29 novembro, 2006

A começar em mim...

Há um tempo atrás li num cartaz da ABU:
“Muitos querem mudar o mundo, mas poucos querem mudar a si mesmos”.
Minha reflexão de hoje caminhará mais ou menos no sentido dessa frase.
Digo mais ou menos porque quero direciona-la especialmente aos cristãos e a formularia da seguinte maneira:
“Muitos cristãos querem revolucionar o mundo, mas esquecem que a revolução proposta por Jesus está no amor que deve ser vivenciado, por cada um, inteira e individualmente”.
A revolução começa dentro de nós mesmos...
Cada vez que me aprofundo no meu auto-conhecimento mais me conscientizo das limitações humanas e me torno “menos capaz” de cobrar alguma coisa dos outros.
Estando mais ciente dos meus limites é mais fácil entender os limites do outro.
Quanto mais critico a mim mesmo, menos critico o outro.
Tenho andando meio triste por ver cristãos caindo no mesmo pecado que tentam denunciar. (me incluo nesses cristãos)
Vejo cristãos querendo combater o julgamento julgando...
Querendo combater a indiferença com mais indiferença...
A falta de amor deixando de amar...
Tenho entendido que para toda situação errada na humanidade cabe uma pergunta que se dirige a mim mesmo:
“O que eu posso fazer pra melhorar essa situação?”.
Criticar, apontar defeitos, dizer o que deveria ser feito é extremamente fácil em comparação com o reconhecimento de que sou, de certa forma, também culpado pelos problemas da humanidade.
Jesus vivia apontando defeitos, mas tinha plena convicção de viver plenamente o amor.
Consciente de que estou dando o meu tudo, estarei apto a apontar o defeito do outro. E não só apontar o defeito, mas apóia-lo para que faça o que precisa fazer.
Quando eu vejo alguém agindo de forma que considero imprópria devo me vigiar para que a exclamação “ele está errado!” não determine as minhas ações.
Penso que essa exclamação deve ser substituída pela interrogação “o que posso fazer para que ele reveja sua atitude?” se é que esteja realmente errada...
Tantas vezes os erros acontecem por faltarem bons exemplos de acertos na nossa sociedade.
Ser cristão não é ser exemplo vivo de Cristo?
Jesus foi exemplo de que?
Jesus ensina errar ou acertar?
Jesus não me ensina a atacar as estruturas, mas me ensina, antes de qualquer coisa, a amar de verdade!
Não é fácil ver alguém agindo de forma tão contrastante com o evangelho e me lembrar que o que devo condenar é a atitude desse alguém e não ele mesmo.
Talvez se antes de eu criticá-lo, tivesse a preocupação de perceber se eu o amo, o mundo seria melhor...
A crítica sem amor, crítica pela crítica, é até pior do que a falta dela...
O fato é que quase sempre existe uma crítica que precisa ser feita a mim mesmo antes de eu procurar o erro do próximo.
E muitas vezes eu vejo que quando me esforço para revolucionar as minhas próprias atitudes nem chego a falar do outro, pois o problema que nos envolve acaba sendo solucionado numa velocidade surpreendente.
Porque qualquer problema da humanidade parece ser maior do que é na verdade quando eu não me dou conta da parte que me cabe na solução dele.
Confesso que para esse texto realmente fazer sentido ele não poderia estar nesse blog, pois quem o escreve não vive nem a metade contrária daquilo que está criticando nos outros cristãos.
Mas desejo, com essa exposição, chamar uma responsabilidade pra minha pessoa e para a sua.
Preciso que você que lê este texto me ajude a viver, vivendo comigo, o título lá de cima:
“A começar em mim...”...

28 novembro, 2006

O que espero de um amigo...

Começo esse texto entendendo que para meus anseios de amizade serem atendidos eu preciso, antes de qualquer outro, seguir os meus próprios conselhos e ser o melhor amigo que puder...

* Espero de um amigo um “Oi, tudo bem?” verdadeiro...

Oi, tudo bem?
Esse é o cumprimento mais comum que existe hoje em dia, no entanto poucas são as pessoas que notam que essa frase é uma interrogação e precisa de uma resposta.
Digo por mim mesmo, quantas vezes eu digo “Oi, tudo bem?” mas pensando que estou dizendo outra coisa do tipo: “Oi, estou com muita pressa!”.
Eu espero que um amigo diga “Oi, tudo bem?” e pelo menos espere que eu diga “Sim, tudo bem!”

* Espero de um amigo um “Oi, tudo bem?” no olhar...

Acho que esperar pela resposta do “Oi, tudo bem?” ainda é pouco para um amigo.
Penso que a linguagem do amor está além do português. Por isso eu posso continuar entendendo “Oi, estou com muita pressa!” mesmo se meu amigo esperar por uma resposta para o seu “Oi, tudo bem?”, mas não demonstrar com seu olhar um interesse por minha pessoa.
Eu tenho muita dificuldade de mostrar quem eu sou quando não SINTO que o outro se interessa realmente por minha vida.
E o verbo é esse mesmo: SENTIR...
Amor a gente sente...
Eu posso dizer mil vezes “Eu te amo!” para uma pessoa, mas se minhas palavras não atingirem o coração dela, serão palavras vazias...
Eu, sinceramente, espero que o “Oi, tudo bem?” do meu amigo atinja meu coração.

* Espero de um amigo um “Oi, tudo bem?” sem cobranças...

As vezes eu entendo o “Oi, tudo bem?” do meu amigo como “De novo vc com essa cara?” e isso é muito ruim!
Já me travo e não consigo falar de verdade o que estou sentido...
Ou então quando o amigo chega cheio de conselhos e nem sequer pergunta o que realmente está acontecendo comigo.
Já me cobro muito mais do que qualquer outra pessoa.
Entendo que existe um jeito de cobrar da pessoa que se ama, mas penso que é extremamente difícil viver bem esse jeito.
Se ele não é acompanhado de lembranças do amigo realmente se importando comigo, a cobrança vira uma cobrança por cobrança e me deixa sem a menor vontade de dizer que eu sou.
.
Pode ser que no meio dessas palavras estejam misturadas minhas carências afetivas e um romantismo exagerado, mas espero poder contribuir mostrando um pouco da minha verdade.
Que Deus nos abençoe e nos instrua no caminho para sermos bons amigos
!

26 novembro, 2006

Silêncio inerente...

Não fuja, não corra
Respira
Sofre o silêncio inerente a ti
Ouve teus gritos interiores
Na alma inquieta
Descobre mais tu mesmo
Vai além do barulho
Descobre Deus
Descobre a vida
Descobre a verdade que não se dá em palavras
Mas sim no fundo da própria essência
Quieta, calma, sem som e sem voz
Ela somente
Pura e desprendida
Conhecedora do céu e das melhores escolhas...

25 novembro, 2006

Corpo estranho

Me sinto e sinto um corpo estranho
Uma sensação de não ter nada pra fazer
Diante de um milhão de coisas que precisam ser feitas

Parece que alguém tocou naquele ponto
Que estava indissolvido dentro de mim
E que enquanto derrete
Me faz um ser expectador de eu mesmo

Em quem será que me transformarei
Após ser temperado por uma parte de mim
Escondida nos confins do meu profundo?

Serei mais eu
Eu sei
Mas incomoda esse tempo de espera
Tempo de incerteza,
Tempo de escolhas que eu não queria fazer
Fazer o que?

Não correr,
Respirar, amar minha condição pobre
Respeitar o processo longo de chegar ao que sou
Viver essa pequena via de se chegar até Deus...

23 novembro, 2006

Eu quero ser santo!

Não dá pra não reparar nas atitudes dos cristãos...
Como pouco se diferem das atitudes mais presentes no mundo:
Desconfiança, julgamento, discussões para impor uma opinião, pagamento com mesma moeda, cobrança exagerada do outro, amor que espera recompensa, dentre outras...
Ser santo não implica ter atitudes santas?
Ter atitudes santas não implica ter atitudes separadas ou diferentes das do mundo?
Sei bem que não é fácil!
Basta olhar pra mim e perceber tanto mal que faço, mesmo não querendo...
Mas uma coisa eu posso afirmar: tenho a santidade como meu projeto de vida!
Quantos cristãos têm a santidade como projeto de vida?!
Pra mim, desejar ser santo é refletir a todo instante sobre as minhas ações e sofrer me arrependendo de cada mal que faço...
Eu disse de cada mal que faço...
Sinto que quando olho pra mim e analiso o que fiz durante o dia, por mais que eu esteja ciente de que não serei forte o suficiente pra mudar radicalmente as minhas atitudes, o meu coração se abre para a graça...
Reconhecer minhas impossibilidades abre minha vida para a graça...
Reconhecer-me criatura, incapaz de fazer qualquer coisa boa, me abre para a graça...
Mas esse reconhecimento tem um custo...
Custa perder tempo na oração e se deparar com “o monstro” que eu sou...
Custa aceitar que a maioria das minhas escolhas foram más por terem sido feitas para suprir um desejo carnal...
Custa entender que por ser escolhido de Deus, não sou o melhor, pelo contrário...
Deus escolhe os fracos pra confundir os fortes...
Custa pensar em Deus todo tempo do meu dia...
Custa ainda morder a língua quando tiver vontade de maldizer alguém...
Custa dar a outra face quando alguém me der uma bofetada...
Custa ficar no prejuízo financeiro e outros mais...
Custam lágrimas, custa choro sincero...
Custa negar a mim mesmo e perder minha vida...
Quantos querem “pagar” esse preço?!
Quantos querem passar por cima das imposições sociais, mas não com uma vontade satisfação própria, e sim olhando as necessidades do próximo?!
Quantos querem ignorar suas vontades de serem aceitos pelos homens e serem eles mesmos?!
Quantos?!
Com muita dor no coração eu digo: Eu quero!
Posso ver a ponta da cruz vindo em minha direção...
Posso sentir certa dor na minha testa, parece ser uma coroa de espinhos...
Posso tocar uns cravos que estão prestes a entrar em minhas mãos e pés...
Vejo chicotes...
Mas posso ver também uma luz diferente...
Diferente de tudo que eu já vi antes, parece que vem acompanhada de uma paz que não se encontra em lugar nenhum do mundo...
Parece que traz consigo uma vida plena, abundante, verdadeira...
Nessa vida não existe prisão...
Tudo é livre, absolutamente livre...
Será que isso é o céu?

Continuo com muita dor no coração, mas reafirmo: Eu quero ser santo!

20 novembro, 2006

Eu vivo...

Ah! Meu amor
Eu não entendo o nosso amor
Vivo e somente vivo
E encontro sentido tão sentido
Numa experiência única
De amar e ser amado

Olhar que acolhe
Sorriso que desperta minha essência
Mãos consoladoras
Perdoadoras de mim distraído
Ainda meio longe do que posso te dar

Abraços que descansam e me levam pra Deus
Palavras que atingem meu peito
Coração dilacerado pela sinceridade
Cortante da tua voz

Como é bom me abandonar ao teu lado
E pelas mãos da Mãe
ser cuidado através de Ti
Num carinho próprio de mulher
Tão menina e tão madura...

17 novembro, 2006

A loucura da diferença...

Hoje quero confessar uma dificuldade que tenho...
É extremamente difícil incentivar as pessoas a serem aquilo que elas devem ser em detrimento da vontade que tenho que elas sejam muito parecidas comigo.
Quando o outro é ele mesmo eu perco uma certa segurança sobre os seus atos. Não posso prevê-los e nem controla-los,
pois são distintos do que eu faria.
Me torno então um ser vulnerável a sucessivas surpresas,
e isso me amedronta...
Não é fácil lidar com a diferença do amigo e aceitar que tantas vezes ele está certo e eu errado nas minhas opiniões.
Não é fácil enfrentar situações de conflito porque dói...
Ser atingido pela diferença do outro dói!
Não ser correspondido na minha expectativa a cerca do outro dói!
Não ser amado do jeito que eu desejo dói...
A minha tendência é de me tornar um ser indiferente, superficial...
Tendo a viver os meus relacionamentos naquele jeito que me agrada ou que estou acostumado.
Não me arrisco! Não quero sofrer...
Mas aí me lembro de uma palavra de Jesus:
“Quem perder a sua vida a encontrará!”.
Respiro fundo e vou...
Com medo, dor, calafrios mas vou...
E nessas vezes que fui não deixei de sofrer,
mas o que ganhei não se explica!
Ganhei a diferença do outro, os problemas, as misérias, mas ganhei os talentos também...
Senti a sensação de que algo me completava...
E senti a sensação de eu completava algo...
E isso é simplesmente indizível!
Liberdade, alegria, choro, paz...
tudo se mistura de uma forma que sinto, verdadeiramente, a vida.
Penso que essa é a vida em abundância que Jesus quer me dá.
Um vida completada pelos talentos alheios...
E a cada novo talento que chega, a vida não é acrescida somente daquela parte que cabe a esse determinado talento...
Mas ele mistura tudo dentro de mim e me transforma de uma forma totalmente nova...
É uma outra vida que se processa no que sou, acrescenta e poda-me.
Passo a ser um novo ser ou passo a ser mais eu mesmo!
Talvez isso tudo seja uma loucura, mas nada no mundo é tão bom como viver nessa loucura.
Agora eu cheguei na parte que queria confessar.
Apesar de toda felicidade que alcanço quando me deixo atingir pela vida do outro, eu ainda me fecho...
Parece que esqueço de tudo...
Que desaprendo, num segundo, a lição da vida...
Insisto em encontrar no prazer da carne o sentido que está na quebra da própria carne...
O que fazer meu Deus?
Neste milésimo de tempo que a tua lucidez perpassa a minha alma eu te dou liberdade pra não me deixar esquecer que é perdendo a minha vida que a ganho...
Se eu não for atingido por Ti, através dos meus relacionamentos, não serei eu mesmo, não serei completo, não serei pleno...
Perderei a chance de viver o céu na Terra...
Que a tua graça, que ultrapassa minhas limitações, não me deixe esquecer disso tudo...

14 novembro, 2006

Vento...

O amor chegou
viveu
morreu
Se enternizou

Do sempre
para o sempre
Me alcançou
feriu

Quase sentado
meio calado
dormiu
em paz
.
*Dedico esse poema ao amigo Rafael Belúzio

08 novembro, 2006

Ao amigo Lelê...

Em meio a choro e dor
Eu sinto Paz
Paradoxo de um amor que aconteceu
E que vive para a eternidade...

06 novembro, 2006

No caminho da Unidade...

Orando e pensando bem...
Cristão que é Cristão deseja a unidade!
Sermos um é uma condição que o próprio Cristo nos indicou para que o mundo creia que o Pai o enviou... (João 17)
E ser um, definitivamente é muito diferente de ser igual!
Cada um é importante na sua individualidade e diferença.
Deus usa das particularidades humanas para falar de Si mesmo, que é a própria verdade.
A plenitude divina está toda em cada homem e, ao mesmo tempo, na unidade deles.
Ser cristão é ser feliz por experimentar a vida abundante que Jesus conquistou na cruz.
E quem sente o gosto da Salvação a deseja também para todos!
Não posso esquecer que o evangelho só será anunciado plenamente a todos a partir da unidade dos cristãos.
Não adianta lutar contra isso!
Eu, católico, preciso da parte que cada presbiteriano tem no corpo de Cristo!
E os evangélicos também precisam dos dons que Deus me deu...
Eu continuo sonhando, mais do que nunca, com católicos e evangélicos vivendo como irmãos e surpreendendo o mundo!
O Espírito Santo já está trabalhando pra nos unir...
Estou sentido...
A Ele a Glória!

Alguma diferença...

Atravesso a rua como sempre
Mas o pensamento está mudado
Vejo cores e transparências
Numa calçada suja
Folhas secas em plantas verdes
Não vejo um medigo
Vejo um homem distante do sentido...