30 outubro, 2006

Lá vai o amor...

Lá vai o amor, feito criança
Tentando morrer para o bem do outro
Se procurando e não se vendo
Perdido numa dimensão alegre
De sensações negadas e tão livres

Lá vai o amor, feito esperança
Alcançando o lugar do pobre
Gastando até o que não tem
Sendo perfeito à própria vida
Que se perde e ganha sem sentir...

Lá vai o amor, desenfreado na doação
Na não correspondência
Na vontade e na entrega ao divino
Chorando sua pequenez
E ao mesmo tempo amando-a

Lá vai o amor
Indo e vindo
Voltando maior
Forte, puro e Luz
Me atingindo e abastecendo novamente...

27 outubro, 2006

Pensando bem...

Hoje eu não tô pra leitura
Tô pra um bate papo
Daqueles informais
Que te deixam sem entender a vida
Que te levam a mergulhar num magma de ti mesmo
Que revelam cansaço e descanso de uma forma tão sutil
Que quase não se fala
E quase não se cala diante da escuridão profunda
Refletida no olhar minimalista
E sereno de sonhos cheios de mesmices próprias
Mas no coração, grita sem se ouvir
A voz do alto, da essência
Eu escuto nesse tipo de papo?
Num papo que se diz furado
E tão mais tampado e claro que algumas leituras
Pensando bem
Hoje eu preciso ler um pouco
Hoje eu preciso orar sem fim...

20 outubro, 2006

Deus é insubstituível...

Hoje estou percebendo que nada pode substituir meu relacionamento com Deus...
Posso ser a pessoa mais sensata e responsável na difusão do evangelho, mas isso não é o que me faz ser realmente um imitador de Cristo.
Jesus, apesar de todos os seus afazeres, não abria mão da sua oração.
Sempre arrumava um jeito de ficar a sós com Deus...
Oro sim através das minhas obras, mas desde que elas não sejam desculpa para que eu deixe de “enfrentar” a mim mesmo num diálogo profundo com Deus.
E diálogo requer tempo a sós...

10 outubro, 2006

Doses de remédio

As poesias são como doses de remédio
Às vezes curam a dor
E até conversam com a ferida
Mas tantas outras apenas aliviam
Uma vontade diferente
Que não se explica e não se entende
E continuam na esperança
De serem encontradas
Pelo Médico perfeito...

09 outubro, 2006

Certeza tão incerta...

Deus é a certeza que me causa incerteza...
Tudo o que tinha por mais seguro nesta terra parece se dissolver com o poder do amor.
Ele transforma-me por dentro ao mesmo tempo que transforma o que está em minha volta.
Sou impelido a enxergar de maneira tão nova que não compreendo como tudo foi recriado.
Ah! O amor tem o poder de restaurar a criação.
Me dá um entendimento totalmente inusitado e que jamais poderia tê-lo na minha forma tão pequena de ver o mundo.
Quanta surpresa!
Quanta certeza e incerteza!

07 outubro, 2006

Braços da compaixão...

Eu realmente sou um ser que sente e não consegue se expressar...
Erro quando sinto a dor do outro e de lá não consigo sair...
Caído é difícil ajudar alguém...
Sentir não é tudo que preciso...
Preciso sentir amorosamente...
Numa disposição interior de firmeza...
Ainda que a compaixão tenha braços que me chamam a deitar, ela também tem braços de vida, de ação, de morte de mim mesmo numa procura do bem efetivo do outro e num olhar voltado para o Senhor de todas as coisas, soberano, Deus de milagres...
Os braços de deitar da compaixão significam humilhar-me, chegar ao chão de minha alma e no profundo do outro, mas eu os confundo com minha tendência de cair e me esconder...
Muitas vezes eu me escondo na dor do outro...
Eu perco a oportunidade de fazer a tão sonhada caridade...
Que vive equilibrada entre os braços da compaixão...

05 outubro, 2006

Por detrás da “realidade”...

E o que dizer sobre o que não vejo?
Além dos seus complexos desejos
A dor, o medo
Crosta formada por ninguém
Ninguém que mata
Que se vende
Ninguém que se alimenta
E se veste de sociedade
Que costumam chamar realidade
Mas de verdade
É apenas a vontade de ser

Ser fantástico, impensável
Intragável ou diferente
Fruto da mente
Tão demente
Incapaz de imaginar o amor
Que vive de pobreza interior
Fraqueza de Nietszche
Aguda bondade
Perdida nas amargas ilusões
Das palhas secas do que é

Cheiro bom vencido
Pelo pecado corrido
Veneno de vida alheia
Benefícios desviados
Noites mal dormidas
Obesa consciência e vassoura que varre
Ajuntando um lixo
Que pode ser eliminado
Num só sopro, fala, olhar simples
Tão grande, amante, luz que se nega
Distinto à sua roupa:
Deus como tal.

03 outubro, 2006

Eu busco o amor...

Eu busco o amor
E nesse caminho me perco
Me envelheço num cansaço desejado
Numa complexidade tão intensa
Que age além de mim

E exala o cheiro de simples
Essencial de criatura
Talvez o próprio amor
Ou uma porção tão pequena
Do que eu imaginava que fosse

Pra não me assustar
E me chamar a ser mais
Muito mais longe do que meus sentidos
Mais até do que penso que seja a morte...