29 janeiro, 2007

Entre a privacidade e o egoísmo...

O que deve ser privacidade para um cristão?

Posso “esconder” minha vida sabendo que ela não é minha?

De fato algumas vezes Jesus requereu uma certa privacidade, mas essas vezes em que Ele fugiu para um lugar escondido carregavam em si um propósito extremamente santo: estar com o Pai.
Olhando para mim e para outros cristãos constato uma grande dificuldade em estar “disponíveis” para outras pessoas como Jesus sempre esteve. Não estou dizendo que sempre temos que abdicar dos nossos planos para atender as expectativas das pessoas.
O que observo é que muitas vezes nem damos oportunidade das pessoas nos revelarem as suas necessidades. Com a justificativa da privacidade nos fechamos de uma forma condenável aos olhos da Perfeição.
Sei bem que precisamos de algumas reservas, não dá pra expor toda minha vida para todas as pessoas. O que não posso esquecer é que, como tantas coisas que não sei, sou impossibilitado de saber se alguém precisa ou não dos meus dons apenas com uma análise superficial. Se eu não me “sacrificar” para deixar alguém entrar na minha casa, não compreenderei em que posso ser-lhe útil.
Quero com este texto trazer uma provocação pra mim mesmo e para quem o lê:

O que Deus pensa de mim quando vejo alguém que não me simpatizo muito e mudo de lado na rua?

Sou cristão quando bloqueio um amigo no MSN porque o papo com ele é meio chato?

Como Jesus agiria nessas situações?

A palavra de Deus me revela que não sou dono da minha vida e por isso não tenho o direito de escondê-la. Tenho sim o direito à privacidade, mas desde que essa privacidade seja para promover meu encontro com o Pai e assim ser melhor para mim mesmo e para os outros que necessitam dos meus talentos.
Provavelmente não será amanhã que conseguirei realizar plenamente toda essa santidade que estou propondo, mas preciso fazer dela um projeto de vida, caso contrário, não devo ser chamado cristão.
Privacidade sim, egoísmo não!

17 janeiro, 2007

Meu avô e o céu...

Esses teus olhos
Faziam jus à cor
Céu é o que eu via
Quando te via

Era bom chegar perto
Te sentir interessado
na minha semelhança com Deus

Era o amor latente
nas tuas mãos cansadas
de um trabalho duro
para muita gente abrigar

E quando nelas tinhas Jesus
Era fácil sentir tua comunicação
Com o lugar onde agora estás

O céu celebra o exemplo de cristão
Que foste pra nós
Uma esposa
Sete filhos
Quinze netos
Quatro bisnetos
que amam...
Ou pelo menos buscam amar como o senhor...

10 janeiro, 2007

Generosidade invencível...

Uma vez recebi um recado de minha Mãe que jamais esquecerei. Era, de fato, mais uma confirmação do chamado a viver a santidade. O recado era o seguinte: “Deus não se deixa vencer em generosidade!”
Hoje essa frase está tendo um significado bem diferente pra mim. Aliás, acho que o entendimento de generosidade é que está mudado. Sempre relacionei essa palavra com altruísmo, ou seja, ser generoso pra mim era fazer o bem para as pessoas. Dessa forma eu viveria “plenamente” a perda da minha vida e responderia ao chamado de seguir Jesus. Mas existe uma outra palavra de Jesus que diz: “Ame o teu próximo como a ti mesmo”. Como amar a mim mesmo?
Agora consigo conciliar o “perder a minha vida” e o “ amar a mim mesmo”, que era tão difícil de entrar na minha cabeça. Perder a minha vida não quer dizer anular a minha personalidade! Pelo contrário, quando perco a minha vida em Deus é que encontro realmente quem sou. Está aí o grande segredo: Quando me abandono em Jesus, perco a minha vida e a encontro...
Encontro a minha personalidade própria e única criada à imagem e semelhança de Deus. É amando essa personalidade que amarei verdadeiramente os meus irmãos. Parece obvio isso né?! Mas pra mim tem sido uma descoberta de verdade e grande libertação.
Não é difícil encontrar no meu coração um desejo de me doar ao próximo. Mas o que tenho constatado é que esse desejo, se não bem trabalhado, pode me afastar do propósito de santidade. Quando eu me dôo ao próximo e ao mesmo tempo fujo das situações adversas do meu interior eu não me desenvolvo na perfeição que tanto sonho. Quando meu amor ao próximo é uma desculpa para não encarar minha essência e reconhecer meus limites, na verdade, eu encontro a minha vida. Na minha condição humana, sem a Graça, busco dar um sentido pra minha vida. Esqueço que dessa forma apenas perdê-la-ei como Jesus bem me alertou. Mas o que isso tem a ver com generosidade?
Como mencionei que estou redescobrindo o sentido de amar a mim mesmo também estou descobrindo um novo jeito de ser generoso. Tenho percebido, há um certo tempo, que sou muito pouco generoso comigo mesmo. Tantas vezes sinto gosto ao ouvir os meus amigos falando de suas dificuldades e poder assim, de alguma forma, ajuda-los. Mas olhando pra mim, enxerguei uma enorme dificuldade de falar para meus amigos sobre minhas dificuldades. Vi uma falta de generosidade para comigo mesmo e essa falta de amor próprio está prejudicando no meu encontro com a verdade.
Antes de prosseguir quero fazer uma distinção entre duas dificuldades. Tenho aquelas que até gosto de falar delas, e às vezes, falo até demais. Mas existem aquelas dificuldades profundas, que me fazem sentir vergonha e dessas eu não gosto de falar.
Resolvi fazer uma experiência de falar algumas dificuldades para um amigo. Resolvi ser generoso comigo mesmo. Tamanha foi minha surpresa, pois o ato de falar daquele problema já me trouxe tamanho alívio, mas como disse minha Mãe, Deus não se deixa vencer em generosidade. Se fui generoso comigo compartilhando e amenizando a minha dor com um amigo, Deus não se tardou em sarar a minha dor de um jeito totalmente inimaginável, mas plenamente ordinário. Isso não é uma generosidade maior e “extraordinária”?
De fato, ser generoso comigo mesmo é mais difícil do que eu pensava, mas como toda dificuldade que encontro no caminho da santidade pode ser simplesmente vencida pela Graça bem mais generosa de Deus...