsável pelo que não cativo...

Não acho que o Saint-Exupéry esteja errado na sua bela afirmação de que somos eternamente responsáveis pelos que cativamos, só acho que se Jesus Cristo lesse “O pequeno Príncipe” pregaria: “Se responsabilizar pelo que cativo é o começo para a criação do meu senso de coletividade, ou seja, aos poucos me tornarei responsável não só pelo que cativo...”.
Difícil é ter consciência de que se um irmão no outro lado do mundo sofre por alguma injustiça, eu, que sou um cantador do amor e da justiça, tenho muito a ver com essa situação!
No entanto, em nenhum momento eu o cativei, ou melhor, nem o conheço...
Hoje me proponho a refletir sobre a minha responsabilidade pelos que não gostam de mim, ou seja, pelos que estão próximos à minha pessoa e não se sentem cativados.
O que tenho a ver com eles?
Tudo! Sinto a voz do amor gritando dentro do meu coração...
Dois tipos de amor são bem distintos em minha opinião: o amor afetivo e o efetivo.
O amor afetivo é aquele declarado com gestos ou palavras. São as manifestações diretas de carinho. São os “eu te amo’s” e presentes. Talvez seja o meu CATIVAR numa maior proximidade da palavra com a realidade de hoje.
No amor afetivo tenho a possibilidade do “feed-back”. Posso sentir a resposta daquele que estou cativando. E mesmo que ele não me dê resposta, posso ter a certeza de que está recebendo o meu recado de amor! Caminho numa certa segurança de que os meus atos não estão sendo em vão...
Já o amor efetivo é bem diferente! É um amor que praticamente não tem retorno nenhum. É tipo quando tenho que jogar o lixo na lata com ninguém me olhando...
É fazer sem esperar nada em troca.
É o trabalho dos pais para sustentar os filhos. É defender o seu amigo de comentários injustos ainda que ele não fique sabendo de nada. É ter uma ótima idéia para agradar alguém e passar essa idéia para outra pessoa fazer em seu lugar e receber todos os “méritos”. É orar por uma pessoa que nunca ficará sabendo dessa minha atitude.
Penso que os dois tipos de amor têm suas particularidades, mas nem por isso um tem uma importância maior do que a do outro.
Penso ainda que na questão de amar meus “inimigos” ou ser responsável por aqueles que não cativo devo trabalhar mais com o amor efetivo, não dispensando, é claro, manifestações de carinho ainda que não tenha nenhum retorno.
Pelo menos nas situações que vivo hoje, não acho que manifestar meu amor diretamente por gestos e palavras seria uma coisa que ajudaria no meu relacionamento com aqueles que são indiferentes a mim. Pelo contrário, poderia dar mais razão pra pensarem que faço isso pra conquistar seus corações como faço com as outras pessoas e depois as uso para meu prazer!
Preciso, portanto, amar de um jeito diferente! Amar escondido. Amar de um jeito tal que quando meu “inimigo” se der conta já estará envolvido desse amor.
Não foi assim que Jesus fez? Ou Jesus morreu na cruz só pelos que Ele cativou?

Se sou chamado a imitar Jesus, sou chamado a também morrer pelo meu inimigo...
Parece ser muito duro esse ensinamento, mas não o tenho visto assim!
O amor tem me surpreendido bastante!
Cada dia mais concluo que a solução é viver de verdade os dois maiores mandamentos: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesmo.
É assim que o amor tem se revelado muito mais leve do que eu imaginava...
Sempre pensava que me tornar responsável pelo que cativo fosse algo penoso demais!
Hoje vejo quão enriquecedora é essa missão.
Percebo ainda que tornar responsável pelos meus inimigos não é uma escolha, mas uma conseqüência do amor verdadeiro.
Quanto mais me aprofundo no amor, mas ele me dá tarefas para meu crescimento.
E essas tarefas não são peso, mas pacotes de ensinamentos...
São muito misteriosos os caminhos do amor, mas são revelados na hora certa!
Hoje, meu chamado, é aprender muito com os que discordam de mim. É perceber que se tem coisas em mim que o outro não gosta é porque ou devo “ensina-lo” gostar, se for uma coisa realmente santa, ou preciso mudar minhas atitudes.
Não me refiro a um ensinar insistente com ar de superioridade. Não é isso!
Mas a partir do momento que tomo consciência de que algo é bom pra mim preciso deseja-lo também para o outro, mas sabendo que ele terá um jeito muito diferente de apreender esse algo.
A minha abertura deve estar muito mais ligada ao mostrar que determinada coisa é boa pra mim mesmo do que querer impor que essa mesma coisa seja boa para o outro também.
O que é bom pra alguém deve ser bom pra mim só pelo fato de ser bom pra esse alguém e nada mais...
Ter pessoas que discordam de mim ao meu lado é uma oportunidade única de crescer no amor.
E devo estar bem certo de que são pessoas que não apareceram no meu caminho pra serem somente ajudadas, mas muito mais para me ajudarem.
Daí a minha grande responsabilidade com elas.
Os que não cativo são dádivas na minha formação do amor...
E me lembro de que o amor não se deixa prender pelo meu egoísmo, pois se ele cresce em mim consequentemente ele vai para o outro muito mais rapidamente.

Quero, Senhor, viver os teus mistérios de amor!
Ser fiel no primeiro chamado de te amar sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesmo, e assim descobrir o que tem por detrás desse mandamento que é tão contrário ao que o mundo me prega.
Oro pelos meus inimigos, pessoas que não cativo e pessoas que não se deixam cativar por mim.
Peço-te poder experimentar de situações que agucem o meu desenvolvimento de virtudes como humildade, paciência, alegria no sofrimento.
Agradeço-te por me escolher a também ser “vítima” do seu amor e me indignar cada dia mais com a falta de amor do mundo.
Pois assim tenho sofrido mais e consequentemente apurado o meu sentido para a felicidade.
A felicidade está nas pequenas coisas e o Senhor não cansa de me da-la!
Sinto que a cada tentativa de amar me aproximo mais da simplicidade...
Preciso da tua benção nesta busca!

04 abril, 2006

Sobre a "bela" escravidão...

Onde está a beleza senão nos olhos de quem a vê?
Onde está a beleza de um rato recém nascido?
Mas não foi Deus quem o criou?


É muito triste constatar o quanto sou atingido pela cultura da “bela” aparência.
Quem determina o que é belo?
O mais difícil é perceber que por estar “contaminado” pela ditadura da beleza, sou impedido de amar o meu próximo!
Se o seu rosto não está limpo como procuro deixar o meu, sou atingido por um incômodo egoísta!
Quero que o outro satisfaça a meu padrão de beleza, que por sinal tem sido o padrão do mundo: um padrão inatingível!
Será que em algum momento encontrei uma beleza que atendesse completamente as minhas expectativas?
Estou certo que por conhecer muito bem o homem Deus não permitiria que determinada coisa no mundo fosse detentora da beleza perfeita.
Pois certamente no segundo minuto depois que encontrássemos essa coisa perfeitamente bela seríamos tomados de um sentimento de mesmice e já procuraríamos outra que fosse maior...
Como Deus vê a essência e não a aparência assim quero ver!
Do contrário estou fadado à "bela" escravidão. O mundo foi criado por Deus e simplesmente é belo!
O que é criado pelos homens não detém a beleza plena, se é que detém alguma beleza...
Preciso estar ciente que dinheiro tem sido um indicador de feiúra...

A verdadeira beleza, só o céu conhece!

01 abril, 2006

Eu, a madrugada e minhas amizades...

O amor é simples!
E o que é ser simples?
Fácil e pouco profundo?

O que é a amizade?
Ser amigo é satisfazer desejos do meu próximo?
Ou ser amigo é satisfazer necessidades ainda que doa em mim e/ou no outro?

Hoje, em companhia da madrugada e rondado pelas tentações, reflito sobre as minhas amizades.
Será que são, todas elas, realmente amizades?
Pergunto, também, se elas são simples e se vêm do amor.
A primeira amiga que analiso é a preguiça.
Ela tem me acompanhado há muito tempo e dado vários conselhos nas horas difíceis.
Será que é minha amiga de verdade?
Acho que minha amizade com ela está enfraquecendo, pois tem sido cada vez menos prazeroso seguir os seus ensinamentos.
Ao contrário da paciência que começo a conhecer e me surpreendo tanto com o poder de suas instruções! Não falha!
O ciúme é outro amigo que não está me fazendo bem.
Percebo que cada vez que ele está comigo parece que fico cego, deixo de enxergar a beleza que está em minha volta.
A humildade quer muito se aproximar de mim, mas acho que o meu jeito a afasta.
Tem dias que estou perto dela, e é muito gostoso. Toda felicidade pequenina se transforma em plenitude.
Ela me diz que, se quero me encontrar com as pessoas, devo olhar pro lado ou pra cima, nunca pra baixo.
Olhando pra baixo eu só vejo eu mesmo.
Que instrução!
A Perseverança é outra que gostaria de conhecer mais...
Tenho notícias de que ela é realmente boa e que dá muita força pra seus amigos.
Nos poucos tempos que tive em sua companhia experimentei de uma paz realmente diferente.
Eu desconfio que seja a paz que Jesus disse que deixava com os discípulos.
Como não falar da impureza!
Essa é a mais engraçada e que me dá prazer mais rápido.
Mas ultimamente tenho percebido que depois que ela vai embora tem deixado um sofrimento que não me ensina muita coisa.
Parece um sofrimento seco, que só me larga depois que a impureza volta a ser minha amiga. Realmente tenho estranhado essa amizade. Ela não está me fazendo bem.
Um amigo que tem me ajudado muito é o sofrimento necessário.
Quanto aprendizado!
Ele tem sido meu companheiro quando as amizades ruins vão embora.
Mas dos meus amigos bons ele não se separa.
Vive falando comigo que o amor, com quem amizade mais desejo ter, só se aproximará de mim se tiver disposto a aceita-lo, o sofrimento necessário, de verdade na minha vida.
Confesso que não está sendo fácil, mas estou deixando que ele encontre lugar dentro de mim.
As vezes dói muito, mas quando penso que o amor está se aproximando, me animo outra vez.
A simplicidade é outra que tem me surpreendido a cada dia.
Que facilidade ela tem pra resgatar o sentido das coisas!
Quando começo a filosofar demais, ela me diz: Amigo, busque o significado das coisas dentro de você mesmo.
Por fim, olho para a madrugada. O que dizer dela?
Ela é quem está me deixando fazer essa análise que sinto me trazer algum crescimento.
Mas porque me acordou pra me levar a pensar? Não poderia esperar chegar o amanhã?
Ela está me respondendo que o amor tem pressa.
Agora eu pergunto para a madrugada: Você conhece o amor?
Com um sorriso ela está se despedindo de mim e posso ver o sono vindo lá de longe...
– Não estou te deixando! – Ela grita – Estou simplesmente te mostrando as diversas faces do amor...
A paciência está próxima de mim e diz:
– Calma! Um dia você entende...